Revelou a “Fundação Getúlio Vargas”: 50 milhões de brasileiros passam fome! Este número equivale a cerca de 30% da população! Isto mesmo, num país que produz uma média anual de 100 milhões de toneladas de grãos (feijão arroz, milho, soja, etc) e que mantém um dos maiores rebanhos bovinos do planeta, cerca de 160 milhões de cabeças!
Mais números: 5% da renda das famílias brasileiras mais ricas reduziria à metade a extrema pobreza no País.
Segundo o economista Ricardo Paes de Barros, diretor do IPEA: “ao contrário do que aconteceria em países miseráveis, como Nicarágua ou Bolívia, se a renda produzida no Brasil, fosse igualmente distribuída, cada brasileiro teria recursos para se alimentar seis vezes além do mínimo necessário à sua sobrevivência”.
Em outras palavras, o combate à extrema pobreza e à fome não passa por um maior crescimento econômico, mas, por uma política de diminuição das desigualdades. Logo, “auxílio gás, bolsa escola” e outras coisinhas são meros paliativos que sequer chegam à maioria e não resolvem este macro problema nacional.
Medidas isoladas não resolvem questões de tal porte. É assunto de nação e como nação é o agrupamento humano formado por membros fixados num território, ligados por laços históricos, culturais, econômicos e/ou lingüísticos, significa que diz respeito a todos, inclusive aos pobres. Não é assunto só do governante, governante quem faz é o povo!
Qual seria a explicação?
Já foi dito outras vezes, mas não custa repetir: é democracia mal exercida, ela não começa em si, passa antes pela cidadania que sendo o gozo dos direitos civis e políticos num Estado, requer o cumprimento efetivo e consciente dos deveres para com este mesmo estado.
Se um país democrata como o Brasil, reclama que as forças que legitimam sua governabilidade sejam depostas em mãos de um bom Presidente, não menos o faz, que cada um dos que recebem os demais poderes sejam capazes de exercê-lo honestamente, com eficiência invulgar, unicamente, segundo a legalidade, com extrema impessoalidade, com moralidade irreprovável e total publicidade. Aliás, assim está escrito na Lei Maior. (Art. 37).
Logo, um bom brasileiro não só passa a noite em claro, para ver a seleção jogar, sob os auspícios da beleza e da poesia que tem um dia que amanhece, mas sabe votar. Ai sim fará progressivamente decrescer o número da fome e via de conseqüência, a violência não terá espaço, porque não haverá criminalidade, não vendo seus direitos usurpados, quem vai querer “comer o outro para sobreviver?”
“Se liga Brasil!” É de graça! (sem pagar R$ 0,27 + impostos – a propósito, que vergonha esse convite a se ligar…). E na próxima vez em que, mão direita no peito inflado, cabeça erguida com altivez, sua voz, trescalando sândalo, será verdadeira ao cantar: “verás que um filho teu não foge à luta!”.
* Marlusse Pestana Daher, Promotora de Justiça, Ex-Dirigente do Centro de Apoio do Meio Ambiente do Ministério Público do ES; membro da Academia Feminina Espírito-santense de Letras, Conselheira da Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de Vitória – ES, Produtora e apresentadora do Programa “Cinco Minutos com Maria” na Rádio América de Vitória – ES; escritora e poetisa, Especialista em Direito Penal e Processual Penal, em Direito Civil e Processual Civil, Mestra em Direitos e Garantias Fundamentais.