Resenha de Obra de José de Alencar – Lucíola
Referência Bibliográfica
ALENCAR, José de; 1829-1877. LUCÍOLA; livro virtual disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bn000035.pdf
Biografia do Autor
José de Alencar nasceu em 1 de maio de 1829, no bairro de Messejana, na cidade de Fortaleza, aonde foi criado. Era filho de senador bastante influente. Aos 11 anos de idade mudou-se com a família para o Rio de Janeiro, aonde passou a estudar no Colégio de Instrução Elementar. Em 1844 passou a freqüentar cursos preparatórios à Faculdade de Direito de São Paulo, a qual começou em 1846. Formou-se em Direito em 1850. Foi jornalista, político, orador, romancista, crítico, cronista, polemista e dramaturgo brasileiro. Mas é com a literatura que melhor se identifica. Foi também Ministro da Justiça no período de
Síntese do
Lucíola faz parte dos romances urbanos de José de Alencar. É o primeiro da trilogia que ele próprio denominou de perfis de mulheres. Os personagens centrais da estória são Paulo, narrador e protagonista, e Lucíola, a cortesã por quem Paulo se apaixona. Pano de fundo da estória é o Rio de Janeiro de fins do século XIX, dentro do contexto da vida burguesa da época, respeitando o romantismo vigente à época.
Paulo Silva é o personagem narrador, natural de Pernambuco, que chega ao Rio de Janeiro aos 25 anos, com ânimo de lá estabelecer-se. Apenas chegado ao Rio de Janeiro, Paulo sai a passeio com um amigo e vê Lúcia, linda jovem, passar num carro. Dias após, em uma festa com outro amigo, vê Lúcia que novamente se faz presente. Fica sabendo através desse amigo, tratar-se da mais requisitada e mais requintada cortesã. Porém aos olhos de Paulo, por trás da cortesã, existia uma expressão cândida de rosto e a modéstia de gesto.
Decorrido mais ou menos um mês da chegada de Paulo, esse decide ir encontrar Lúcia. Após esse encontro, muitos outros se sucederam e Paulo passa a viver com Lúcia. O romance entre ds dois dura aproximadamente seis meses.
Apreciação da Obra
Num primeiro momento conclui-se por uma obra romântica banal, que trata da paixão de um homem por uma linda cortesã da época do Império.
Porém uma análise mais detalhada leva-nos a conclusões diferentes. O amor é sim, a mola propulsora do desenrolar dos fatos. Trata-se de um amor mais profundo, mais sutil, que foge às convenções familiares e sociais, que transita entre renúncias e audácias. Essa somatória de sentimentos antagônicos, em especial pela falta de aceitação por parte de família e da sociedade, fechará o triângulo com a aspiração à morte. São comuns as situações de grande tristeza, nas quais os sentimentos acabam por se sobrepor à razão, sendo que o coração passa a ser o ditador das normas de conduta.
Percebe-se muito claramente também que a obra é totalmente permeada por sentimentos opostos, pululando entre o bizarro e o banal, o ordinário e o apurado, o benevolente e o cúpido, o pulha e o decente, a tal ponto de passar ao leitor o sentimento de estabelecer no próprio leitor essa dualidade, através da ora repulsa ao romance ora a sedução por ele.
Ademais, José de Alencar é bastante detalhista. Expõe com riqueza de dados tanto a ambientação quanto os personagens. Quanto a esse ele inicia pelo aspecto externo, pelas aparências, para pouco a pouco ir despindo o personagem e enfim chegar à sua essência.
Mas o aspecto mais peculiar da estória talvez seja o processo de purificação pelo qual Lúcia passa para finalmente voltar a ser Maria da Glória. A vida de cortesã, de mulher profana era como se fosse uma pena a ser cumprida pela perda da inocência da menina Maria da Glória.