Últimas Notícias

Viçosa quer tratar usuários como medida de combate ao crack

01 de Junho de 2012

Promover o tratamento ao usuário de drogas e realizar o acompanhamento de ex-dependentes químicos. Essas foram as principais medidas para combater o crack em Viçosa (Zona da Mata), sugeridas por autoridades e convidados de reunião realizada na cidade, pela Câmara Municipal. O encontro, nesta sexta-feira (1/6/12), havia sido solicitado pelo deputado Paulo Lamac (PT) e programado pela Comissão Especial para o Enfrentamento do Crack, da Assembleia Legislativa de Minas Gerais. Em função das más condições climáticas, o avião que levava os deputados que participariam da reunião não conseguiu pousar, mesmo depois de três tentativas em cidades da região.

O major da Polícia Militar de Viçosa Almir Cassiano de Almeida, ressaltou que, no município, não há uma rede de acolhimento adequada ao usuário de drogas. Almir disse que, muitas vezes, é preciso recorrer a cidades vizinhas ou ao sistema de saúde local, que não possui estrutura preparada para atender ao usuário. Ele acredita que, em Viçosa, há uma agravante em relação a outros municípios, por ser uma cidade universitária, que conta com muitos jovens, alvos principais das drogas, em sua opinião. Na cidade, há cerca de 20 mil estudantes universitários. O major contou, ainda, que, em 2011, foram 23 homicídios no município, com 80% dos casos relacionados ao consumo de drogas e ao tráfico.

Tratamento – Segundo a secretária de Saúde de Viçosa, Rita Gomide, o número de usuários de crack é alto no município, que tem uma população de cerca de 73 mil habitantes. Para tratá-los, ela disse que a ideia, para 2012, é ampliar e melhorar a estrutura do Centro de Atenção Psicossocial (Caps) da cidade, que, atualmente, conta apenas com dois psicólogos, que não são especialistas no assunto. Além disso, o objetivo é implantar um centro de convivência na cidade, para fazer a socialização dos dependentes químicos. Na opinião da secretária, o problema das drogas é de “questão familiar” e o uso da repressão aos usuários não deve ser o foco. O promotor de Justiça da Comarca local, Wilson Couto, concordou com Rita Gomide. Ele disse, também, que o assunto deve ser enfocado desde a infância.

Para o defensor público da Comarca de Viçosa, Glauco Rodrigues de Paula, o crack é uma droga diferenciada, “principalmente do ponto de vista da saúde, pela rapidez dos efeitos que alcança no organismo”. Segundo o presidente do Conselho de Segurança Pública (Consep) local, César Vieira, a droga “entra de forma sutil na vida das pessoas e se espalha como se fosse um câncer”.

Propostas – A vereadora, Cristina Fontes Araújo Viana, presidente da Comissão Especial de Enfrentamento ao Crack e outras Drogas de Viçosa, disse que o número de usuários de crack na cidade vem crescendo “assustadoramente”. Segundo ela, há insuficiência de dados sobre os dependentes químicos no município, "o que dificulta traçar ações no combate”. A vereadora encaminhou, à Comissão da Assembleia, um documento com propostas para contribuir com ações de enfrentamento ao crack.

A comissão de estudo da ALMG iniciou, no último mês, uma série de visitas a instituições do Estado que atuam no tratamento a usuários de drogas. O primeiro local visitado foi o Centro Mineiro de Toxicomania (CMT), no bairro Santa Efigênia, em Belo Horizonte. Os deputados da comissão estão promovendo, também, uma série de reuniões no interior de Minas. Depois do término das discussões, previsto para o final de junho, o objetivo é elaborar um relatório com proposições direcionadas à prevenção e ao combate às drogas e direcioná-lo ao governador do Estado, para auxiliá-lo na criação de políticas públicas.

Dados – Estima-se que o número de usuários de crack no Brasil, segundo o censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), esteja em torno de 1,2 milhão e que a idade média para início do uso da droga seja de 13 anos. Em 2011, segundo dados do Ministério da Saúde, a rede pública prestou 2,5 milhões de atendimentos a dependentes de drogas e álcool, dez vezes mais do que há oito anos.

Um estudo da Confederação Nacional de Municípios (CNM), divulgado em 15/5/12, ouviu 4.907 prefeitos de todo o País (88,2%), e, entre eles, 4.404 disseram que enfrentam problemas com o consumo do crack. Quanto à gravidade, nas cidades que reconhecem o problema, a avaliação do gestor público é de nível grave em 1.131 municípios, de nível médio em 1.987 e nível baixo em 1.202.

Fonte: AL/MG

Como citar e referenciar este artigo:
NOTÍCIAS,. Viçosa quer tratar usuários como medida de combate ao crack. Florianópolis: Portal Jurídico Investidura, 2012. Disponível em: https://investidura.com.br/noticias/ultimas-noticias/vicosa-quer-tratar-usuarios-como-medida-de-combate-ao-crack/ Acesso em: 06 jul. 2025