Economia

Interrogações e Crise Financeira

Interrogações e Crise Financeira

 

 

Antônio Lopes de Sá*

 

 

Quando precisamos encontrar a verdade sobre os fatos muito nos ajudam as interrogações.

 

Formulo algumas que permitirão ao leitor compor a sua própria razão, diante de controvérsias que têm surgido.

 

Nesse torvelinho da crise financeira internacional sem dúvida existe “causa” e sobre isso não é preciso questionar.

 

É princípio lógico, todavia, ao ver um efeito, ou seja, uma coisa acontecendo, procurar saber o que a motivou.

 

A primeira pergunta, pois, natural é: “uma crise se produz ao longo do tempo ou surge do dia para a noite”? “É possível que uma eclosão de dezenas de trilhões de dólares (como a imprensa noticia) apareça como se nascesse do nada”?

 

A presente convulsão já estava em curso há algum tempo? Tornou-se evidente nas Bolsas?

 

A segunda é a seguinte: “é racional alguém investir na Bolsa sem saber no que está aplicando”?

 

A terceira, decorrente é: “existem analistas nas Bolsas que recomendam investimentos”?

 

E complementando: “Em que se baseiam esses analistas”?

 

A quarta naturalmente é “porque se mandam balanços para as Bolsas”? São úteis? São fontes de referências informativas? São obrigatoriamente auditados?

 

“Se não servem para orientar por que são requeridos, auditados e controlados pelo governo?”

 

“Por que existe todo esse milionário complexo”?

 

“Balanços verdadeiros ensejam investimentos errados?” “Se errados podem ensejar um colapso?”

 

A quinta é óbvia: “Foi nos Estados Unidos que a crise eclodiu”?

 

“Essa é a primeira convulsão bursátil que acontece nos Estados Unidos”? “Ou está virando hábito”?

 

A sexta: “Naquele País existem normas contábeis há mais de meio século”?

 

“As ditas Normas Internacionais de Contabilidade têm por base as que existiam nos Estados Unidos? Ou são totalmente diferentes”?

 

A sétima: “Os Contadores são obrigados a seguir as Normas por imposição de entidades e coerção estatal”?

 

“Mesmo reconhecendo que as normas estão erradas são eles obrigados a cumpri-las”?

 

Cabem ainda algumas interrogações conclusivas: “1) se investimentos se baseiam em informações, 2) se são exigidos balanços e auditorias para poder informar, 3) se os balanços são feitos de acordo com as normas e os contadores são obrigados a segui-las, 4) se a crise derivou-se de uma engenharia financeira que fantasiou situações com influências patrimoniais e estas não foram evidenciadas de modo a resguardar os investidores, quem está errado na questão?”

 

Quem ensejou informação errada? Quem fez as normas? São os autores delas os maiores intelectuais da Contabilidade assim reconhecidos comprovadamente? São grandes cientistas? Você, leitor, já aprovou alguma? Que percentual de colegas aprovou as normas nessa nossa comunidade de milhões de profissionais?

 

O emérito diretor do Instituto Francês de Gestão Empresarial, de Lyon, esta a mais importante cidade do interior da França, editou no “Le Monde”, jornal de fama, um artigo sob o título “Mercados Financeiros: os efeitos perversos da transparência”; não fez perguntas, mas o autor ensejou inferências de que as ditas normas foram incompetentes para denunciar a crise antes que esta sucedesse.

 

Na maior revista de economia dos Estados Unidos, um dos mais conceituados analistas escreveu um artigo sarcástico: “Alice no país das maravilhas contábeis”…

 

Agora leio noticiado pela credenciada agência Reuters, de Bruxelas, que o órgão que normaliza – o IASB – (cuja competência foi questionada pela entidade que representa a ordem dos Contadores de Portugal) vai voltar atrás “flexibilizando” para os bancos as Normas sobre o Valor dito Justo…

 

Isso enseja adicionalmente perguntar: “Voltar atrás significa reconhecer que se fez errado”? “Ou é prova de que pressões funcionam”? “Ou será mais um ensejo de produzir outros dados enganosos”? “Ou será que não são os normatizadores verdadeiros conhecedores do assunto”?

Vários credenciados intelectuais, esses que em suas vidas comprovaram capacidade inequívoca, manifestam-se insatisfeitos com o regime atualmente imposto.

 

Razoável é, pois, fazer as interrogações que aqui são apresentadas; os leitores, certamente, com boa vontade, isenção de ânimos e amor á verdade encontrarão as respostas, pois, a minha opinião já bem a conhecem (basta recorrer a minha página www.lopesdesa.com.br).

 

 

* Nível Superior Máximo: Doutor em Letras, honoris causa, pela Samuel Benjamin Thomas University, de Londres , Inglaterra, 1999. Doutor em Ciências Contábeis pela Faculdade Nacional de Ciências Econômicas da Universidade do Brasil, Rio de Janeiro, 1964.

 

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Como citar e referenciar este artigo:
SÁ, Antônio Lopes de. Interrogações e Crise Financeira. Florianópolis: Portal Jurídico Investidura, 2008. Disponível em: https://investidura.com.br/artigos/economia/interrogacoes-e-crise-financeira/ Acesso em: 06 out. 2024