Gestão, Tecnologia e Qualidade para o Direito

O bom e velho português

Sei que parece óbvio, mas escrever bem é fundamental para o bom advogado e essencial ao verdadeiro profissional do direito.

Profissional que o é pela sua escrita, saber das leis e dos meandros processuais, afinal é através da petição e no máximo de audiência que ele se vale da sua técnica para buscar/defender o direito do cliente.

Esta responsabilidade de escrever com lógica de raciocínio, claramente e principalmente de forma objetiva e direta não é para qualquer um.

Muitos profissionais escrevem de forma confusa, sem técnica e pior, sequer sabem pedir. Para quem advoga sabe: Se não souber pedir, de nada adianta o direito e todo restante do texto.

E no processo eletrônico tal realidade ficou ainda mais drástica, pois antes, com a petição impressa, ainda líamos correndo antes de entregar no foro… Agora, remetendo virtualmente, muitas vezes sequer passa por uma segunda correção.

Temos que ter rotinas de correção e até mesmo oficinas de como escrever de forma concisa e direta.

Uma reportagem recente nos brindou com várias dicas de como usar melhor este recurso de correção ortográfica e de organização interna que divido a seguir:

(…)

Para as firmas que não podem contratar um revisor, uma coleção de sites — Daily Writing Tips, LR Communications Systems, About.com, LexisOne, entre outros — dão dicas para melhorar a revisão:

1. Use um corretor ortográfico. É uma correção mecânica e automática, que pode pegar erros de ortografia, de acentuação e até mesmo de concordância verbal. Mas não é confiável, porque muitos erros de digitação resultam em palavras existentes. Por exemplo, se você digitar “eros” em vez de “erros”, o corretor não vai apontar o erro porque as duas palavras existem. Dicionários também continuam úteis, não só para conferir a grafia correta de uma palavra, mas também para se escolher a palavra mais precisa para se expressar uma ideia;

2. Peça a alguém para fazer a revisão do texto. O pior revisor é o autor do texto, porque ele se apega ao conteúdo e esquece da gramática, antes de chegar ao terceiro parágrafo. Outra pessoa, que vê o texto pela primeira vez, pode ser mais eficiente na busca de erros gramaticais — ou até mesmo de estilo. Se a revisão for feita em texto no computador, o revisor tem quetem de usar o rastreador de correções. É uma forma de submeter as correções à aprovação do autor do texto e, ao mesmo tempo, ajudá-lo a aperfeiçoar sua redação e seu estilo.

Se o revisor também estiver exercendo a função de editor e encontrar palavras maumal usadas, títulos que podem ser melhorados, parágrafos confusos ou fora de lugar, é melhor apontar as falhas ao autor do texto — e até mesmo sugerir alternativas — do que se meter a reescrever e fazer bobagens. É por isso que, nas publicações diárias, se vê tantos títulos que não correspondem ao que está escrito nas reportagens.

3. Faça a revisão em um texto impresso. É um procedimento antigo, ainda o favorito de muitos revisores. Fazer a revisão em um formato diferente ajuda. Alguns escritores, quando fazem a revisão de seu próprio texto no computador, preferem mudar o formato — o tipo e o tamanho das letras — para tentar se desapegar do conteúdo. Mas a revisão no papel é menos cansativa do que no computador. E tem a vantagem de se poder colocar uma régua logo abaixo da sentença que está sendo lida.

4. A concentração é a chave. Em alguns casos, é possível deixar para fazer a revisão horas depois da finalização do texto — ou no dia seguinte. Para textos com deadline apertado, como os das publicações diárias, essa é uma recomendação impossível de ser atendida. Mas, quando há tempo, essa recomendação é útil, porque o intervalo pode ajudar a mente a se afastar do conteúdo. Quem não pode deixar para depois tem de achar maneiras de se concentrar — incluindo não ser interrompido por pessoas, telefonemas etc. Essa é outra causa de muitos erros nas publicações. Nas redações, é quase impossível se concentrar.

5. Leia o texto em voz alta. Em um lugar compartilhado por muitas pessoas, isso pode ser uma prática inconveniente. Talvez possa ser feito “a meia voz”. No entanto, realmente ajuda a encontrar erros, principalmente os de concordância, quando a frase é um tanto longa. A busca por erros de concordância, aliás, deve ser sistemática, porque eles dói no ouvido — quer dizer, [os erros] doem… Ler bem devagar é uma alternativa. Mais uma alternativa: usar o dedo indicador para apontar cada palavra que se está lendo.

6. Leia o texto de trás para a frente. É uma recomendação um tanto estranha, mas é feita por todos os sites de revisão consultados. A razão é que o cérebro processa correções automáticas na leitura de um texto, com o qual ele já está familiarizado e, por isso, passam despercebidos. O texto intero pode ser lido de trás para a frente ou isso pode ser feito por sentenças — “sentenças por feito ser pode isso ou frente a para trás de lido ser pode intero texto o”. Dá para perder a grafia errada de “inteiro”?

7. Revise uma coisa de cada vez. É uma recomendação para perfeccionistas. Há quem tenha disposição e tempo para fazer revisões separadas de estrutura de sentenças, de concordâncias, de ortografia, de acentuação e de pontuação. Difícil é encontrar tempo para fazer tudo isso. Sai mais em conta contratar um revisor profissional. Há revisores que trabalham por tarefa ou empreitada.

8. Cheque todos os nomes e todos os números, separadamente. Essa conferência merece ser feita em separado, porque erros na grafia de nomes ou em valores ou datas podem ser desastrosos. Imagine uma carta dirigida a um cliente que a firma está se esforçando para conquistar, com a grafia errada de seu nome. Errar um nome é, possivelmente, o maior “crime” que um redator pode cometer — em alguns casos, podem ser punidos com “pena de morte” (para o relacionamento entre o cliente e o advogado). Para jornais, pode resultar em processo, embora possa não gerar danos (veja texto na Conjur).

9. Mantenha uma lista de seus erros ordinários, especialmente de digitação. E, especialmente, aqueles que resultam em outra palavra existente no idioma e que não serão detectados pelo corretor ortográfico. Faça uma busca, no editor do Word, por essas palavras, porque elas podem escapar à revisão visual.

10. Defina uma “política de revisão” para a firma. O advogado e escritor Robert Unterberger, que treina advogados em redação e revisão de textos, afirma que isso é tão importante para as firmas que elas deveriam se ver como “editoras”. Afinal, todo o material escrito produzido pelas firmas é importante.

(…)

Fonte: http://www.conjur.com.br/2013-abr-01/sites-recomendam-metodos-uteis-escritorios-revisao-textos

Você usa estas dicas? Revisa seus textos? Tem previsão disto frente a realidade do processo eletrônico?

Melhor previnir que remediar…

Melhor revisar do que emendar a inicial…

Não é mesmo?

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Artigo escrito por Gustavo Rocha – Sócio da Consultoria GestãoAdvBr

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Como citar e referenciar este artigo:
ROCHA, Gustavo. O bom e velho português. Florianópolis: Portal Jurídico Investidura, 2013. Disponível em: https://investidura.com.br/colunas/gestao-tecnologia-e-qualidade-para-o-direito/o-bom-e-velho-portugues/ Acesso em: 22 nov. 2024