Temos visto nos últimos dias um festival de truculência do partido governante, o PT, capitaneado pela presidente Dilma Rousseff, que mesmo na época da
ditadura militar foi desconhecido. Alguns fatos são muito visíveis, como a reformulação da política econômica e a transformação dos banqueiros em bodes
expiatórios. A redução abrupta e unilateral das taxas de juros só prova que a motivação revolucionária anticapitalista do partido governante não arrefeceu.
Não que os juros cobrados no Brasil estivessem em nível razoável. O problema é que há muitas maneiras de resolver o problema e o governo escolheu a via
autoritária, carnavalesca. O pedido de Dilma Rousseff (uma ordem, na verdade), para que a Febraban se retratasse da nota escrita pelo economista Rubens
Sardemberg foi um ponto culminante de arrogância. O documento estava sensato e o economista apenas escreveu o óbvio, que os bancos não têm poder sobre a
demanda de crédito. A presidente parece ter-se sentido pessoalmente ofendida com essa opinião, em si técnica e correta.
A retratação da Febraban mostrou que mesmo este segmento empresarial, tão poderoso, está subjugado de forma impiedosa pelo partido governantes.
O ímpeto autoritário, todavia, está em outras manchetes de jornais. O teatrinho ridículo, pelo qual algumas personalidades midiáticas passaram a pedir em
público o veto integral do novo Código Florestal, mostra que a presidente já decidiu fazer o veto, um desrespeito ao Congresso Nacional e à maioria ali
constituída. Passa por cima, impiedosa, sobre a divisão de poderes.
Mas nada é mais preocupante do que o circo armado em torno da CPI do Cachoeira. Veja-se que todo fundamento do escândalo são as gravações telefônicas
solertes, perpetradas pela Polícia Federal, que dessa forma passou a ser um agente político de primeira grandeza, a influir antecipadamente nos resultados
das eleições deste ano (e na de 2014). A Polícia Federal assim tornou-se uma política politica, a serviço do partido governante. É evidente o viés seletivo
das investigações, quando se sabe que pior fazem os membros do governo.
Sem prejuízo da culpabilidade dos investigados, salta aos olhos a motivação eleitoreira do caso. Não é à toa que o ex-presidente Lula, desde a primeira
hora, foi um entusiasta da divulgação do escândalo e um apoiador da instalação da CPI. Ele percebeu o que toda gente percebe: o alto valor eleitoral desse
escândalo, com poder de destruição profundo sobre alguns de seus adversários políticos mais notórios.
O que vemos é que o PT finalmente rasgou a Carta ao Povo Brasileiro, estando muito à vontade para implantar a sua agenda revolucionária. E não apenas no
âmbito do Poder Executivo. Basta ver as recentes decisões do Supremo Tribunal Federal, que tem exorbitado e legislado em assuntos da competência do
Congresso Nacional, avançando na agenda revolucionária no âmbito do marxismo cultural.
O surpreendente é o destemor e a pressa com que as “reformas” estão caminhando. O PT tem pressa e se sente à vontade para fazer cumprir o seu programa.
Parece não haver, nem nos partido políticos e nem na sociedade civil, força capaz de segurar o ímpeto revolucionário. O PT considera que já acumulou forças
suficientes para fazer valer sua vontade. Os fatos provam que a avaliação está correta.
* José Nivaldo Cordeiro, Executivo, nascido no Ceará. Reside atualmente em São Paulo. Declaradamente liberal, é um respeitado crítico das idéias
coletivistas. É um dos mais relevantes articulistas nacionais do momento, escrevendo artigos diários para diversos jornais e sites nacionais. É Diretor da
ANL – Associação Nacional de Livrarias.