STJ

STJ, HABEAS CORPUS Nº 70.393 – MT (2006/0251784-6), Relator Ministra Laurita Vaz , Julgado em 02/11/2008

—————————————————————-

HABEAS CORPUS Nº 70.393 – MT (2006/0251784-6)

R E L ATO R A : MINISTRA LAURITA VAZ

IMPETRANTE : ELIELSON LOPES DA SILVA

ADVOGADO : MAURO AUGUSTO LAURINDO DA SILVA

E OUTRO(S)

IMPETRADO : SEGUNDA CÂMARA CRIMINAL DO TRIBUNAL

DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MATO

GROSSO

PA C I E N T E : ELIELSON LOPES DA SILVA (PRESO)

EMENTA

HABEAS CORPUS. PROCESSUAL PENAL. CRIME DE LATROCÍNIO.

INTERROGATÓRIO JUDICIAL REALIZADO ANTES DA

LEI N.º 10.792/2003. AUSÊNCIA DE DEFENSOR. NULIDADE.

INEXISTÊNCIA. ATO PERSONALÍSSIMO DO JUIZ. IMPOSSIBILIDADE

DE INTERVENÇÃO DO DEFENSOR OU DO MINISTÉRIO

PÚBLICO. COLIDÊNCIA DE DEFESAS. PREJUÍZO NÃO

DEMONSTRADO. JULGAMENTO SEPARADO DOS CO-RÉUS.

AUSÊNCIA DE DEFESA. INEXISTÊNCIA. PACIENTE DEVIDAMENTE

ASSISTIDO POR DEFENSOR NOMEADO DURANTE

TODA A FASE COGNITIVA. PREJUÍZO NÃO DEMONSTRADO.

APLICAÇÃO DA SÚMULA N.º 523 DO STF. PRECEDENTES.

CRIME HEDIONDO. DIREITO À PROGRESSÃO DE REGIME.

1. O interrogatório judicial, antes da vigência da Lei n.º 10.792/2003,

consistia em ato personalíssimo do magistrado, que não estava sujeito

ao contraditório, o que obstava a intervenção da acusação ou da

defesa. Assim, a ausência de defensor no interrogatório judicial não

caracterizava, segundo o entendimento desta Corte e do STF, a existência

de qualquer nulidade.

2. Não se acolhe a alegação de nulidade da instrução criminal por

colidência de defesas, já que, além de não ter havido apresentação de

versões antagônicas para o mesmo fato, sobretudo diante do fato do

processo ter sido desmembrado em relação ao ora Paciente, em razão

de sua fuga ocorrida em 12/06/1998.

3. Observa-se, no caso, que o Paciente foi assistido por defensor

dativo durante toda a fase de conhecimento, que, satisfatoriamente,

ofereceu defesa prévia, participou dos atos processuais e, por fim,

apresentou alegações finais.

4. Não há como reconhecer nulidade no processo-crime, em razão da

deficiência de defesa na instrução criminal, porquanto não restou

configurado, na espécie, de forma concreta e efetiva, prejuízos ao

Paciente em decorrência da participação do defensor primitivo no

processo. Incidência da Súmula n.º 523, do Supremo Tribunal Federal.

5. Vigorando o princípio da voluntariedade, na fase recursal, inexiste,

assim, ofensa ao direito de defesa, em razão da não interposição do

recurso cabível.

6. Precedentes do Superior Tribunal de Justiça.

7. Diante da declaração de inconstitucionalidade pelo Supremo Tribunal

Federal do § 1º do art. 2.º da Lei 8.072/90 e do advento da Lei

n.º 11.464/07, fica afastado o óbice que impedia a progressão de

regime aos condenados por crimes hediondos.

8. Ordem denegada. Por provocação ministerial concedo habeas corpus

de ofício para reformar a sentença condenatória na parte relativa

à imposição do regime integralmente fechado, competindo ao Juízo

das euções criminais, atendidos os requisitos subjetivos e objetivos,

decidir sobre o deferimento do benefício da progressão de

regime prisional.

ACÓRDÃO

___________________

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da
QUINTA TURMA do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade
dos votos e das notas taquigráficas a seguir, por unanimidade, denegar
a ordem, concedendo “Habeas Corpus” de ofício, nos termos do
voto da Sra. Ministra Relatora. Os Srs. Ministros Arnaldo Esteves
Lima, Napoleão Nunes Maia Filho, Felix Fischer e Jane Silva (Desembargadora
convocada do TJ/MG) votaram com a Sra. Ministra
Relatora.
Brasília (DF), 13 de dezembro de 2007 (Data do Julgamento)

Como citar e referenciar este artigo:
JURISPRUDÊNCIAS,. STJ, HABEAS CORPUS Nº 70.393 – MT (2006/0251784-6), Relator Ministra Laurita Vaz , Julgado em 02/11/2008. Florianópolis: Portal Jurídico Investidura, 2010. Disponível em: https://investidura.com.br/jurisprudencias/stj/stj-habeas-corpus-no-70-393-mt-2006-0251784-6-relator-ministra-laurita-vaz-julgado-em-02-11-2008/ Acesso em: 30 jun. 2025