Senado

Para senadores, Brasil está pronto para a Copa

Da Redação






Turistas visitam área externa da Arena São Paulo (Itaquerão) um dia antes da abertura da Copa

Apesar dos atrasos em parte das obras e dos custos elevados dos estádios, a maioria dos senadores considera que o Brasil fez um bom trabalho para receber a Copa do Mundo, que começa nesta quinta-feira (12), em São Paulo. A possibilidade de manifestações populares, que provocam grande expectativa desde os protestos de junho do ano passado, é vista com tranquilidade. Além disso, há otimismo em relação à impressão que o país e os brasileiros deixarão nos visitantes estrangeiros, com previsão de reflexos positivos para o turismo. O principal ponto de divergência é quanto ao chamado legado da Copa: a oposição considera que, observados os gastos, o resultado é negativo. Já os governistas avaliam que os investimentos foram compatíveis com a dimensão do evento e que a população será beneficiada pelas obras e os projetos de mobilidade urbana.

Veja a opinião dos senadores sobre alguns dos principais temas relacionados com a Copa:

Preparativos

Para a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), que até janeiro era ministra-chefe da Casa Civil, tudo o que foi prometido para a Copa do Mundo foi entregue. Segundo ela, os gastos com estádios – estimados em R$ 8 bilhões – não envolvem recursos públicos, mas empréstimos que serão devolvidos aos bancos.

– Nesse período em que foram investidos R$ 8 bilhões nos estádios, desde 2010, o governo federal investiu R$ 825 bilhões em saúde e educação. Ou seja, em nenhum momento foi comprometida a política pública – diz Gleisi, acrescentando ser impossível fazer “o maior espetáculo esportivo do mundo” sem estádio.

Ao avaliar que o Brasil está preparado para a Copa, Casildo Maldaner (PMDB-SC) destaca que agora é o momento de divulgar o país, para que a competição abra caminhos a novos investimentos e negócios. Ele observa, porém, que mesmo depois da Copa os órgãos fiscalizadores poderão continuar analisando os investimentos questionados.

Para Alvaro Dias (PSDB-PR), contudo, o que mais chamou atenção nos anos de preparação para a Copa do Mundo foi o superfaturamento. Como exemplo, cita o custo por assento dos estádios, que seria muito superior ao verificado nas edições anteriores da competição, na Alemanha (2006) e na África do Sul (2010).

– O Brasil se transformou lastimavelmente, sobretudo depois da realização dessas obras, no paraíso do superfaturamento – afirma.

Legado

Uma das principais críticas à Copa do Mundo diz respeito ao legado para as cidades-sede e o país como um todo. Parte das obras em aeroportos e dos projetos de mobilidade urbana acabou não ficando pronta. O governo, no entanto, argumenta que as obras continuarão e serão entregues à sociedade.

O senador Eduardo Suplicy (PT-SP), por exemplo, considera que, ao fim, o saldo será positivo.

– A Copa mobilizou sim recursos significativos para os estádios, mas também para obras de infraestrutura, a melhoria dos aeroportos, das estradas e das vias de transporte para chegar aos estádios. Os benefícios ficarão para a sociedade brasileira – diz.

Segundo Gleisi Hoffmann, as “poucas” obras de mobilidade que não foram concluídas, continuarão sendo executadas, até porque estão previstas no PAC 2.

– Nenhuma obra vai ser suspensa. Elas não vão ser entregues mais rápido, mas elas vão ser entregues – assegura.

Na opinião de Alvaro Dias, contudo, o legado da Copa para o país é uma imagem negativa no exterior, de “incompetência administrativa”. Ele aponta a ocorrência de uma série de “lambanças”, lembradas a cada entrevista do secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, consideradas uma “humilhação para o governo brasileiro”.

Cristovam Buarque (PDT-DF) também se diz preocupado com a imagem do país após o evento. Ressaltando que torce para que tudo dê certo, ele afirma que, se houver problemas, todos sofrerão as consequências, não só o governo.

– Se não der certo, a imagem do Brasil ficará ferida, e a imagem do Brasil está acima da imagem do governo.

Manifestações

Desde junho do ano passado, a possibilidade de manifestações populares durante a Copa do Mundo preocupa o governo e os organizadores, que montaram esquemas especiais para antecipar e conter os efeitos de eventuais protestos. Os senadores consideram a mobilização natural, mas pedem que não haja violência e que se respeitem os direitos de quem deseja participar da festa.

– É direito das pessoas se manifestar. Mas, da mesma forma que as pessoas têm direito de se manifestar, quem quer assistir à Copa tem o direito de assistir aos jogos e se locomover de um ponto a outro da cidade em paz – pondera Anibal Diniz (PT-AC).

Para Eduardo Suplicy, as manifestações são importantes para cobrar do governo o investimento em educação, saúde e transporte público, inclusive dos recursos que serão injetados com a realização da Copa. Acir Gurgacz (PDT-RO), por sua vez, lembra que é preciso ouvir o “recado” das ruas.

– Essas manifestações dizem que o Brasil está consolidado com sua democracia. Temos que viver, conviver, aceitar, participar e saber interpretar essas manifestações – diz Gurgacz.

Receptividade

Apesar de reconhecerem o direito das pessoas apresentarem suas reivindicações, mesmo durante a Copa do Mundo, os senadores destacam que isso não deve interferir na receptividade aos visitantes estrangeiros.

– Acho que teremos uma Copa bonita, grandiosa. Vai ser uma grande oportunidade de receber o mundo todo aqui. O Brasil precisa acolher bem as pessoas – diz Ana Rita (PT-ES).

Criticando o que considera um direcionamento político dos debates sobre a Copa do Mundo, Jorge Viana (PT-AC) diz que agora há um “clima bom” para a festa, com a competição tomando conta das ruas e das casas.

– Depois que passar a Copa, vamos voltar à realidade, aos nossos problemas, às nossas diferenças. Mas agora é hora de uma grande união nacional para receber bem quem nos visita, fazer de fato uma boa Copa – conclama.

Trabalhos do Legislativo

Com a realização da Copa do Mundo e o início do período eleitoral, com as convenções partidárias, o Senado estabeleceu um calendário especial, que prevê votações só no início de julho. A redução do ritmo de trabalho no Congresso, no entanto, é vista com naturalidade pelos senadores, que lembram o esforço nos últimos dias para votar matérias consideradas importantes.

Romero Jucá (PMDB-RR) lembra que, nas últimas semanas, foram promulgadas três emendas constitucionais, incluindo a que permite a expropriação de imóveis urbanos ou rurais em que se verifique a prática de Trabalho Escravo (Emenda 81).

– O Congresso e o Senado cumpriram a sua parte. Em julho, retomamos os trabalhos. Vamos votar a LDO [Lei de Diretrizes Orçamentárias] e outros projetos que precisam ser votados. E vamos preparar a grande disputa eleitoral de outubro, que é importante para definir os rumos do país.

Vital do Rêgo (PMDB-PB), presidente da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), garante que se esforçará para que os trabalhos continuem o mais próximo possível do normal neste período. Ele, que também preside as duas CPIs da Petrobras e a comissão que examina o projeto do novo Código de Processo Civil, diz que o esvaziamento do Congresso é normal com a Copa e as eleições. As CPIs, porém, devem continuar funcionando mesmo nesse período.

– O que esperamos é que tenhamos o mínimo indispensável para o cumprimento das nossas obrigações – diz Vital, citando como matérias prioritárias no Senado as propostas de novo Código de Processo Civil (PLS 166/2010) e novo Código Penal (PLS 236/2012).

Agência Senado

(Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

Fonte: Senado

Como citar e referenciar este artigo:
NOTÍCIAS,. Para senadores, Brasil está pronto para a Copa. Florianópolis: Portal Jurídico Investidura, 2014. Disponível em: https://investidura.com.br/noticias/senado/para-senadores-brasil-esta-pronto-para-a-copa/ Acesso em: 07 dez. 2025