Diário de Estagiário

Capachão

 

Lembram da TV Colosso, programa infantojuvenil da TV GLobo em que os personagens, principalmente cachorros – também havia as três pulgas -, formavam uma emissora de televisão?


Quem bem lembra, vai recordar de personagens como a enorme Priscilla…




…ou o cãozinho da Nova Zelândia que contava mentiras e histórias exageradas.
Mas um personagem que sempre me deu nos nervos era o Capachão, o puxa-saco oficial do chefe da emissora. Sua função, como bem dito, era enaltecer a beleza e a inteligência do chefinho.

De vez em quando pinta por aí um advogado com síndrome de Capachão, pensando que, talvez, se der uma boa puxada de saco no juiz, consiga algo melhor, nem que seja uma certa tendência a decidir para o lado que escreve.


Essa veio de um caso criminal de estupro, onde o advogado pede a aplicação da Legítima Defesa para uma mãe que deixou o marido estuprar a filha de ambos:


“Não venham me dizr que não tenho razão, pois a base de minha razão é legal e, de lei, certamente Vossa Excelência entende mais que eu, como pode provar com decisões exaradas nesse processo que primam por uma técnica processual apurada e por um conhecimento de direito material invejável.”


Vou fingir que não vi o erro de digitação do “Dr.” defensor, já que a isso estamos todos sujeitos, mas qual é a função disso?


Vou começar a aplicar essa técnica na faculdade e ver se funciona com os professores. Imaginem a situação:

 

“Questão 1 – discorra sobre a diferença entre força maior e caso fortuito.
Resposta: Ora, caro professor, não há nem o que se discutir sobre o assunto, pois o Sr. já sabe, muito melhor que eu, mero acadêmico mortal que nem tem qualquer controle sobre a pópria nota e, muito menos, presença, qual é a natureza de tal desigualdade. Não devemos discutir o assunto, pois em sua maestral técnica de lecionar, o Sr. já exauriu o assunto em toda sua possibilidade, então para que a discussão? Limitemo-nos, então, a meramente acordar que o Sr. já domina o assunto e proceda na concessão de nota máxima, sim?”.

Para quem lê, sessão nostalgia. Atenção ao “bom dia, chefinho queri-do!”:
http://www.youtube.com/watch?v=_6fHAD_-h0I

 

Como citar e referenciar este artigo:
BELLI, Marcel. Capachão. Florianópolis: Portal Jurídico Investidura, 2010. Disponível em: https://investidura.com.br/colunas/diario-de-estagiario/capachao/ Acesso em: 22 dez. 2024