STJ

STJ, RECURSO EM MANDADO DE SEGURANÇA Nº 17.929 – PR, Relator Ministra Denise Arruda , Julgado em 10/04/2007

—————————————————————-

RECURSO EM MANDADO DE SEGURANÇA Nº 17.929 – PR

(2004/0024785-2)

R E L ATO R A : MINISTRA DENISE ARRUDA

RECORRENTE : SILVA E MS PROMOÇÃO DE SORTEIOS

LIMITADA E OUTRO

ADVOGADO : ROBERTO LUIZ PEDROTTI E OUTRO

T. ORIGEM : TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO

PARANÁ

IMPETRADO : GOVERNADOR DO ESTADO DO PARANÁ

RECORRIDO : ESTADO DO PARANÁ

PROCURADOR : CÉSAR AUGUSTO BINDER E OUTRO(S)

INTERES. : ELIZANETE WILHELM DE CASTRO E CIA

LTDA – ME E OUTRO

ADVOGADO : ROBERTO LUIZ PEDROTTI E OUTRO

EMENTA

PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. RECURSO ORDINÁRIO

EM MANDADO DE SEGURANÇA. BINGO. DECRETO

ESTADUAL. ANULAÇÃO DE RESOLUÇÃO POR MANIFESTA

INCOMPETÊNCIA LEGISLATIVA. POSSIBILIDADE.

COMPETÊNCIA PRIVATIVA DA UNIÃO (ART. 22, XX, DA

CF). PRECEDENTES DO STF E STJ. AUSÊNCIA DE DIREITO

LÍQUIDO E CERTO. DESPROVIMENTO DO RECURSO

ORDINÁRIO.

1. Na hipótese eminada, as empresas Silva e MS Promoção de

Sorteios Ltda e Bingo Campos Gerais impetraram mandado de

segurança contra ato do Governador do Estado do Paraná que

editou o Decreto 1.046/2003, o qual anulou a “Resolução 27, de 19

de agosto de 2002, do Secretário de Estado do Governo, que

instituiu o concurso de prognóstico na modalidade lotérica denominada

de TRIBINGO PARANAENSE”, em face da reconhecida

incompetência para legislar sobre o tema, nos termos do art.

22, XX, da Constituição Federal.

2. O Estado do Paraná, ao editar o Decreto Estadual 1.046/2003,

expressamente considerou: “a argüição de inconstitucionalidade,

pelo Ministério Público do Estado do Paraná, da regulamentação,

por meio de Resolução do Secretário de Estado do Governo, que

instituiu o concurso de prognóstico na modalidade lotérica denominada

de TRIBINGO PARANAENSE, frente ao que dispõe a

Constituição Federal, no inciso XX, de seu art. 22″; “os termos das

Súmulas nºs 346 e 473, do Supremo Tribunal Federal, que enunciam

a possibilidade de a própria Administração Pública declarar,

em face da ilegalidade, a anulação de ato administrativo próprio”

(fl. 81). Efetivamente, o ora recorrido atuou corretamente ao editar o decreto impugnado, pois não possui competência constitucional

para legislar sobre bingos, em face da expressa previsão

contida no art. 22, XX, da Constituição Federal, que atribui competência

privativa à União para legislar sobre “sistemas de consórcios

e sorteios”.

3. É pacífico o entendimento do Supremo Tribunal Federal no

sentido de que é inconstitucional qualquer norma estadual que

regule atividades relacionadas a loterias e bingos, por manifesta

violação do referido dispositivo constitucional.

4. Sobre o tema, os recentes precedentes da Corte Constitucional:

ADI 3.063/MA, Tribunal Pleno, Rel. Min. Cezar Peluzo, DJ de

2.3.2007, p. 25; ADI 2.690/RN, Tribunal Pleno, Rel. Min. Gilmar

Mendes, DJ de 20.10.2006, p. 48; ADI 3.183/MS, Tribunal Pleno,

Rel. Min. Joaquim Barbosa, DJ de 20.10.2006, p. 48; ADI

2.996/SC, Tribunal Pleno, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJ de

29.9.2006, p. 31; ADI 2.948/MT, Tribunal Pleno, Rel. Min. Eros

Grau, DJ de 13.5.2005, p. 6.

5. O Supremo Tribunal Federal, com fundamento no art. 103-A

da Constituição Federal, aprovou a Súmula Vinculante 2/STF (“É

inconstitucional a lei ou ato normativo estadual ou distrital que

disponha sobre sistemas de consórcios e sorteios, inclusive bingos e

loterias”, a qual impõe o seu cumprimento em relação aos demais

órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e

indireta, nas esferas federal, estadual e municipal.

6. “A autorização concedida pelo Estado do Paraná, através da

Resolução n. 27/2002, a qual foi revogada pelo Decreto n.

1046/2003 era inconstitucional, na medida em que falece aos Estados

competência para legislar sobre sistemas de consórcio e de

sorteio, em que se insere o concurso de prognóstico na modalidade

lotérica (bingo). É que, a despeito do art. 22, parágrafo único, da

Constituição Federal dispor que lei complementar poderá autorizar

os Estados a legislar sobre questões específicas atinentes ao tema,

tal lei não foi editada” (erto da ementa do RMS 18.915/PR, 1ª

Turma, Rel. Min. Francisco Falcão, DJ de 19.12.2005, p. 209).

7. Desprovimento do recurso ordinário.

ACÓRDÃO

___________________

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da
Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiça: A Turma, por unanimidade,
negou provimento ao recurso ordinário em mandado de
segurança, nos termos do voto da Sra. Ministra Relatora. Os Srs.
Ministros José Delgado, Luiz Fux e Teori Albino Zavascki (Presidente)
votaram com a Sra. Ministra Relatora. Ausente, justificadamente,
o Sr. Ministro Francisco Falcão.
Brasília (DF), 28 de agosto de 2007(Data do Julgamento).

Como citar e referenciar este artigo:
JURISPRUDÊNCIAS,. STJ, RECURSO EM MANDADO DE SEGURANÇA Nº 17.929 – PR, Relator Ministra Denise Arruda , Julgado em 10/04/2007. Florianópolis: Portal Jurídico Investidura, 2010. Disponível em: https://investidura.com.br/jurisprudencias/stj/stj-recurso-em-mandado-de-seguranca-no-17-929-pr-relator-ministra-denise-arruda-julgado-em-10-04-2007-2/ Acesso em: 31 mai. 2025