Um quadro de otimismo pintado pelas autoridades de segurança pública que não corresponde à realidade percebida pela população. Assim representantes dos moradores da região da Pampulha, em Belo Horizonte, classificaram a afirmação do secretário adjunto de Estado de Defesa Social, Denilson Feitoza Pacheco, de que o índice de criminalidade violenta na região caiu 70%, entre 2003 e 2012. O debate foi realizado nesta terça-feira (23/10/12) pela Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, atendendo a requerimento do deputado Sargento Rodrigues (PDT).
O objetivo da audiência pública foi ouvir o Governo do Estado sobre as medidas preventivas na área de segurança em função do previsto aumento no fluxo de pessoas e veículos nos cerca de 40 bairros da Pampulha nos próximos anos. Além da Copa das Confederações, em 2013, e da Copa do Mundo, no ano seguinte, a região vem passando por um processo acelerado de ocupação, com a construção de inúmeros hotéis, condomínios e empreendimentos comerciais. Preocupado com essa situação, Sargento Rodrigues chamou para a reunião várias lideranças comunitárias e representantes das Polícias Civil e Militar e do Corpo de Bombeiros.
“Vivemos uma situação não de segurança, mas de insegurança pública”, afirmou o presidente da Associação dos Amigos da Pampulha, Flávio Marcus Ribeiro de Campos. Ele falou da importância do policiamento preventivo, mas pediu com urgência um policiamento ostensivo na região. Ronan Horta, da Associação Pró-Interesses do Bairro Bandeirantes, disse que a violência na Pampulha pode levar ao fracasso financeiro dos empreendimentos da região, inclusive para o Mineirão. Já o presidente interino do Conselho Comunitário de Segurança Pública (Aisp 23), Modesto Marçal, alertou para o risco de aumento de furtos e roubos no período natalino.
Entre as principais reivindicações dos moradores está a instalação de um batalhão da PM na Pampulha. Mas o comandante do Policiamento da Capital, coronel Luiz Rogério de Andrade, afirmou que, apesar de esse ser também o desejo da corporação, ele não poderá se tornar realidade no curto prazo, por causa da carência de pessoal. “A reivindicação da comunidade é a vontade da polícia”, garantiu também o comandante do 34º Batalhão de Polícia Militar, tenente-coronel Idzel Mafra Fagundes, ressaltando que essa medida deve ser esperada para médio ou longo prazo. Sargento Rodrigues sugeriu a criação de uma ou duas companhias da PM, que têm estrutura menor.
Monitoramento nas ruas – A inauguração da chamada “Sala de Situação e Gerenciamento de Crises em Grandes Eventos” foi anunciada pelo secretário adjunto para fevereiro de 2013. Segundo ele, esse espaço será uma grande base de apoio aos policiais que estiverem nas ruas. Dotada de uma equipe de analistas de inteligência criminal e equipamentos de última geração, essa sala permitirá o monitoramento de grandes eventos como a Copa do Mundo. “Essa estrutura não vai se perder depois da copa, ela será um legado para a cidade”, garantiu Denilson Feitoza Pacheco.
O deputado João Leite (PSDB), presidente da comissão, destacou os investimentos do Estado na segurança pública, lembrando que a população carcerária em Minas triplicou nos últimos 12 anos. Gustavo Corrêa (DEM) também ressaltou os esforços do Governo na área, mas fez alguns relatos sobre assaltos sofridos por sua esposa e por vizinhos de seu pai, que mora na Pampulha.
As notas taquigráficas da reunião, contendo os relatos dos moradores, serão enviadas ao governador Antônio Anastasia, ao secretário de Defesa Social e aos comandantes das polícias Civil e Militar do Estado.
Consulte o resultado da reunião.
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Fonte: AL/MG