TRF4

TRF4, 00006 APELAÇÃO CÍVEL Nº 2002.71.02.002323-7/RS, Relator Juiz Jairo Gilberto Schafer , Julgado em 01/28/2008

—————————————————————-

00006 APELAÇÃO CÍVEL Nº 2002.71.02.002323-7/RS

RELATOR : Juiz JAIRO GILBERTO SCHAFER

APELANTE : CAIXA ECONOMICA FEDERAL – CEF

ADVOGADO : Teresinha Ferreira da Silva Moreira e outros

APELANTE : WALTER WASHINGTON CAPUTTI ALONSO e outro

ADVOGADO : Taciana Machado de Bastos e outros

APELADO : (Os mesmos)

EMENTA

CONTRATO BANCÁRIO – CONTRATO DE ABERTURA DE CRÉDITO. APLICAÇÃO DO CDC. CAPITALIZAÇÃO.

COMISSÃO DE PERMANÊNCIA. MULTA DE 2%. ANTECIPAÇÃO DE TUTELA. JUROS REMUNERATÓRIOS. JUROS

MORATÓRIOS. EXCLUSÃOS DOS ENCARGOS MORATÓRIOS. SUCUMBÊNCIA. PREQUESTIONAMENTO.

1. É pacífico o entendimento de que se aplica o CDC às relações contratuais firmadas com as instituições financeiras, tendo em vista

o disposto na Súmula 297 do STJ.

2. Para contratos bancários a capitalização mensal de juros se faz presente sob a forma de numerus clausus, ou seja, apenas com

permissivo legal específico, notadamente na concessão de créditos rurais (art. 5º do decreto-lei nº 167/67), créditos industriais (art.

5º do decreto-lei 167/67) e comerciais (art. 5º da lei nº 6.840/80). Etuadas tais hipóteses, resta a regra geral, presente na súmula

121 do pretório elso: “é vedada a capitalização de juros, ainda que expressamente convencionada.

3. É permitida a incidência da comissão de permanência no período de inadimplência, desde que não cumulada com os demais

encargos moratórios e compensatórios. Deve ser calculada pela ta média dos juros de mercado, apurada pelo Banco Central do

Brasil, tendo como limite máximo a ta do contrato (Súmula 294/STJ).

4. A multa contratual em contrato celebrado sob a égide da Lei nº 9.298, de 1º de agosto de 1996, deve ser limitada em 2%.

5. Uma vez revisado o contrato e até que os débitos e créditos sejam calculados, não cabe a inscrição do devedor nos cadastros de

inadimplentes, dado que sequer sabe o que realmente pagar.

6. Descabe limitar juros remuneratórios em 12% a.a. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento da Ação Direta de

Inconstitucionalidade n.º 4, entendeu, que a norma inscrita no § 3.º do art. 192 da Constituição Federal, revogada pela EC n.º 40/03,

não era de eficácia plena e estava condicionada à edição de lei complementar que regularia o sistema financeiro nacional e, com ele,

a disciplina dos juros. Ademais, a matéria foi pacificada pela Súmula n.° 648 do STF.

7. Os juros moratórios devem ser aplicados em 6% ao ano até a entrada do novo Código Civil, quando passam a ser de 1% ao mês.

8. Os encargos moratórios resultam de cláusulas livremente pactuadas entre as partes para o caso de inadimplemento.

9. Sucumbência mantida.

10. Prequestionamento quanto à legislação invocada estabelecido pelas razões de decidir.

11. Recurso da CEF improvido.

12. Apelo adesivo do autor improvido.

ACÓRDÃO

___________________

Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, decide a Egrégia 4ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª
Região, por unanimidade, negar provimento ao recurso da CEF e negar provimento ao apelo adesivo do autor, nos termos do
relatório, votos e notas taquigráficas que ficam fazendo parte integrante do presente julgado.
Porto Alegre, 31 de outubro de 2007.

Como citar e referenciar este artigo:
JURISPRUDÊNCIAS,. TRF4, 00006 APELAÇÃO CÍVEL Nº 2002.71.02.002323-7/RS, Relator Juiz Jairo Gilberto Schafer , Julgado em 01/28/2008. Florianópolis: Portal Jurídico Investidura, 2010. Disponível em: https://investidura.com.br/jurisprudencias/trf4/trf4-00006-apelacao-civel-no-2002-71-02-002323-7-rs-relator-juiz-jairo-gilberto-schafer-julgado-em-01-28-2008/ Acesso em: 06 jul. 2025