Política

Despolitização Estudantil

 

Edição nº 5 – Ano I

 

 

 

Lamentavelmente, a grande maioria dos estudantes universitários de todos os cursos são despolitizados. O estudante deve ter participação ativa em sua vida de adolescente e estudantil, mas tem obrigação de ser politizado. Considerando que os estudantes compõem a minoria privilegiada do Brasil que chega aos bancos universitários, são eles que devem dar o exemplo, pois assumirão posições de lideranças em todas as categorias. Dados apontam que há um grande percentual  de viciados em tóxicos e em bebidas alcoólicas, contribuindo ainda mais para a violência. Exemplo são os trotes violentos, humilhações impostas aos calouros e agressões físicas.

 

Em pesquisa realizada há alguns anos, publicado pela Folha de São Paulo revelava que 56% das pessoas entrevistadas, diziam que não estavam interessadas nas eleições. Falta ousadia e mais coragem aos estudantes. Onde estão os movimentos estudantis e as críticas que ajudam a construir caminhos?  Por que os estudantes de medicina (nos referimos aos violentos), ao invés de trotes violentos não iniciam projetos ousados em prol da saúde de milhões de brasileiros enfermos?

 

Partes da grande massa estudantil além de despolitizada, nada lêem e vivem apenas de informações da  internet, baladas e drogas. Que belos profissionais teremos. Espera a sociedade que estes estudantes violentos modifiquem o comportamento e se tornem profissionais competentes. Ainda bem que é uma minoria. Assusta amanhã alguém se submeter a uma consulta médica e orientação com “um tipo destes”.  As denúncias por “erros médicos”  em cirurgias, orientações e medicamentos errados crescem no país. Para confirmar esta alegação basta percorrer os fóruns e os tribunais.

 

A despolitização e ignorância política de certos segmentos estudantis levam a imposição de humilhações como foi o caso da jovem Geissy. Enquanto a corrupção cresce no país, com partidos políticos frágeis, os estudantes acompanham o ritmo. É o momento (já atrasado) de politização dos estudantes. Conclamamos os dirigentes estudantis a oferecer  cursos, palestras de politização e história do movimento estudantil no Brasil. Senhores universitários, saibam que foram os estudantes do mundo inteiro que obrigaram países a produzirem mudanças políticas, sociais, econômicas e culturais. Sigam alguns exemplos: Em 1895, na Rússia, jovens estudantes como Lênin, Trotsky, Kamenev, Plakanov e outros, fundaram o primeiro Partido Comunista que revolucionaria a esquerda mundial. Na China, em 1989, um estudante solitário enfrentou tanques do exército chinês, na revolta da Praça de Tiananmem, em 5 de junho de 1989, o que faria a China iniciar profundas mudanças. Em 1964, 1966 e 1968, estudantes do Brasil fizeram grandes movimentos e passeatas para firmarem um processo democrático e assim tem acontecido no mundo inteiro, como foram os movimentos da França, do México e dos Estados Unidos quando acabaram com a guerra do Vietnã. Mas, vós estudantes violentos e despolitizados até quando continuarão usando drogas e aplicando trotes inconseqüentes? Que pena! Caminham para se tornarem péssimos profissionais. Vamos dêem exemplos, mas não sigam os maus exemplos, senhores despolitizados. Nada é impossível de se mudar, conforme afirmava Bertold Brecht: “Desconfiai do mais trivial e na aparência singela. E examinai, sobretudo, o que parece habitual. Suplicamos expressamente: não aceiteis o que é de hábito como coisa natural, pois em tempo de desordem sangrenta, de confusão organizada, de arbitrariedade consciente, de humanidade desumanizada, nada deve parecer natural e nada deve parecer impossível de mudar”.

 

 

* Olavo A. Arruda D´Câmara, Advogado, Professor de  Direito Político, Eleitoral e Constitucional. Ex-Secretário Municipal de Educação

 

 

Como citar e referenciar este artigo:
D´CÂMARA, Olavo A. Arruda. Despolitização Estudantil. Florianópolis: Portal Jurídico Investidura, 2010. Disponível em: https://investidura.com.br/artigos/politica/despolitizacao-estudantil/ Acesso em: 22 nov. 2024