Visão Liberal

Sinal desastroso na economia

A semana foi encerrada com uma sinalização desastrosa do governo de Dilma Rousseff sobre o futuro imediato da Nação, ao revisar as metas de arrecadação e de superávit primário. De novo, temos que a presidente reafirmou sua crença no desenvolvimentismo e não deu bolas para a racionalidade. A reação do mercado foi imediata, com seguidas quedas na bolsa de valores e desvalorização do real. O Brasil pode perde o famoso grau de investimento.

Surpresa ainda maior que o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, tenha endossado essa insanidade, quando, dois dias antes, foi peremptório ao dizer que a meta de superávit primário não seria revista. A imprensa registrou que ele foi derrotado pela linha “desenvolvimentista”, nomeadamente o ministro Aloizio Mercadante e pelo ministro Nelson Barbosa. Na verdade, foi derrotado mesmo pelas crenças da presidente, que nisso ela tem sido muito consistente ao longo do tempo. Joaquim Levy virou um morto-vivo dentro do governo, soterrado pelo poderio daqueles que seguem a ideologia nociva oriunda da CEPAL, o desenvolvimentismo.

Ao aceitar o número de 0,15% do PIB como meta, o governo confessou sua impotência diante dos gastos, mesmo diante da queda brusca nas receitas, verificada no primeiro semestre. Foi o mesmo que confirmar para a sociedade que o governo fechará 2015 deficitário fiscal em larga escala, podendo haver expansão da dívida pública, piorando a sua relação com o PIB. Só a conta da elevação dos juros da dívida pública vai devorar um bom pedaço do produto. É bem verdade que um corte maior de gastos envolveria cortar as despesas correntes, de onde o PT retira seus recursos, emprega seu pessoal e tenta obter legitimidade. Mas esta legitimidade é também derivada da estabilidade, que foi perdida. De agora em diante veremos o esfacelamento da economia, via inflação e via desvalorização cambial. Ninguém sabe onde acabará, onde é o fundo do poço. Os índices de popularidade da presidente, já indigentes, cairão ainda mais.

A crise política em curso será agravada pela divulgação paulatina dos indicadores econômicos ao longo dos próximos meses. Fato que a inflação chegará aos dois dígitos, barreira psicológica que afetará profundamente o governo diante da opinião pública. Os déficits crescentes a serem registrados jogarão sobre o país a desconfiança dos investidores, piorando as coisas. Poderá haver fuga de capitais.

Só caberia ao ministro Joaquim Levy demitir-se imediatamente, sinalizando de vez a opção estratégica de política econômica feita pelo governo. Sua permanência no governo é uma imoralidade, pois endossa a irresponsabilidade fiscal assumida. Esse certamente é o melhor momento para a sua saída, pois a decisão foi sacramentada contra sua vontade e ele não tem mais em que contribuir para contornar a crise econômica. A menos que queira se manter no governo até que ele afunde, o que seria ainda mais indecoroso.

Dilma Rousseff jogou todas as suas fichas ao optar pela irresponsabilidade fiscal, mas quem pagará a conta são os brasileiros. As condições materiais para que ela continue a governar estão desaparecendo rapidamente.

Quem viver verá.

PS. A revista Veja trouxe hoje reportagem devastadora sobre a cumplicidade do ex-presidente Lula nos fatos e atos que dão base aos processos do mensalão. Dificilmente ele escapará da prisão, assim como Antonio Palocci e José Dirceu, se as delações anunciadas de Léo Pinheiro à Justiça e de Marcos Valério ao Congresso Nacional acontecerem. O Brasil saberá que essa gente formou uma gangue de bandidos devastadora, que está destruindo o país. Ainda bem que a Justiça está fazendo a sua parte, antes que o Brasil acabe na miséria.

www.nivaldocordeiro.net – 25/07/2015

Como citar e referenciar este artigo:
CORDEIRO, Nivaldo. Sinal desastroso na economia. Florianópolis: Portal Jurídico Investidura, 2015. Disponível em: https://investidura.com.br/colunas/visao-liberal/sinal-desastroso-na-economia/ Acesso em: 22 nov. 2024