Esse mês acontece um movimento popular internacional conhecido como Outubro Rosa, evento voltado à saúde da mulher e segundo dados preocupantes do Ministério da Saúde o Câncer de Mama é segunda causa de morte entre as mulheres, somente no ano de 2011 foram 13.225 vítimas no Brasil. Por isso o rosa, esse mês, simboliza a união mundial pela saúde feminina e é também um alerta às mulheres para que façam o autoexame. Muitos eventos acontecem em todo país e a OAB-SP por meio da Comissão da Mulher Advogada também faz parte dessa rede.
No próximo dia 21 promoveremos o Seminário da Saúde da Mulher em que debateremos, além da saúde, temas pertinentes ao universo feminino já que temos a ciência que só é possível gozar da boa saúde física se a saúde mental e emocional estiver em equilíbrio.
E é dever dessa Comissão não só no mês de Outubro, mas em todos outros meses do ano atentar, focar, levantar questões e buscar o máximo de respostas e soluções práticas facilitando assim o dia a dia da advogada e das cidadãs. E em um período em que o mundo se volta para universo feminino se faz necessário tocar em um assunto que assombra milhares de mulheres, mães esposas filhas, jovens, senhoras, idosas: Os maus tratos a violência física e psicológica em que muitas mulheres são submetidas.
Um recente estudo do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) assusta e alerta;
No Brasil ocorrem 5.000 casos de feminicídio (assassinato de mulheres) por ano. O estudo indica que 40% das mortes foram cometidas por parceiros íntimos, metade foram realizadas com arma de fogo, 36% ocorreram nos finais de semana e 30% em vias públicas. A grande maioria das vítimas é de mulheres negras e com idade entre 20 e 39 anos.
Cerca de 20 mil mulheres apanham por dia no País.
O assunto é sério, triste e revoltante, nós mulheres somos a maioria da população brasileira não podemos mais, não devemos mais, ser coniventes com dados tão alarmantes como se tais estatísticas não fizessem parte da nossa vida. Não dá mais para fechar os olhos, seguir em frente com boa saúde…
Porque boa saúde não há.
Não há boa saúde para quem ocupa o tempo livre com afazeres domésticos em excesso, para quem acorda às quatro da manhã e sobe em um ônibus lotado e vive durante duas, três horas, toda sorte de abuso em um transporte precário. Não há boa saúde para quem trabalha oito horas diárias se equilibrando em cima de um salto na corda bamba e engolindo ao longo do dia junto com o café amargo, as piadinhas, as cobranças, o desrespeito dos companheiros de profissão, chefes e encarregados. Não há saúde para quem volta pra casa no mesmo ônibus lotado jogando fora o tempo, segurando a barra da saia e da vida. Para quem chega em casa e já é noite alta e cuida do jantar, da lição de casa, da roupa e é violentada física e psicologicamente por aquele que deveria ser seu companheiro, seu escolhido. Não há como encontrar a paz no travesseiro daquelas que sofrem nas garras da violência. Daquelas que não são valorizadas, respeitadas, amadas.
É urgente, necessário uma nova educação, um novo olhar sobre o universo feminino. Abolir de vez o pensamento arcaico de que a mulher vive para servir o homem e que ao primeiro sinal do não cumprimento dessa servidão que ela mereça um castigo.
É tempo de olhar para a vida como um todo, livre de gênero, sexo ou idade. Nós todos temos por essência o cooperativismo, não somos a espécie mais veloz, nem a mais forte, nem a mais corajosa. O que sabemos fazer de melhor é estender a mão.
Ajudar uns aos outros, é isso que nos torna humano.
Que o Rosa de Outubro se espalhe pelos outros meses, pelo ano todo, que traga o sol e uma nova era na qual a lei se cumpra forte a justiça siga firme e as estatísticas melhores.
Por um Outubro… Um novembro, Um dezembro… Por um século saudável, lutamos.
Seguimos.
DRA. Gislaine Caresia
Presidente da Comissão da Mulher Advogada
e
Ed Cruz
Assessor da Comissão da Mulher Advogada
Fonte: OAB/SP