Economia

Crise cambial brasileira: Um crime sem perdão

Crise cambial brasileira: Um crime sem perdão

 

 

Ricardo Bergamini*

 

 

“Os países mais frágeis são escoadouros naturais dos problemas dos países mais fortes”.(Ricardo Bergamini).

 

 

 

As finanças internacionais são um jogo com dois grupos de jogadores – os políticos e burocratas nos governos nacionais e os presidentes e tesoureiros das firmas gigantescas, grandes, médias e pequenas. Os funcionários do governo desejam vencer eleições e garantir um lugar seguro na história dos seus países. Os presidentes e tesoureiros das sociedades anônimas querem auferir lucros – ou pelo menos evitar perdas.

 

As firmas e os indivíduos disputam seu próprio jogo contra o pano de fundo dos valores em modificação das moedas nacionais Tomam empréstimos em moedas cujo preço esperam que caiam e fazem empréstimo em moedas que esperam que subam. Alguns administradores argutos ganharam milhões de dólares antecipando, corretamente, as mudanças nas taxas de câmbio.

 

A exportação de problemas nacionais, nos países desenvolvidos, é uma forma clássica de comportamento internacional. Votos estrangeiros não contam em eleições nacionais. Os custos políticos de providências internas que poderiam resolver um problema de desemprego, um problema de inflação ou um problema de indústria deprimida, normalmente, são mais altos que os custos políticos da exportação do problema. Assim sendo os países subdesenvolvidos se transformam em escoadouros naturais de problemas internos dos países desenvolvidos.

 

Existem dois tipos básicos de sistema de taxa de câmbio, duas maneiras básicas de organizar o mercado. Um deles envolve taxas de câmbio flutuante, o preço das moedas estrangeiras em termos da moeda interna sobe ou baixa em resposta a mudanças na oferta e procura, tal como os preços das ações no mercado de valores ou os de trigo na bolsa de mercadorias. A alternativa para uma taxa de cambio flutuante é um sistema de taxas de câmbio administrado, sendo este sistema mais complexo que o sistema de taxa flutuante, pois as autoridades têm de limitar as variações no preço da sua moeda no mercado de moeda estrangeira.

 

Apesar de afirmarem que no Brasil se pratica a política de taxa de câmbio flutuante, na verdade não é bem assim, haja vista que normalmente o Banco Central compra ou vende reservas cambiais para impedir que o preço caia ou suba consideravelmente do ponto desejado, nesse sistema é comum o desequilíbrio do balanço de pagamentos, porque o ponto desejado é um ponto político e não técnico que seria com a taxa de câmbio flutuante. No conceito puro de política de taxas de câmbio flutuante não haveria necessidade de reservas cambiais.

 

Conceito internacional dos países classificados como “Falido Ótimo”.

 

O “FALIDO ÓTIMO” vive bem obtendo empréstimos. Primeiro toma emprestado o máximo que pode aos prestamistas de baixo custo e, quando essa fonte se esgotou ele toma emprestado o máximo possível aos prestamistas de alto custo. Usa esses fundos dos novos empréstimos para pagar as despesas de juros e amortizações sobre os empréstimos pendentes. A única razão porque deseja servir a dívida é para proteger sua classificação de crédito, para obtenção de novos créditos e, com isso, o governo vai gastando energia política somente nesse assunto, pauta diária dos jornais, não havendo tempo para “ADMINISTRAR” outras necessidades da nação.

 

Sendo o Brasil um país classificado como “Falido Ótimo”, caberiam alguns comentários sobre essa maldita classificação. Senão vejamos:

 

– No ano de 2002 a rolagem da dívida total da União custou ao Banco Central a bagatela de 45% ao ano. Dados oficiais já divulgados pelo Ministério da Fazenda. E o debate nacional é sobre os juros primários de 25,5% ao ano, referencia apenas para rolagem da dívida de um dia.

 

– No conceito de liquidez internacional (inclui empréstimos ponte com FMI) as reservas em dezembro de 1996 eram de US$ 60,1 bilhões (não havia dívidas com FMI). Em dezembro de 2002 estavam em US$ 37,8 bilhões (com US$ 23,6 bilhões em dívidas com o FMI), ou seja: as reservas ajustadas eram de apenas US$ 14,2 bilhões. Redução de 323,24% em relação ao ano de 1996.

 

– Com a farsa do real valendo mais do que o dólar, o Brasil gastou no período de 1994/2000 a irrisória quantia de US$ 21,1 bilhões (vinte e um bilhões e cem milhões de dólares americanos) em divisas com “Viagens Internacionais de Lazer”.

 

Para finalizar cabe ressaltar que os países classificados como “Falido Ótimo” são sempre merecedores de rasgados elogios de todos às instituições financeiras, sejam nacionais ou internacionais, desde de que os seus indicados sejam os donos absolutos do Banco Central do referido país.

 

 

“Grupo Amigos da Órfã Nação Brasileira”

 

 

* Economista, formado em 1974 pela Faculdade Candido Mendes no Rio de Janeiro, com cursos de extensão em Engenharia Econômica pela UFRJ, no período de 1974/1976, e MBA Executivo em Finanças pelo IBMEC/RJ, no período de1988/1989. Membro da área internacional do Lloyds Bank (Rio de Janeiro e Citibank (Nova York e Rio de Janeiro). Exerceu diversos cargos executivos, na área financeira em empresas como Cosigua – Nuclebrás – Multifrabril – IESA Desde de 1996 reside em Florianópolis onde atua como consultor de empresas e palestrante, assessorando empresas da região sul.

 

 

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Como citar e referenciar este artigo:
BERGAMINI, Ricardo. Crise cambial brasileira: Um crime sem perdão. Florianópolis: Portal Jurídico Investidura, 2008. Disponível em: https://investidura.com.br/artigos/economia/crise-cambial-brasileira-um-crime-sem-perdao/ Acesso em: 15 set. 2024