Segundo o professor Nereu do Vale Pereira, publicar livros em Santa Catarina não é tarefa fácil. ?A coisa está complicada. Vive-se hoje o pior momento do Conselho Estadual de Cultura?. O diagnóstico ocorreu durante o 1º Encontro das Academias de Letras do Brasil do Estado de Santa Catarina, que acontece nesta sexta-feira (1º), no auditório Deputada Antonieta de Barros da Assembleia Legislativa.
Nereu questionou diretamente o Executivo: ?cadê a política cultural, os prêmios para os escritores?? De acordo com o sociólogo octogenário, essa realidade já foi experimentada por escritores do século XX. ?O quadro não é muito estimulante e animador, escrevemos porque somos teimosos?, resumiu. Ele citou a iniciativa de Osvaldo Ferreira de Melo, em 1944, quando organizou um congresso de estudantes florianopolitanos interessados no viver literário. ?Podíamos participar de tardes literárias, com oportunidade de publicar o que escrevíamos. E os governos bancavam os custos?.
Nereu reivindicou o restabelecimento do edital Elisabete Anderle, para propiciar oportunidade aos catarinenses de publicar seus escritos, sejam poesia, contos, ensaios ou romances. Ele ainda criticou a demora na liberação de recursos àqueles que tiveram seus projetos aprovados pelo Conselho Estadual de Cultura. ?Aprovar projetos no Conselho não é difícil, o difícil é liberar o dinheiro do patrocínio?, afirmou.
Para o escritor é injusto o cidadão que pleiteia patrocínio ser obrigado a procurar um mecenas e depois verificar que os recursos são destinados a um fundo comum e logo após desviados para outros projetos. ?É um salve-se quem puder?, declarou. Nereu ensinou que o caminho é ?constituir um pé-de-meia e bancar a impressão?. O 1º Encontro das Academias de Letras do Brasil prossegue com a palestra do professor Valdir Mendes, com o tema ?Geração futura – um alerta cultural? e será encerrado com a apresentação do grupo musical Vozes da Ilha. (Vitor Santos)
Fonte: AL/SC