Somente os ignorantes têm opinião formada sobre tudo
Ricardo Bergamini*
Somente por ignorância ou por estupidez uma pessoa poderia defender a orgia reinante no Brasil, em relação aos servidores públicos. Tenho plena convicção de que todos os servidores de carreira não estão satisfeitos com a desordem reinante, inclusive os funcionários de alto nível do Ministério da Fazenda que elaboram a contabilidade governamental e divulgam, mensalmente, os números ora colocados.
A – Quantitativo dos servidores da União
Com base nos números conhecidos no mês de Dezembro de 2008, comparando com dezembro de 2002, houve aumento do efetivo da ordem 316.809 servidores: Legislativo – 4.739; Judiciário -13.455; Executivo Militar – 174.330 recrutas; Executivo Civil – 111.346 e Ex-territórios e DF de 12.939.
Efetivo de Pessoal da União – Fonte MF
Base: Dezembro de 2008
*Variação: Dezembro de 2008 em relação a Dezembro de 2002
ÓrgãoDEZ/02DEZ/08Variação*
Legislativo30.84735.5864.739
Judiciário102.809116.26413.455
Executivo1.649.4131.935.089285.676
Ex-Territórios e DF180.808193.74712.939
Total1.963.8772.280.686316.809
Como justificar?
1 – Acréscimo de 4.739 servidores no Legislativo Federal, passando para um efetivo total de 35.586 servidores (ativos, inativos e pensionistas), com salário médio/mês de R$ 13.816,29 para atender 513 deputados federais e 81 senadores, enquanto o salário médio/mês dos servidores do executivo civil é de apenas R$ 4.994,79 e o executivo militar de R$ 3.751,84 E o salário médio/mês dos trabalhadores formais da iniciativa privada de R$ 1.284,90 (75,66% menor do que o salário médio/mês dos servidores da União). Não podemos esquecer do salário médio/mês do Judiciário de R$ 15.983,74.
2 – O custo total de pessoal da União aumentou de R$ 75,0 bilhões em 2002 parta R$ 144,5 bilhões em 2008. Incremento nominal de 92,67% em relação ao ano de 2002. Variação do IPCA no período de 2003/2008 – 52,60%. Crescimento real acima da inflação de 26,25%.
3 – Se o acima colocado não é uma desordem na gestão dos servidores públicos federais. O que seria então?
B – A absurda da concentração de servidores da União no Distrito Federal e no Rio de Janeiro
Gastos com Pessoal da União, por Unidade da Federação – Fonte MF.
Base: Ano de 2008
Unidade da FederaçãoR$ Bilhões%
Distrito Federal86,759,98
Rio de Janeiro25,917,93
Amazônia 4,93,40
Demais Estados27,018,69
Total144,5100,00
Conclusões:
– 77,91% dos gastos com pessoal da União (civis e militares) se concentram no Distrito Federal (59,98%), e no Rio de Janeiro (17,93%).
– Apenas 3,40% dos gastos com pessoal da União (civis e militares) se concentram nos 10 estados da Amazônia acima citados.
C – A aberração das distorções de salários entre os poderes da República.
Salário Médio/Mês dos Servidores da União – Por Poderes – Fonte MF
Base: Ano de 2008
Poderes da UniãoQuantitativoR$ BilhõesMédia/Mês R$ 1,00
Executivo Civil1.371.42982,24.994,79
Executivo Militar757.40734,13.751,84
Judiciário116.26422,315.983,74
Legislativo35.5865,913.816,29
Total2.280.686144,55.279,84
1 – Estamos considerando o total de ativos, inativos, pensionistas, diretos, indiretos e intergovenamentais.
2 – O salário médio/mês dos trabalhadores formais da iniciativa privada foi de R$ 1.284,90 (75,66% menor do que o salário médio/mês dos servidores da União).
D – A aberração dos gastos com pessoal militar: 39,00% com ativos e 61,00% com inativos (reserva, reforma e pensão). Distorção gerada pela infame pensão das filhas de militares.
Despesas do Ministério da Defesa – Fonte MF
Base: Ano de 2008
ItensQuantitativoR$ Bilhões%
Ativos427.69813,328,97
Reserva e Reforma138.00911,424,84
Pensionistas191.7009,420,48
Total Pessoal Militar757.40734,174,29
Outras Despesas-11,825,71
Total Geral757.40745,9100,00
Em 2008 o Ministério da Defesa teve uma despesa total de R$ 45,9 bilhões, sendo que R$ 34,1 bilhões (74,29%) foram gastos com pessoal, restando R$ 11,8 bilhões (25,71%) para gastos com outros custeios e investimentos, conforme quadro demonstrativo acima.
Notas:
1- Não consideramos o quantitativo de 111.213 servidores civis do Ministério da Defesa (Ativos, Inativos e Pensionistas) de responsabilidade do Tesouro Nacional.
Creio que agora temos o mínimo de informações para um debate adulto e maduro sobre o tema. Estou aguardando os comentários.
* Economista, formado em 1974 pela Faculdade Candido Mendes no Rio de Janeiro, com cursos de extensão em Engenharia Econômica pela UFRJ, no período de 1974/1976, e MBA Executivo em Finanças pelo IBMEC/RJ, no período de1988/1989. Membro da área internacional do Lloyds Bank (Rio de Janeiro e Citibank (Nova York e Rio de Janeiro). Exerceu diversos cargos executivos, na área financeira em empresas como Cosigua – Nuclebrás – Multifrabril – IESA Desde de 1996 reside em Florianópolis onde atua como consultor de empresas e palestrante, assessorando empresas da região sul.. Site: http://paginas.terra.com.br/noticias/ricardobergamini
Compare preços de Dicionários Jurídicos, Manuais de Direito e Livros de Direito.