Em
www.glocalyouth.net/eng/stampa.php?id_studio=84%20-2021k informa-se que a vida
do indiano é dividida em quatro fases, que ilustram bem a sua procura de
conhecimento de aperfeiçoamento espiritual: A infância. A juventude
(completamente dedicada aos estudos). O tempo de se constituir família (pela
tradição o casamento é arranjado pelos pais, mas esta tradição está caindo em
desuso com os tempos modernos). A velhice (dedicação à realização espiritual).
No nosso país, a
liberdade de escolha dos próprios caminhos é quase absoluta, gerando alguns
problemas.
Por exemplo, há casos
de ingresso em carreiras como a da Magistratura de pessoas extremamente jovens
e, portanto, com pouca vivência profissional e pouca experiência de vida.
Quanto a mim, passei
no concurso para a Magistratura mineira aos 32 anos e percebi logo que, apesar
de ter sido aprovado em 2º lugar, faltava-me conhecimento jurídico,
principalmente na área cível, e me sentia ainda “verde” profissionalmente e,
inclusive, como pessoa, mesmo tendo trabalhado anteriormente por mais de 5 anos
como Promotor de Justiça Estadual.
O trabalho do Juiz
exige não só muito conhecimento jurídico como também maturidade, o que,
normalmente, adquire-se somente com a experiência de vida.
A PEC 260/2008, que
prevê a elevação do tempo de prática forense para 10 anos e o estabelecimento
de uma idade mínima de 35 anos para ingresso na Magistratura, tem encontrado
muita resistência, principalmente dos candidatos aos concursos.
Todavia, tenho para
mim que trata-se de exigência que, apesar de contrariar o interesse da maioria
dos concursandos, atende ao interesse público, que deve sobrepor-se ao
primeiro.
Apenas acho injusto
que a PEC queira obrigar os futuros juízes e juízas a passar obrigatoriamente
pela Advocacia, uma vez que não representa ela a única forma de alguém adquirir
boa vivência forense, o que acontece também quando se ocupa determinados
cargos, como de Delegado de Polícia, Defensor Público, Escrivão, Promotor de Justiça
etc.
Como se sabe, por
volta dos 35 anos ingressamos na chamada meia-idade, que vai até mais ou menos
os 55 anos.
Nesse período, as
pessoas são praticamente levadas a reflexões importantes sobre a vida que
viveram até então. Se, anteriormente, eram praticamente impulsionadas para a
sobrevivência, agora passam a questionar-se sobre sua própria espiritualidade.
Na Índia tradicional,
a quarta fase acima mencionada começa por volta dos 50 anos.
Com o ingresso na
Magistratura aos 35 anos ou mais, o juiz ou a juíza já passaram para uma fase
de mais relevante maturidade, o que lhes dá uma visão mais aprofundada da vida,
dos problemas humanos, do Direito e da Justiça.
O vigor físico
diminui naturalmente com o passar do tempo, mas nossa profissão não tem nada a
ver diretamente com a força muscular, apesar de ser extremamente desejável que
pratiquemos esportes a vida inteira, como todo mundo deve fazê-lo.
É preciso
aperfeiçoar-se o Judiciário, começando pela seleção de Magistrados, como,
aliás, deve-se proceder em todas as demais profissões.
Os Juízes não podem
ser meros prolatores em massa de sentenças e despachos, mas sim homens e
mulheres reflexivos e maduros, inclusive pelo cultivo da espiritualidade sob
qualquer das formas de sua preferência e simpatia.
Faço torcida pela
aprovação da mudança, com a ressalva apontada.
*
Luiz Guilherme Marques, Juiz de Direito da 2ª Vara Cível de Juiz de Fora (MG).