Via de regra, candidatos do exame da ordem dos advogados são de dois tipos: aqueles que se mataram de estudar e aqueles que nem abriram o livro.
Os que se mataram de estudar se subdividem entre os que vão passar agora e os que passarão na próxima prova. Passar na próxima pode ser: ou por falta
de sorte, já que a matéria a ser estudada é imensa em quantidade, nunca se sabe tudo de tudo e as questões da prova versavam exatamente sobre temas que
o estudioso não dominava ainda; ou, apesar de ter conhecimentos necessários, não soube administrar tempo, nervosismo ou os dois.
A falta de sorte pode ser por dificuldades extrínsecas. O candidato pode ficar com aquela dor de barriga, logo após o início do exame. Infelizmente,
não dá pra levar a prova ao banheiro.
Tem aqueles que se mataram de estudar, mas fazem questão de dizer a todos que não estudaram nada. Essa atitude ajuda a aliviar a responsabilidade
social e familiar, caso dê azar no exame. De qualquer forma, a prova é difícil realmente, mas a divisão dos que se mataram de estudar cedo ou breve
lograrão êxito.
O curioso na categoria dos que nem abriram o livro, fica por conta daqueles que, mesmo assim, passam na prova. Ou são daqueles seres iluminados – não
conheço nenhum – ou tiraram muito proveito do curso de Direito que faziam. Boa instituição de ensino, aluno autodidata, convívio familiar ou
profissional intenso e adequado na área jurídica, são fortes fatores que, certamente, precisam ser somados para esse tipo de sucesso (passar na prova
sem se matar de estudar).
O exame da OAB realmente é difícil, tem uma série de falhas, mas não é impossível. Exige do candidato a advogado muito menos do que exigirá o cliente
que o procurará para a defesa de seus interesses. A vida profissional do advogado atuante cobra preparo e conhecimento deste muito mais intenso que o
exame espera dos candidatos.
Quem questiona a validade do exame da ordem é porque não conhece o esforço diário que o bom advogado desfere em ampliar, aprofundar seus conhecimentos.
A carteira da sala de prova só tem um lado. É o candidato contra si mesmo. Entretanto, nas discussões judiciais, há vários interesses, sendo defendidos
por diferentes profissionais; há um juiz que deverá optar por apenas uma das teses; há clientes para dar satisfação; há despesas a serem quitadas; há
dificuldades diversas a serem ultrapassadas e, principalmente, há reconhecimento profissional a ser alcançado.
O exame da OAB não é a maior barreira a ser transponida por quem opta pela carreira jurídica de advogado é apenas uma destas barreiras, um importante
momento que dá ao bacharel noção do que virá pela frente.
Estudar sempre será um fardo, ou uma benção que o profissional do direito carregará com sigo. Minha sugestão para quem optou pelas ciências jurídicas
é: mate-se de estudar, antes da prova e depois desta.
Lúcio Corrêa Cassilla
Pedagogo e Advogado
cassilla@uol.com.br