Sociedade

Não é o apocalipse

Resumo: A invocação de passagens bíblicas do fim dos tempos pode até reforçar a fé de alguns, porém, pode redundar em efeitos cruéis e arbitrários. Além de poder provocar o pânico absoluto e induzir a suicídio em massa. Trata-se apenas de mais uma crise sanitária de expressão mundial.

Palavras-Chave: Pandemia. Covid-19. Apocalipse. Religião. Pânico. Saúde física e mental.

A palavra “apocalipse” é originada no grego clássico e significa literalmente uma descoberta. Trata-se de revelação de grande conhecimento. Assim, em termos teológicos significa a revelação de algo muito relevante que estava oculto, o desvendamento de segredos celestiais que pode explicar as realidades terrenas. Nas culturas pagãs é comum haver visões assemelhadas a respeito do mesmo tema.

No Antigo Testamento hebraico existem algumas imagens a respeito do fim dos tempos e, era representado o julgamento dos ímpios e. ainda. a glorificação daqueles que receberam a justiça perante de Deus. O fim do mundo enfeixa sempre um aspecto pessoal, eivado de influências sociológicas e culturais.

Dom Quixote[1] recordou diante de um grupo de pastores, a visão da Grécia Clássica, quando cogitou de alguns séculos felizes, onde e quando se ignorava a existência de duas palavras: o seu e o meu. Igualmente os hindus afirmam que vivemos no período Kali Yuga[2], representante da era de disputas e hipocrisia que também é a última antes de um cataclismo purifique plenamente o planeta.

Porém, nem todas as ameaças são iguais e, nem todos os cataclismos possuem as mesmas dimensões. Cientistas e autoridades da meteorologia advertem que o aumento de mais de dois graus de temperatura média do planeta poderá provocar danos importantes para a sociedade humana, que terão dificuldade de se adaptar a certa frequência de fenômenos climáticos extremos nunca vistos anteriormente.

O coronavírus de Wuhan (China) traz uma fonte de terror apocalíptico e, o historiador Eric Hobsbawn[3] estimou que apenas seis a sete por cento de marinheiros ingleses mortos entre os anos de 1793 a 1815 durante as guerras contra Napoleão, faleceram em mãos de franceses.

Por outro lado, cerca de oitenta por cento morreu mesmo por causa de doenças e acidentes. Afinal, a sujeira, a precariedade de serviços médicos e a falta de higiene eram os maiores inimigos do que propriamente os canhões franceses.

A peste negra[4] provocada por uma reles bactéria exterminou cerca de um terço de toda população da Europa. Já a gripe espanhola matou cerca de vinte por cento dos infectados e levou a óbito o total de seis por cento de toda população do mundo. Durante a colonização das Américas, o principal inimigo foram os vírus. Enquanto que a peste bovina provocou tanta mortalidade na Europa que levou à fundação das faculdades de veterinária”.

A gripe espanhola[5] de 1918 “despovoou as zonas rurais”, e a praga de Justiniano[6] do século VII pôde ter influenciado o final do Império Romano. “Reduziu a população de tal maneira que não havia braços para cultivar a terra nem gente para defender a fronteira”.

Enfim, a ordem social se alterou, embora se enxergue a possibilidade de que uma doença provoque uma grande mortalidade, porém, considera muito difícil a extinção da humanidade por essa via.

Algumas doenças que não chamam a devida atenção do público nos países desenvolvidos matam de milhares de pessoas. Como exemplos, observa-se que somente o HIV[7], a tuberculose[8] e a malária acabam com a vida de cerca de 2,5 milhões de pessoas por ano, a maioria nos países pobres[9].

Em cidades como Jacarta, Dar es Salaam (Tanzânia) e Cairo, onde a maior parte da população não mora em edifícios de vidro e aço, mas de chapa e latão, onde há uma imigração em massa, uma gestão deficiente dos resíduos e pouco acesso aos recursos sanitários, há doenças que provocam uma grande mortalidade.

Os profetas do juízo final nos manipulam, mas deve-se advertir que não é o apocalipse. Mas, as pandemias tem o condão de fazer com que as pessoas entrem em pânico, e esvaziem suas mentes e, ainda, as prateleiras de supermercados. Os nefastos avisos do dia do juízo final espalham medo e paranoia.

De todo jeito, qualquer que seja o motivo para haver previsões do dia do juízo final não gozam de bom histórico, basta relembrar o bug do milênio e, ainda, o apocalipse maia[10]. Algumas pessoas previam o fim do calendário maia, exatamente em 21 de dezembro de 2012 para concluir que significava o fim do mundo. Previam que ondas gigantescas colidiriam com a Terra e, então, as vendas de kits de sobrevivência[11] disparam e, constam de relatos que até chegou-se a construir uma arca de Noé moderna[12].

Contam os historiadores que muitos cristãos da Europa do século XVII previram que o mundo terminaria em 1666 porque o número 666 representava a marca da besta[13] que está relacionada ao Livro do Apocalipse da Bíblia. Entre os crédulos, havia os que enxergaram no Grande Incêndio de Londres, que durou quatro dias seguidos, era começo do cumprimento da profecia. Enfim, reivindicar vagas impressões ou interpretações sobre eventos prováveis não corresponde à uma previsão.

A invocação de passagens bíblicas do fim dos tempos pode até reforçar a fé de alguns, porém, pode redundar em efeitos cruéis e arbitrários. Além de poder provocar o pânico absoluto e induzir a suicídio em massa.

Em verdade, o Livro de Apocalipse não é um livro sobre previsões e, sim, de consolação. Deve-se conter, essa tendência, e ter empatia[14], solidariedade e, principalmente, cultivar o cumprimento de regras sanitárias bem como a fé num futuro melhor. Em tempo recorde, já se tem várias vacinas que só tendem a se aprimorarem bem como a imunização da civilização humana.

A ciência informa que epidemias, mudanças climáticas e a guerra nuclear podem mesmo provocar muito sofrimento à humanidade, mas é bem improvável que causem sua extinção.

Devemos aprender com a presente realidade e, na defesa da saúde nos preparar para uma possível e futura pandemia, quando estaremos melhor equipados material e mentalmente. Questione-se intimamente: quem lucra com seu pânico?

O principal, nesse momento de grave crise sanitária, é manter-se calmo e ocupado, seja com exercícios físicos, leitura ou qualquer outra atividade. Trata-se de um novo fenômeno. E, as pandemias possuem um perfil bem similar a uma guerra e, mormente, contra um inimigo invisível que é o vírus.

Daí, ser relevante conter a ânsia de manter tudo em ordem e ocupar a mente. Programar ações de forma parcelada e dividir, se possível, as tarefas entre toda a família. O afeto é primordial e pode existir mesmo sem a manifestação física do abraço ou do beijo. Alguns recomendam exercícios de respiração e meditação e, ainda, conter o contágio do pânico que pode acarretar graves efeitos sociais.

Movimentos antivacinação voltaram a crescer nos últimos anos. Algumas pessoas contrárias ao uso de vacinas disseminam notícias falsas e propagam suas visões de que vacinar a população faz mal, o que é um problema grave, pois, a resistência à vacinação coloca em perigo toda a população.

Deve-se buscar informações apenas através de veículos de comunicação dotado de credibilidade[15] e sempre verificar as informações, especialmente, as recebidas por Whatsapp. Recomenda-se, por derradeiro, utilizar a criatividade para fugir da rotina. Continuem a usar máscaras, higienizar-se adequadamente, evitar aglomerações e, principalmente, procurem a vacinação (com as duas doses). Acreditem na dignidade humana pois é nossa melhor ferramenta para sobrevivência no planeta.

Referências

BBC News, Brasil. 666: Desvendando o verdadeiro significado do número da besta e outros mitos do Apocalipse. Disponível em:  https://www.bbc.com/portuguese/geral-36480815 Acesso em 22.6.2021.

BLAKE, John. CNN Brasil. Coronavírus traz à tona praga de previsões “do fim dos tempos”. Disponível em:  https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/2020/03/22/coronavirus-traz-a-tona-praga-de-previsoes-do-fim-dos-tempos  Acesso em 21.6.2021.

CÂMARA FILHO, Lauro Arruda. Gripe Espanhola: A Mãe das Pandemias. Disponível em:  https://hospitaldocoracao.com.br/novo/midias-e-artigos/artigos-nomes-da-medicina/gripe-espanhola-a-mae-de-todas-pandemias / Acesso em 21.6.2021.

CAMPOS, Lorraine Vilela. “O que são Fake News?”; Brasil Escola. Disponível em:  https://brasilescola.uol.com.br/curiosidades/o-que-sao-fake-news.htm  Acesso em 22 de junho de 2021.

Canal Tech. Arca de Noé moderna: agricultor cria cápsula para se proteger do fim do mundo. Disponível em:  https://canaltech.com.br/curiosidades/Arca-de-Noe-moderna-Agricultor-criou-capsula-para-se-proteger-do-fim-do-mundo/  Acesso em 21.6.2021.

D.A. CARSON, Douglas J. Moo; MORRIS, Leon. Introdução ao novo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 1997.

DOS SANTOS, Vanessa Sardinha. 5 problemas de saúde que mais matam no mundo. Disponível em:  https://mundoeducacao.uol.com.br/doencas/5-problemas-saude-que-mais-matam-no-mundo.htm  Acesso em 21.6.2021.

HIJAR, Miguel Aiub; DE OLIVEIRA, Maria José Procópio Riberio; TEIXEIRA, Gilmário M. A tuberculose no Brasil e no Mundo. Disponível em:  http://scielo.iec.gov.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-460X2001000200003  Acesso em 21.6.2021.

MARCELLO, Carolina. Livro Dom Quixote, de Miguel de Cervantes. Disponível em:  https://www.culturagenial.com/livro-dom-quixote-de-miguel-de-cervantes/  Acesso em 21.6.2021.

MEDIAVILLA, Daniel. El País. O que a ciência tem a dizer sobre o Apocalipse. Disponível em:  https://brasil.elpais.com/ciencia/2020-02-02/o-que-a-ciencia-tem-a-dizer-sobre-o-apocalipse.html Acesso em 21.6.2021.

Ministério da Saúde. Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente transmissíveis. Disponível em:  http://www.aids.gov.br/pt-br/publico-geral/o-que-e-hiv Acesso em 22.6.2021.

PINA, Jaime. A covid-19, as sucessivas crises sanitárias do século XXI e os quatro cavaleiros do apocalipse. Disponível em:  https://www.publico.pt/2020/08/15/sociedade/noticia/covid19-sucessivas-crises-sanitarias-seculo-xxi-quatro-cavaleiros-apocalipse-1928180 Acesso em 21.6.2021.

ROSENSTEIN, Ligia. O que é empatia, na prática. Disponível em:  https://escolaconquer.com.br/blog/o-que-e-empatia-na-pratica/  Acesso em 21.6.2021.

SILVA, Daniel Neves. “Peste negra”; Brasil Escola. Disponível em:  https://brasilescola.uol.com.br/historiag/pandemia-de-peste-negra-seculo-xiv.htm . Acesso em 22 de junho de 2021.

SOUZA, Felipe. BBC News Brasil em São Paulo. Coronavírus: o que fazer para evitar depressão, ansiedade e pânico durante isolamento. Disponível em:  https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/bbc/2020/03/31/coronavirus-o-que-fazer-para-evitar-depressao-ansiedade-e-panico-durante-isolamento.htm Acesso em 21.6.2021.

SPITZCOVSKY, Débora. Contra apocalipse ambiental, Rússia cria Arca de Noé moderna e sustentável. Revista Super Interessante Disponível em:  https://super.abril.com.br/blog/planeta/contra-apocalipse-ambiental-russia-cria-arca-de-noe-moderna-e-sustentavel/  Acesso em 21.6.2021.



[1] Considerada a maior obra da literatura espanhola e o segundo livro mais lido da História, seu contributo para a cultura ocidental é incalculável. Dom Quixote é apontado como o primeiro romance moderno. Quixote mistura fantasia e realidade, se comportando como se estivesse em um romance de cavalaria. Transforma obstáculos banais (como moinhos de vento ou ovelhas) em gigantes e exércitos de inimigos. É derrotado e espancado inúmeras vezes, sendo batizado de “Cavaleiro da Fraca Figura”, mas sempre se recupera e insiste nos seus objetivos. Um dos elementos que mais captam a atenção dos leitores é a relação entre Dom Quixote e Sancho Pança e a estranha simbiose que se forma entre eles. Apresentando visões opostas do mundo (espiritualista / idealista e materialista / realista), os personagens contrastam e se complementam simultaneamente, criando uma grande amizade.

[2] É a última das quatro etapas que o mundo atravessa, sendo, as demais: Satya Yuga, Treta Yuga e Dwapara Yuga. Seu ponto de início e sua duração têm dado origem a diferentes avaliações e interpretações. De acordo com a mais conhecida, o Siddhanta Surya, Kali Yuga começou à meia-noite em 18 de fevereiro de 3102 a.C. no calendário juliano, ou 23 de janeiro de 3102 a.C. no calendário gregoriano, considerada a data em que Krishna deixou a Terra para retornar a Goloka Vrindavana, sua morada espiritual. Kali Yuga está associado ao demonio Kali (não deve ser confundido com a deusa K?l?). O “Kali” de Kali Yuga significa “conflito”, “discórdia” ou “disputa”.

[3] Eric John Ernest Hobsbawm (Alexandria, 9 de junho de 1917 – Londres, 1 de outubro de 2012) foi um historiador marxista britânico reconhecido como um importante nome da intelectualidade do século XX. Ao longo de toda a sua vida, Hobsbawm foi membro do Partido Comunista Britânico. Em 1994 publicou “A Era dos Extremos” onde o historiador analisa o período compreendido entre 1914, início da Primeira Guerra, e 1991, ano da queda da União Soviética e o fim dos regimes socialistas do Leste Europeu. O livro tornou-se uma das obras mais lidas sobre a história recente da humanidade, foi traduzida em mais de 40 idiomas e recebeu muitos prêmios internacionais. “Em Tempos Interessantes” (2002) o autor discorre sobre o século XX onde relaciona fatos históricos com sua trajetória de vida, sendo considerada uma obra autobiográfica. Eric Hobsbawm influenciou gerações de historiadores e políticos. Foi Membro da Academia Britânica e da Academia Americana de Artes e Ciências. Foi professor convidado na Universidade de Stanford, no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e na Universidade de Cornell. Dono de uma vasta obra, entre elas: “Bandidos” (1969), “Sobre a História” (1998), “Globalização, Democracia e Terrorismo” (2007), “Como Mudar o Mundo – Marx e Marxismos” (2011) e “Tempos Fraturados: Cultura e Sociedade no Século XX” (2013, obra póstuma).

[4] A peste negra, também conhecida como peste bubônica ou simplesmente a Peste, é uma doença grave e muitas vezes fatal causada pela bactéria Yersinia pestis, que é transmitida através das pulgas de animais roedores aos seres humanos. A peste bubônica é uma doença causada pelo Yersinia pestis, uma bactéria que é encontrada em pulgas que ficam em ratos contaminados. Quando as pulgas contaminadas têm contato com seres humanos, a transmissão da doença acontece. A partir daí, a peste pode ser transmitida de humano para humano pelas secreções do corpo ou pela via respiratória.

[5] A gripe espanhola, também conhecida como gripe de 1918, foi uma vasta e mortal pandemia do vírus influenza. De janeiro de 1918 a dezembro de 1920, infectou uma estimativa de 500 milhões de pessoas, cerca de um quarto da população mundial na época. Não se sabe o local de origem, suspeita- se que pode ter sido na China, no Reino Unido ou nos Estados Unidos. Mas sabe-se que ela se iniciou de uma mutação do vírus Influenza(H1N1), que se espalhou das aves para os humanos. Os primeiros casos foram registrados nos Estados Unidos, numa instalação militar em Kansas (Fort Riley), quando o soldado Albert Gitchell apresentou os sintomas da gripe, em 11 de março de 1918. Após algumas semanas, mais de mil e cem militares foram contaminados, e depois casos foram detectados em trabalhadores de fábricas em Detroit. A gripe espanhola espalhou-se pelo mundo principalmente, por conta da movimentação de tropas no período da 1ª Guerra Mundial, com impacto direto nos países que participavam desse conflito. Esses países não divulgavam notícias sobre a doença – o presidente norte americano Woodrow Wilson (1856-1924) censurou a imprensa para que as mortes não fossem noticiadas. Como a Espanha não estava envolvida diretamente no conflito, as notícias sobre a doença vinham de lá, e por isso ficou conhecida como “Espanhola”.

[6] A praga de Justiniano ou peste de Justiniano foi uma pandemia, ocorrida no reinado do imperador Justiniano I (r. 527–565), causada pela peste bubônica que afetou o mundo mediterrâneo, com maior incidência no Império Bizantino entre os anos de 541 e 544. Um dos arquivistas do Império Bizantino, Procópio de Cesareia, foi o primeiro a descrever os sintomas da peste de justiniano. Eles davam-se a partir de febres, aparecimento de bubões, que eram pústulas e tumores na pele.

[7] HIV é a sigla em inglês do vírus da imunodeficiência humana. Causador da aids, ataca o sistema imunológico, responsável por defender o organismo de doenças. As células mais atingidas são os linfócitos T CD4+. E é alterando o DNA dessa célula que o HIV faz cópias de si mesmo. Depois de se multiplicar, rompe os linfócitos em busca de outros para continuar a infecção. Ter o HIV não é a mesma coisa que ter aids. Há muitos soropositivos que vivem anos sem apresentar sintomas e sem desenvolver a doença. Mas podem transmitir o vírus a outras pessoas pelas relações sexuais desprotegidas, pelo compartilhamento de seringas contaminadas ou de mãe para filho durante a gravidez e a amamentação, quando não tomam as devidas medidas de prevenção. Por isso, é sempre importante fazer o teste e se proteger em todas as situações.

[8] O Brasil teve 66.819 casos novos de tuberculose em 2020 com um coeficiente de incidência de 31,6 casos por 100 mil habitantes. Em 2019, foram diagnosticados 73.864 casos novos de TB —35 casos por 100 mil habitantes. A grave situação mundial da tuberculose está intimamente ligada ao aumento da pobreza, à má distribuição de renda e à urbanização acelerada. Este quadro contribui para a manutenção da pobreza, pois, como a aids, a tuberculose atinge, principalmente, indivíduos que poderiam ser economicamente ativos. A epidemia de aids e o controle insuficiente da tuberculose apontam para a necessidade de medidas enérgicas e eficazes de saúde pública. A emergência de focos de tuberculose multirresistente (TBMR), tanto nos Estados Unidos da América, no início dos anos noventa, quanto atualmente, nos países que compunham a antiga União Soviética, tem mobilizado o mundo para a questão da tuberculose. A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que haja anualmente 1,9 milhões de mortes por tuberculose, 98% delas em países em desenvolvimento – cerca de 350.000 mortes em casos de associação da tuberculose com a Aids.

[9] De acordo com os dados da OMS, os cinco problemas de saúde que mais matam no mundo são: 1º: Cardiopatia isquêmica; 2º: Acidente vascular cerebral (AVC); 3º: Doença pulmonar obstrutiva crônica; 4º: Infecções das vias respiratórias inferiores; 5º: Alzheimer e outras demências.

[10] Profissionais especializados na cultura maia dizem que as previsões de morte iminente não são encontradas em nenhum dos clássicos dessa civilização e a ideia de que o calendário de contagem longa “termina” em 2012 deturpa a cultura e história maia. Astrônomos e outros cientistas rejeitaram as teorias como sendo pseudociência, afirmando que elas são conflitantes com simples observações astronômicas, e que “existem preocupações mais importantes para a ciência, tais como o aquecimento global e a perda de diversidade biológica. A NASA tem comparado os medos em relação ao ano de 2012 com o fenômeno “Bug do milênio” no final da década de 1990, sugerindo que uma adequada análise dos fatos pode impedir temores de um desastre.

[11] Os kits de sobrevivência são conjuntos de objetos selecionados especialmente para situações de emergência. Sem exagerar, um bom kit de emergência pode ser a diferença entre a vida e a morte. Por isso, eles são essenciais em trilhas e acampamentos, ajudando um aventureiro perdido a se orientar e se proteger na natureza. E eles são úteis não apenas nessas situações, mas em muitas das emergências que podemos ter no dia a dia.

[12] Na dúvida, arquitetos russos da Remistudio criaram o Ark Hotel, uma espécie de hotel-barco que pretende abrigar pares de espécies de animais, em caso de tragédias naturais. O Ark Hotel é, mesmo, uma versão da Arca de Noé, mas muito mais moderna e sustentável. A estrutura promete resistir não só a dilúvios, mas também a outras catástrofes naturais, que – levando em conta nosso atual contexto ambiental, onde as mais prováveis de acontecer a cada dia. Entre estas estão: terremotos, maremotos e inundações causadas pela elevação do nível do mar. Um chinês chamado Liu Qiyan já está mais do que preparado para encarar o fim do mundo. Ele criou uma cápsula de sobrevivência, apelidada como ‘Arca de Noé’, que promete proteger as pessoas de terremotos e até mesmo tsunamis. A ‘Arca de Noé’ é equipada com cintos de segurança, tanques de oxigênio e algumas possuem até mesmo um sistema de propulsão próprio. Cada uma das cápsulas é capaz de abrigar até 14 pessoas ao mesmo tempo, e Liu já fabricou sete modelos. In:  https://super.abril.com.br/blog/planeta/contra-apocalipse-ambiental-russia-cria-arca-de-noe-moderna-e-sustentavel/   Acesso em 22.6.2021.

[13] O número da besta ou marca da besta é, de acordo com a tradição cristã, o número correspondente ao sinal da besta. Os manuscritos gregos (na realidade cópias de um protótipo que, ainda que outros discutem a originalidade, foi escrito em hebraico) escrevem a frase como ???´ (666 em forma numérica grega) ou algumas vezes ????????? ???????? ?? (“seiscentos e sessenta e seis”, por extenso). A origem da profecia está associada ao trecho das Escrituras Sagradas Judaico-Cristã (o termo Judaico-Cristão é apropriado para caracterizar o conjunto de livros composto pelo Velho Testamento e Novo Testamento; a Bíblia Sagrada dos Cristãos), mais precisamente no Livro de Apocalipse (Livro de Revelações escrito por João Evangelista), no capítulo 13. O livro de Apocalipse trata de revelações dadas pelo Deus Bíblico, relatando acontecimentos proféticos de um determinado período do tempo da história, a saber, o último período da contagem dos dias antes do fim dos tempos. Sua essência foi usada como fonte de superstições no decorrer da história. A associação do tipo de marca tratado em Apocalipse 13 faz ênfase ao costume comum de se marcar aquilo que lhe é de propriedade. Emblemas feitos a ferro e aquecidos ao fogo são usados para marcar e identificar animais de porte econômico como gados, cavalos,etc. Uma associação provável do uso de marcas em homens está relacionada à téssera, sinal marcado sobre os escravos romanos. O autor de Apocalipse associa à restrição do mercado aos que possuíssem a marca da besta (Apocalipse 13:16-17). No Apocalipse, todo o complexo dado para a formação da profecia do fim dos tempos possui uma estrutura revelada em forma de uma trindade: o dragão, a besta e o falso profeta. Visto que 6 é o número do homem, pois foi criado no sexto dia por Deus (Gênesis 2:26-31); o número “666” representa uma trindade humana imitando a trindade divina, a trindade: Pai, Filho e Espírito Santo. Sendo assim, três vezes seis deve referir-se a uma estrutura humana homem que se apresenta como a trindade divina. Assim como os imperadores romanos e muitos outros, antes e depois deles, o Anticristo, chamado também de “O Assolador” (Daniel 9:27), se julgarão igual a Deus (2 Tessalonicenses 2:4). Os números 13 e 666 retêm um significado peculiar na cultura e psicologia das sociedades ocidentais. É perceptível como muitos tentam evitar os supostos números de “azar” 13 e 666; e as fobias a esses números são chamadas de “triscaidecafobia” e “hexacosioihexecontahexafobia”, respectivamente. Por exemplo, quando a gigantesca fábrica de CPU Intel introduziu o Pentium III 666 MHz em 1999, eles escolheram para o mercado o Pentium III 667 com o pretexto de que a velocidade 666,666 MHz teria mais especificamente proximidade ao inteiro 667 do que o inteiro 666 MHz.

[14] A empatia refere-se à habilidade psíquica de perceber o mundo a partir do olhar de uma outra pessoa, isto é, de compreender de maneira profunda as razões e sentimentos que motivam as suas ações evitando julgamentos antecipados. Empatia, em termos bem simples, é a capacidade de colocar-se no lugar do outro, e na liderança, ter essa habilidade significa comandar considerando a equipe em primeiro lugar. Empatia vai muito mais além, envolve presença e escuta de verdade. É como se a outra pessoa estivesse segurando um novelo de lã todo bagunçado, você deixasse o novelo se desenrolar e aí sim dissesse “Eu não sei o que te dizer agora, mas estou feliz que você se abriu comigo”.

[15] A Agência Lupa é uma criação da Revista Piauí com a Fundação Getúlio Vargas e com a rede Um Brasil. Lançada em 2015, o site analisa conteúdo nacional e internacional e classifica-os em: verdadeiro; verdadeiro, mas; ainda é cedo para dizer; exagerado; contraditório; insustentável; falso e de olho. O Boatos.org é um site formado por vários jornalistas brasileiros que investigam conteúdos que circulam nas redes e informam aos leitores se são verdadeiros ou falsos. Outra agência especializada em desvendar Fake News é “Aos Fatos”. Seus criadores fazem parte de uma rede internacional de investigadores e trabalham com a análise dos assuntos mais populares da internet. O site possui uma parceria com o Facebook para ajudar os usuários do Messenger (serviço de mensagens instantâneas da empresa) na navegação e identificação da veracidade dos posts. As notícias são definidas pela equipe como verdadeiras, imprecisas, exageradas, contraditórias, insustentáveis e falsas. Fake News são notícias falsas publicadas por veículos de comunicação como se fossem informações reais. Esse tipo de texto, em sua maior parte, é feito e divulgado com o objetivo de legitimar um ponto de vista ou prejudicar uma pessoa ou grupo (geralmente figuras públicas).

As Fake News têm um grande poder viral, isto é, espalham-se rapidamente. As informações falsas apelam para o emocional do leitor/espectador, fazendo com que as pessoas consumam o material “noticioso” sem confirmar se é verdade seu conteúdo. O poder de persuasão das Fake News é maior em populações com menor escolaridade e que dependem das redes sociais para obter informações. No entanto, as notícias falsas também podem alcançar pessoas com mais estudo, já que o conteúdo está comumente ligado ao viés político. Segundo levantamento feito por veículos de comunicação, como a Folha de São Paulo, as páginas de Fake News têm maior participação dos usuários de redes sociais do que as de conteúdo jornalístico real. De 2017 a 2018, os veículos de comunicação tradicionais apresentaram queda de 17% em seu engajamento (interação), enquanto os propagadores de fake news tiveram um aumento de 61%.

Como citar e referenciar este artigo:
LEITE, Gisele. Não é o apocalipse. Florianópolis: Portal Jurídico Investidura, 2021. Disponível em: https://investidura.com.br/artigos/sociedade/nao-e-o-apocalipse/ Acesso em: 26 dez. 2024