Dólar americano e Coca-Cola são marcas de fábrica.
Ricardo Bergamini*
“Com trinta e dois ministérios não haverá reunião, mas sim comício”. (Ricardo Bergamini)
Na indústria do dinheiro, tal como na dos refrigerantes, ocorre superprodução. Nesta última, qualquer firma que aumente sua produção com muita rapidez talvez tenha que reduzir seus preços para não ver suas latas e garrafas encalhadas nas prateleiras dos supermercados. No caso do dinheiro, a superprodução leva a aumentos nos preços, pois os bancos centrais podem produzir o dinheiro, mas não podem obrigar as pessoas a guardá-lo. Assim, quando se produz dinheiro demais, as pessoas podem passar da moeda nacional para os bens – ou para outras marcas de dinheiro.
As autoridades freqüentemente tomam providências mais diretas do que a embalagem para acentuar a procura, pelo investidor, da marca nacional de valores mobiliários. A maioria dos Governos estipula que somente a moeda nacional é a moeda de curso legal dentro das suas fronteiras – o coletor nacional de impostos não aceitará pagamento em moedas estrangeiras. Os Ministros da Fazenda e Secretários do Tesouro “chamam a atenção” para a marca nacional agitando a bandeira. Mas, quando a abordagem voluntária se mostra inadequada, muitas vezes se usam medidas compulsórias, e as compras de moedas e valores mobiliários denominados em moedas estrangeiras podem ser tributadas, licenciadas ou, sob outros aspectos, regulamentadas.
O contraste entre o número de marcas de fábrica de dinheiro – mais de cem – e de automóveis, aviões a jato e computadores é forte. Enquanto quase todos os países têm sua própria fábrica de moeda, a maioria importa seus aviões a jato, seus computadores e demais produtos de alta tecnologia. Então por que quase todos os países insistem em produzir seu próprio dinheiro? Uma razão pode ser as de que ninguém vê qualquer custo em ter uma moeda nacional. Mas, para a maioria dos países, a decisão de ter uma moeda nacional eleva a taxa de juros dos seus empréstimos internos. Assim, é claro que o fato de ter uma moeda nacional coloca as firmas nesses países numa desvantagem de custos no mercado internacional, pois os investidores interessados em futuras mudanças na taxa de câmbio exigirão uma taxa de juro mais alta para estocar ativos denominados na moeda nacional.
Durante os últimos cinqüenta anos, os ativos denominados em dólares americanos têm estado no alto da parada de sucessos das marcas de fábrica. Por outro lado, as moedas que têm sido mais ou menos sujeitas a desvalorizações contínuas estão em colocação baixa na parada de sucessos. Por isso, e somente por isso, a dívida pública americana é financiada ao custo de 1,25% ao ano e o Real na faixa de 45% ao ano, como ocorreu no ano de 2002. Tendo a “base monetária” migrado de R$ 17,3 bilhões em 1994 para R$ 62,0 bilhões em 2002. Variação de 258,38% em relação ao ano de 1994, mostrando que o governo vem paulatinamente monetizando a dívida pública.
Para finalizar cabe apenas ressaltar que os Estados Unidos, justificando sua grandiosidade como nação, reconhece viver uma crise sem precedentes em sua história econômica. Enquanto isso no “Acampamento de Refugiados Chamado Brasil” somos obrigados a ouvir diariamente e exaustivamente que os fundamentos da nossa economia são sólidos.
Haja saco e muita paciência!!!!
* Economista, formado em 1974 pela Faculdade Candido Mendes no Rio de Janeiro, com cursos de extensão em Engenharia Econômica pela UFRJ, no período de 1974/1976, e MBA Executivo em Finanças pelo IBMEC/RJ, no período de1988/1989. Membro da área internacional do Lloyds Bank (Rio de Janeiro e Citibank (Nova York e Rio de Janeiro). Exerceu diversos cargos executivos, na área financeira em empresas como Cosigua – Nuclebrás – Multifrabril – IESA Desde de 1996 reside em Florianópolis onde atua como consultor de empresas e palestrante, assessorando empresas da região sul.
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