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Comissão discute soluções em busca de mobilidade urbana

A menos de 10 dias da realização do ciclo de debates Siga Vivo – pelo fim da violência no trânsito, convocado pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais para os próximos dias 5 e 6 de julho, a Comissão de Transporte, Comunicação e Obras Públicas realizou, na tarde desta terça-feira (26/6/12), uma reunião com convidados quando foram discutidas soluções de mobilidade urbana na Região Metropolitana de Belo Horizonte.

Convocada a requerimento do deputado Duarte Bechir (PSD), a reunião teve por objetivo debater a necessidade de efetivar um plano emergencial com alternativas para o fluxo de veículos nas principais vias de acesso a Belo Horizonte quando da ocorrência de acidentes e de veículos danificados. Representantes de prefeituras e de órgãos ligados à operação de tráfego na Capital e nas cidades vizinhas propuseram ações de curto, médio e longo prazo para melhorar a mobilidade e o fluxo de veículos nos municípios da região.

A realização de campanhas educativas permanentes junto à população, melhor comunicação dos órgãos responsáveis pelo trânsito com os usuários e mais rigor na fiscalização foram algumas das ações de curto e médio prazo propostas. Entre as ações de longo prazo, destacaram-se a construção do rodoanel, melhorias no anel rodoviário e a extensão do metrô até Betim e Contagem. Contudo, vários convidados entenderam que um plano emergencial deve privilegiar as ações de curto e médio prazo, “mais rápidas, mais baratas e eficientes”, conforme destacaram alguns.
Na abertura da reunião, o deputado Célio Moreira (PSDB) defendeu soluções articuladas entre os órgãos responsáveis e campanhas educativas junto à população, para enfrentar o problema, acrescentando que conta com o cumprimento da promessa da presidente Dilma Roussef no que diz respeito à construção do rodoanel e de reformas no anel rodoviário e nas rodovias federais que cortam o Estado, como a BR 381.

Belo Horizonte ganha, diariamente, 270 novos veículos
O autor do requerimento, deputado Duarte Bechir, disse que a Assembleia recebe quase todos os dias inúmeras reclamações sobre o tema, o que motivou a realização da reunião. Segundo ele, Belo Horizonte tem cerca de 1,5 milhão de veículos registrados, que circulam em pouco mais de 4,6 mil quilômetros de via. A cidade possui a terceira maior frota de veículos, perdendo apenas para São Paulo e Rio de Janeiro. Proporcionalmente, porém, disse, Belo Horizonte está à frente, já que, por dia, 270 novos veículos são colocados nas ruas da capital mineira, o que corresponde a 6,1 carros para cada grupo de dez habitantes. “Um desafio como esse não pode ficar circunscrito a poucos, a questão não pode ser tratada de modo pontual, só quando da ocorrência de acidentes”, disse o parlamentar, defendendo o envolvimento de toda a sociedade, de forma “a tornar o trânsito na Capital mais racional e mais humano, melhorando a qualidade de vida da população”.

Moradora de Betim, a deputada Maria Tereza Lara (PT) disse que normalmente leva uma hora e meia de casa até o Centro de Belo Horizonte, um percurso que poderia ser feito em meia hora se as condições de fluidez do trânsito fossem outras. Ela defendeu a criação de um núcleo gestor capaz de integrar todos os órgãos e ações relacionados ao tráfego, de forma a garantir maior mobilidade.

A deputada se mostrou esperançosa de que a construção da rodoviária de Betim, cuja inauguração está prevista para o próximo dia 30, favoreça o fluxo de trânsito entre aquele município e Belo Horizonte, já que o novo espaço permitirá que muitos passageiros que hoje precisam se deslocar de Betim até a Capital rumo a um terceiro destino poderão, a partir de agora, partir diretamente de Betim, em torno da qual gravitam outras 14 cidades.

Ela mencionou também a promessa da presidente Dilma Roussef de liberar R$ 15 milhões para a extensão do metrô até Betim e Contagem, o que, na sua opinião, seria a grande solução de trânsito para a Região Metropolitana de Belo Horizonte.

Já para o gerente de Tráfego e Segurança da Diretoria de Operações do DER-MG, Ivan Godoi, a reforma do anel rodoviário e a construção do rodoanel seria “a solução macro”, porque deslocaria para o rodoanel todo o tráfego pesado, evitando a circulação de caminhões de carga dentro de Belo Horizonte. Ele defendeu também a “necessidade de grandes obras”, com desapropriações e construção de túneis e novas vias, e a execução de “projetos mais ousados na Savassi, já que a expansão da Região Sul é muito grande”. Não descartou, porém, a curto prazo, a realização de soluções de caráter operacional, como sistemas de alerta dirigidos aos usuários, e grandes paineis informativos, visando uma comunicação mais rápida e eficiente.

Soluções simples – O coordenador municipal de Defesa Civil, Alexandre Lucas Alves, reconhece que a longo prazo o transporte de massa, como o metrô, é o ideal, mas acha que os órgãos públicos devem pensar em ações simples e de curto prazo destinadas a retirar das ruas, com mais agilidade, carros avariados ou acidentados, desobstruindo rapidamente as vias. Para isso, propõe sugestões como liberação por etapas dos servidores públicos, em horários diferenciados, de forma a não concentrar as saídas dos trabalhadores em um só horário. Desta forma, seriam geradas “ondas de trânsito” em vez de trânsito pesado em horários de pico.

O gerente de Simulação de Transportes, Trânsito e Programação Semafórica da BHTrans, Marcos Antônio de Oliveira, informou que até o ano que vem a companhia vai ganhar um novo Centro de Controle de Trânsito com 100% dos semáforos interligados, medida que, segundo ele, poderá melhorar as condições de tráfego. Além disso, o fim de algumas obras viária, no próximo ano, deverá contribuir, também, para melhorar a situação.

Ações mitigadoras – Coordenador de Engenharia de Trânsito de Contagem, Leonardo Gonçalves dos Reis não se mostrou muito otimista. Segundo ele, no momento, tudo o que se consegue fazer são “ações mitigadoras”. Ele acredita que uma mudança maior passa, necessariamente, pela mudança na concepção de conforto das pessoas. “Não temos soluções a curto prazo, temos medidas mitigadoras” relacionadas à operação de trânsito, envolvendo equipamentos, reboques e deslocamento de equipes. Como os demais convidados, ele também defendeu a realização permanente de campanhas educativas junto à população.

Comandante contesta críticas e defende plano de contingência
O comandante do Batalhão da Polícia Militar de Trânsito, tenente-coronel Roberto Lemos, contestou o que chamou de frequentes críticas da imprensa à atuação do batalhão e de outros órgãos públicos responsáveis pelo trânsito na Região Metropolitana. “Somos questionados diariamente pela imprensa que atribui todos os problemas de trânsito à fiscalização, o que não é verdade”, protestou. “Me atrevo até a dizer que não sei o que seria do trânsito de BH se não fosse o trabalho articulado dos órgãos responsáveis”, disse.
Segundo ele, muitos outros fatores influem no resultado negativo, como, por exemplo, o grande número de obras na cidade, o grande número de veículos em circulação, em contraste com a falta de vagas (90 mil em toda a cidade), a falta de educação dos motoristas em geral e o problema da topografia da cidade, que não favorece em nada a mobilidade.

Manifestação – O comandante criticou também o excesso de manifestações e atos públicos. Em 2011 foram 150. Este ano, até agora, já foram registrados 63 atos públicos, todos em locais de grande circulação. Só no mês de março, disse, foram 31 manifestações, uma média de um por dia, sem tirar os fins de semana.

“Não somos contra os manifestantes nem contra as reivindicações de ninguém, mas propomos um ajustamento de conduta com os sindicatos”. “Queremos apenas organizar a cidade, sem ferir o direito de ninguém de se manifestar, mas também respeitando o direito de todos de circular livremente”, disse. O comandante defende um plano de contingência articulado entre os diversos órgãos, como Batalhão de Polícia Militar de Trânsito e BHTrans.

Já o Comandante do Batalhão da Polícia Militar Rodoviária, tenente-coronel Sebastião Emídio, considerou que o anel rodoviário é o grande vilão do trânsito em Belo Horizonte. Lembrou que quando a Polícia Militar assumiu o policiamento na área, em 2001, a circulação de veículos na região era de 50 mil por dia. Hoje, já são mais de 100 mil, lamentou.

No encerramento da reunião, o deputado Doutor Viana (DEM) parabenizou o colega Duarte Bechir pela iniciativa do debate, referendou a importância do tema e explicou que as notas taquigráficas serão encaminhadas aos órgãos responsáveis, com os comentários, propostas e sugestões resultantes da discussão.

 

 

 

Fonte: AL/MG

Como citar e referenciar este artigo:
NOTÍCIAS,. Comissão discute soluções em busca de mobilidade urbana. Florianópolis: Portal Jurídico Investidura, 2012. Disponível em: https://investidura.com.br/noticias/almg/comissao-discute-solucoes-em-busca-de-mobilidade-urbana/ Acesso em: 07 jul. 2025