Política

Brasil: museu de grandes novidades

Brasil: museu de grandes novidades

 

 

Ricardo Bergamini*

 

 

1- Entre os anos de 1997 e 1998 foram federalizadas as dívidas dos estados e municípios, com prazo de 30 anos para pagamento, com juros de 6% ao ano e compromisso de pagamento limitado a 13% de suas receitas.

 

2- A dívida acima, atualizada com base no mês de setembro de 2002, monta em R$ 355,8 bilhões, assim distribuídas: São Paulo (R$ 134,5 bilhões); Rio de Janeiro (R$ 44,4 bilhões); Minas Gerais (R$ 38,4 bilhões); Rio Grande do Sul (R$ 25,9 bilhões); Paraná (R$ 14,9 bilhões). Somente estes cincos estados representam 72,50% do total da dívida.

 

3- Com base na análise econômica e financeira abaixo, podemos detectar que os mesmos estados, socorridos entre 1997 e 1998, encontram-se novamente em situação falimentar, dependendo, mais uma vez, do socorro do resto da nação pobre e miserável.

 

Análise Econômico–Financeira dos Estados e Municípios –Ano de 2001- Fonte MF – Base R$ bilhões

 

 

Análise Financeira

Análise Econômica

Estados

Receitas

Despesas

Saldo

Ativo Real

Passivo Real

Patrimônio Líquido

AC

0,9

0,9

0,3

0,8

-0,5

AL

1,6

1,4

0,2

0,7

3,4

-2,7

AM

3,0

3,2

-0,2

2,7

2,2

0,5

AP

0,8

0,8

0,6

0,3

0,3

BA

8,3

8,5

-0,2

10,7

11,0

-0,3

CE

4,9

5,3

-0,4

4,2

4,7

-0,5

DF

6,1

6,1

3,2

2,2

1,0

ES

3,7

3,6

0,1

5,1

3,8

1,3

GO

4,2

5,0

-0,8

12,9

10,0

2,9

MA

2,9

3,0

-0,1

2,8

5,2

-2,4

MG

15,7

17,0

-1,3

21,2

34,4

-13,2

MS

2,4

2,4

2,1

5,3

-3,2

MT

2,7

2,6

0,1

2,5

5,3

-2,8

PA

3,4

3,4

4,3

2,1

2,2

PB

2,7

2,5

0,2

2,8

2,9

-0,1

PE

5,8

6,3

-0,5

8,7

5,7

3,0

PI

1,5

1,6

-0,1

1,2

2,5

-1,3

PR

8,9

9,0

-0,1

12,0

13,5

-1,5

RJ

17,8

17,8

33,4

59,3

-25,9

RN

2,3

2,3

1,5

1,2

0,3

RO

1,3

1,3

2,4

1,9

0,5

RR

0,6

0,7

-0,1

0,6

0,3

0,3

RS

10,7

11,4

-0,7

17,6

27,0

-9,4

SC

5,1

4,9

0,2

6,6

7,1

-0,5

SE

1,7

1,7

1,9

1,2

0,7

SP

47,2

47,1

0,1

107,4

96,4

11,0

TO

1,5

1,3

0,2

0,9

0,6

0,3

Total

167,7

171,1

-3,4

270,3

310,3

-40,0

 

Comentários

 

 

3.1- Análise Financeira (Receitas-Despesas)

 

– De uma forma geral a grande maioria dos estados e municípios estão em equilíbrio, cabendo apenas destacar déficits nos Estados de Minas Gerais de R$ 1,3 bilhões; Goiás de R$ 0,8 bilhões; Rio Grande do Sul de R$ 0,7 bilhões; Pernambuco de R$ 0,5 bilhões, totalizando um déficit de R$ 3,3 bilhões, sendo o déficit geral do Brasil de R$ 3,4 bilhões.

– Cabe ressaltar ser a análise financeira sempre enaltecida pelos governantes para justificar os seus mandatos, jamais se toca na parte econômica do problema. Fica sempre para o futuro que não chega nunca.

 

 

3.2 – Análise Econômica (Ativo Real-Passivo Real)

 

– Apesar do Estado de São Paulo e seus Municípios apresentarem um Patrimônio Líquido Positivo da ordem de R$ 11,0 bilhões não deixa de ser grave tendo em vista seu montante de Ativo Real ser da ordem de R$ 107,4 bilhões. Tal redução se deve ao seu alto grau de exigibilidade em dívidas e outros compromissos da ordem de R$ 85,7 bilhões, ou seja: 1,82 vezes sua receita total anual de R$ 47,2 bilhões.

 

– Cabe destacar o mais grave dos desequilíbrios: o do Estado do Rio de Janeiro que apresentou um Patrimônio Líquido Negativo da ordem R$ 25,9 bilhões, justificados pelo seu elevado nível de exigibilidade em dívidas e outros compromissos da ordem de R$ 56,2 bilhões, ou seja: 3,16 vezes sua receita total anual de R$ 17,8 bilhões. É sem dúvida um estado tecnicamente falido.

 

– Outro estado com grandes problemas seria o de Minas Gerais com Patrimônio Líquido Negativo da ordem de R$ 13,2 bilhões, justificados também pelo seu alto grau de exigibilidade em dívidas e outros compromissos da ordem de R$ 29,9 bilhões, ou seja: 1,90 vezes sua receita total anual de R$ 15,7 bilhões.

 

– Por último viria o estado do Rio Grande do Sul com Patrimônio Líquido Negativo da ordem de R$ 9,4 bilhões sempre justificados pelo elevado grau de exigibilidade em dívidas e outros compromissos da ordem de R$ 22,9 bilhões, ou seja: 2,14 vezes a receita total anual de R$ 10,7 bilhões.

 

– Para finalizar cabe ressaltar que a analise econômica dos quatros estados justificam R$ 37,5 bilhões de Patrimônio Líquido Negativo do total apurado no Brasil da ordem de R$ 40,0 bilhões.

 

 

 

4- Como podemos observar a agenda dos quatro anos do novo governo será, mais uma vez, solucionar a falência dos estados ditos mais ricos da federação. Enquanto isso o nosso terreno baldio composto das regiões norte e centro-oeste, que representa 64% do território brasileiro habitado por apenas 14% da população brasileira ficará, mais uma vez, sem nenhum projeto para sua ocupação.

 

Somente Deus poderia salvar o Brasil

 

 

* Economista, formado em 1974 pela Faculdade Candido Mendes no Rio de Janeiro, com cursos de extensão em Engenharia Econômica pela UFRJ, no período de 1974/1976, e MBA Executivo em Finanças pelo IBMEC/RJ, no período de1988/1989. Membro da área internacional do Lloyds Bank (Rio de Janeiro e Citibank (Nova York e Rio de Janeiro). Exerceu diversos cargos executivos, na área financeira em empresas como Cosigua – Nuclebrás – Multifrabril – IESA Desde de 1996 reside em Florianópolis onde atua como consultor de empresas e palestrante, assessorando empresas da região sul.

 

 

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Como citar e referenciar este artigo:
BERGAMINI, Ricardo. Brasil: museu de grandes novidades. Florianópolis: Portal Jurídico Investidura, 2008. Disponível em: https://investidura.com.br/artigos/politica/brasil-museu-de-grandes-novidades/ Acesso em: 03 dez. 2024