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Bancas jurídicas. Sócios não advogados. Dá certo?

Faz um ano que a Inglaterra liberou a não advogados se tornarem sócios das bancas jurídicas por lá.

Um ano.

A aderência foi mínima, mesmo representando as bancas inglesas cerca de 20 bilhões de libras de movimentação anual em 10 mil escritórios registrados e operantes.

Mesmo assim, a Escócia também está no mesmo caminho da Inglaterra, em processo de abertura das sociedades dos advogados a não advogados.

A grande diferença é que na Inglaterra qualquer um pode ser sócio majoritário da sociedade, enquanto na Escócia apenas um advogado poderia (o que penso ser mais lógico e aceitável).

Estas informações estão na reportagem do Conjur reproduzida em parte abaixo sobre o tema (leia na íntegra aqui):

“Faz um ano que a advocacia na Inglaterra não é mais a mesma. Em janeiro do ano passado, o país deu os passos que faltavam para permitir que qualquer pessoa com dinheiro — um empresário, um investidor ou um médico, por exemplo — montasse seu próprio escritório de advocacia. Um ano depois, o saldo é esse: muito barulho, algum interesse e ainda poucas mudanças.

Nesta semana, a entidade responsável por regulamentar as novas bancas na Inglaterra (SRA, na sigla em inglês) divulgou um balanço do primeiro ano da advocacia no mundo dos negócios. Foram dadas, até agora, 74 licenças para formar as chamadas ABS, os novos escritórios com a presença de não advogados no quadro de sócios. Os primeiros três licenciados foram anunciados em abril: Co-operative Legal Services (CLS), parte da gigante Co-operative Group — que oferece de alimentos a serviços médicos e funerários —, e as pequenas bancas John Welch and Stammers e Lawbridge Solicitors Ltd.”.

O medo deles, assim como é no Brasil, é de que o investimento estrangeiro banalize a profissão:

O medo inicial de que investimentos de fora do Direito na advocacia acabariam com os escritórios pequenos ainda existe, mas é bem menor do que há um ano. É que, ao contrário do esperado, grandes organizações não saíram em disparada atrás do seu próprio escritório e as maiores bancas do país também não se mostraram tão interessadas em colocar investidores no quadro de sócios.

Os escritórios médios são os que parecem mais animados com a ideia de virar uma ABS. Não é tanto a perspectiva de receber mais dinheiro que anima, mas sim colocar no quadro societário profissionais que trabalham no escritório, que até então não podiam integrar o grupo de sócios por não terem registro na Ordem dos Advogados.

A entidade reguladora das novas bancas afirma já ter recebido 454 pedidos de escritórios e empresas para virar uma ABS. Desses pedidos, só 117 ofereceram a documentação necessária para obter a licença. Além das 74 licenças já garantidas, a expectativa é de que mais 19 sejam fornecidas nos próximos meses. É pouca gente interessada, se se considerar que há no país mais de 10 mil escritórios registrados e operantes, que movimentam cerca de 20 bilhões de libras por ano. Os números mostram que, ao contrário do que se esperava, a abertura não fez da advocacia um dos investimentos mais procurados.

Uma pesquisa recente divulgada por uma faculdade de Direito, The College of Law, sugere que pelo menos os mais novos ainda estão receosos com a nova forma de advogar. Dos estudantes entrevistados, 58% responderam que preferem não trabalhar numa ABS. Apenas 1% afirmou preferir trabalhar numa ABS a um escritório de advocacia convencional. O medo dos alunos, segundo a pesquisa, é que a abertura para investimento externo banalize a profissão e, consequentemente, reduza os salários.

Aliás, medo este que poderia ser perfeitamente substituído pelo medo de não fazer nada para mudar o seu negócio.

Ficar parado achando que tudo vai mudar sozinho é muito mais preocupante do que um investidor não advogado na sociedade, penso eu.

Se há investidores, há dinheiro e há resposta de mercado para o negócio. Se houver rotina, marasmo, há perda de mudança, há um engessamento da atual situação e o mercado nos engole, literalmente.

Temos um ano a recém. É pouco tempo para dizermos se vai dar certo ou não. Daqui alguns anos termos elementos, números e indicadores para avaliar melhor tudo isto.

A lição de hoje é: Ao invés de nos preocuparmos apenas com o que os outros fazem (investidores no negócio, por exemplo), vamos pensar em como iremos mudar o nosso negócio para que ele seja cada vez melhor, lucrativo e com foco em resultado para quem sustenta o mesmo, ou seja, o cliente.

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Artigo escrito por Gustavo Rocha – Sócio da Consultoria GestaoAdvBr
www.gestao.adv.br | gustavo@gestao.adv.br

Como citar e referenciar este artigo:
ROCHA, Gustavo. Bancas jurídicas. Sócios não advogados. Dá certo?. Florianópolis: Portal Jurídico Investidura, 2013. Disponível em: https://investidura.com.br/colunas/gestao-tecnologia-e-qualidade-para-o-direito/bancas-juridicas-socios-nao-advogados-da-certo/ Acesso em: 22 nov. 2024