Filme: Koiaanyqatsi – uma vida fora de equilibrio
Jucélia Maria da Silva*
Koiaanyqatsi – uma vida fora de equilibrio. Diretor: Godfrey Reggio. Música: Philip Gass. Distribuição: MGM Home Enterteiment, 1983.
Passados aproximadamente quatro décadas, este filme de Godfrey Reggio sobre a essência da vida, tendo a sociedade e a tecnologia como tema principal continua sendo atual. Koiaanyqatsi – uma vida fora de equilíbrio é um filme diferente.
O cineasta e escritor Godfrey Reggio viveu
Godfrey em seu filme mostra que a história da tecnologia é quase tão antiga quanto á história da humanidade.
Na primeira parte do filme vemos uma nuvem de cinzas em partículas caindo sobre máquinas. Depois rochas á perder de vista, formas geográficas imensas, dentre elas crateras e quenios. E ainda, o ar, vento, terra, florestas, mares, plantações, flores, ilhas tudo isso em movimento.
Na segunda parte do filme podemos ver a sociedade e as industrias, as pessoas vivendo a tecnologia, os aviões com grandiosidade e uma música suave e leve de vozes que parecem nos contar o que vemos.
Durante todo o filme Goldfrey fez com que as imagens e as músicas seguissem harmonicamente. Desse modo, conseguiu uma simbiose entre o filme e o espectador, como um encantamento.
Na terceira parte do filme observamos as cidades, os prédios um ao lado do outro (mostra a falta de privacidade), organizadas, imensas, carros, destruição, ruínas, lixo, caos, solidão, pessoas, pobreza, abandono, prédios desmoronando, poluição, desintegração.
Na quarta parte do filme Godfrey mostra as imagens de milhares de pessoas, movimento, solidão por entre a gente, indiferença, vivendo ao lado da tecnologia sem questioná-la. E assim o tempo passa, uma vida louca, uma vida tumultuada e a noite os prédios com as luzes acesas são comparadas aos chips de computadores.
O filme mostra que a sociedade não consegue mais viver sem a tecnologia e tornou-se sem perceber um escravo do tempo, do trabalho, da busca por informação, uma vida que pede por um outro modo de viver.
Segundo Godfrey em seu filme, o maior acontecimento de hoje não é visto por quem o presencia, pois vemos nos jornais a evidência de conflitos, da injustiça social, do mercado, das vertentes culturais, mas não há questionamentos. Para ele o maior ou mais importante acontecimento da história é a transição da natureza antiga ou do ambiente natural, hospedeiro da habitação humana ao ambiente tecnológico e á tecnologia de massa como o ambiente da vida.
O filme de Godfrey Reggio é um filme muito polêmico, pois permite várias interpretações, o que não o faz deixar de ser interessante. Parece fazer uma previsão do futuro da sociedade, tão tecnológica, tão robótica, que as pessoas agem e vivem sem prestar atenção que estão sendo consumidas e escravizadas pela presença cada vez maior da urgência da tecnologia. Mas também põe em evidência a magnitude das novas tecnologias criadas pela própria sociedade como se celebrasse algo que nos torna grandiosos.
Portanto, observamos a presença da tecnologia em nossa vida. A essência da vida é algo que nos deixa orgulhosos. A história da tecnologia tem, conseqüentemente, embutida a história da sociedade. É um filme que retrata a beleza incrível e terrível da vida. O considero um filme ambientalista e sem dúvida é indicado para provocar e fazer repensar o sentido da vida. Toda sociedade deveria ter acesso a este filme.
* Bacharel em Direito pela Universidade do Estado de Minas Gerais – UEMG e Especialista
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