Em 2007, PIB atinge R$ 2,7 trilhões e cresce 6,1%
A taxa de crescimento em relação a 2006 (6,1%) decorreu do desempenho positivo dos Serviços (6,1%), da Indústria (5,3%) e da Agropecuária (4,8%).
A economia brasileira, em 2007, apresentou expansão em volume do Produto Interno Bruto (PIB) de 6,1% em relação ao ano anterior. Em valores correntes, o resultado alcançado foi de R$ 2,661 trilhões, e o deflator do PIB, 5,9%. Neste período, o PIB per capita atingiu R$ 14.183,11.
O crescimento de 6,1% do PIB foi decorrente de um acréscimo de 6,1% dos Serviços, 5,3% da Indústria e 4,8% da Agropecuária. Os impostos sobre produtos (6,2%) cresceram mais que o VAB (5,8%), e os que mais aumentaram foram o Imposto sobre as Importações (24,2%) e os Impostos sobre o Valor Adicionado (7,9%).
Agropecuária – A atividade Agropecuária apresentou crescimento em volume de 4,8% no VAB, em relação a 2006, que pode ser explicado, sobretudo, pelo desempenho da lavoura no ano de 2007.
A variação da participação da atividade Agropecuária no VAB da economia (de 5,5%, em 2006, para 5,6%, em 2007) resulta, além do crescimento em volume da atividade, da elevação de 8,8% dos preços médios praticados.
Na atividade Agricultura, Silvicultura e Exploração florestal observa-se um acréscimo, em volume, de 6,6 % no VAB. O Valor Adicionado Bruto da atividade Pecuária e Pesca cresceu 1,0%, em volume, no ano de 2007, taxa inferior aos 2,9% verificados em 2006. Apesar do aumento dos efetivos de aves e suínos (11,5% e 2,2% respectivamente) em comparação com o ano anterior, houve uma redução de 3,0% no efetivo dos bovinos, de acordo com os dados da Pesquisa da Pecuária Municipal 2007, do IBGE.
Indústria – O crescimento da Indústria é explicado, principalmente, pelo desempenho da atividade Indústria de Transformação cujo aumento, em volume, foi de 5,6% em 2007, contra apenas 1,0% em 2006. O crescimento do volume do VAB da Indústria de Transformação foi mais generalizado: 28 das 34 atividades que compõem a Indústria de transformação apresentaram elevação em 2007, contra 22 atividades em 2006.
As atividades industriais que mais se destacaram foram: Defensivos Agrícolas (23,1%), Outros Equipamentos de Transporte (19,0%), Máquinas e Equipamentos inclusive Manutenção e Reparos (17,5%) e Máquinas para Escritório e Equipamentos para Informática (14,3%). Além da fabricação de máquinas e da fabricação de equipamentos para informática, outras indústrias relacionadas com o investimento também tiveram desempenhos positivos possibilitando um aumento de 13,9% da Formação Bruta de Capital Fixo – FBCF: as atividades Caminhões e Ônibus e Automóveis, Camionetas e Utilitários cresceram, respectivamente, 14,9% e 10,8%, enquanto o VAB da atividade Cimento, principal insumo da Construção Civil, cresceu 9,2%.
A Construção Civil manteve a trajetória de crescimento iniciada em
Serviços – Em 2007, o desempenho das atividades que constituem o grupo Serviços no SCN superou o de 2006. Entre as 15 atividades desse grupo, 9 registraram variações em volume superiores às verificadas no ano anterior. Estes resultados garantiram o crescimento em volume do seu valor adicionado de 6,1% no ano. Por outro lado, o aumento dos preços neste grupo (7,3% no total do grupo) colaborou para o acréscimo de 13,9% no valor adicionado bruto a preços correntes em 2007.
A atividade com a mais alta variação em volume em 2007 foi a de Serviços de intermediação financeira, seguros e previdência complementar e serviços relacionados (15,1%), a seguir, destacam-se os Serviços de manutenção e reparação que apresentaram um crescimento em volume de 8,9%. Educação mercantil (0,9%) e Administração pública e seguridade social (3,3%) foram as atividades com as menores variações positivas. Já as atividades de Serviços domésticos (-0,9%) e de Educação pública (-3,3%) foram as únicas com taxas negativas no ano.
Comércio – A atividade Comércio registrou crescimento de 8,4% em volume, em relação a 2006 (Tabela 2). Iinfluenciaram positivamente o desempenho do Comércio a continuidade da expansão do crédito (principalmente para aquisição de automóveis e o crédito direcionado à construção civil) e a depreciação do dólar frente ao real, barateando os preços de importados.
Ótica da demanda
O crescimento do PIB sob a ótica da demanda decorreu, principalmente, do aumento de 5,8% da despesa de consumo final em volume. O aumento de 6,3% na despesa de consumo das famílias foi impulsionado pelo crescimento de 5,4% da massa salarial real. Além disso, houve uma elevação nominal de 18,8% do saldo das operações de crédito do sistema financeiro com recursos livres para a pessoa física. Também cresceram a despesa de consumo da administração pública (5,1%) e a formação bruta de capital fixo – FBCF (13,9%) que foi positivamente afetada por uma redução média de 6% no custo de importação de bens capital.
Em
O desempenho do investimento foi impulsionado por máquinas e equipamentos que vem apresentando crescimento superior às demais categorias da FBCF desde 2004 e alcançou a proporção de 54,1% do total . Este segmento obteve, no ano, elevação de 24,9% em valor dada a variação de 22,0% em volume e 2,4% em preço.
A construção civil, que abrange desde obras em infra-estrutura até construções residenciais, teve sua participação reduzida de 40,4% em 2006 para 38,3% do total da FBCF em 2007. O aumento de 13,0% em valor corrente resultou de uma variação real de 5,5% e de uma elevação referente ao preço de 7,1%.
Em 2007, o resultado do Saldo Externo Corrente ficou deficitário, após quatro anos seguidos de superávit. O saldo negativo de R$ 6.592 milhões ocorreu principalmente, devido a diminuição do saldo externo de bens e serviços. Apesar de as exportações terem superado as importações em R$ 40.390 milhões, esse resultado é 41,3% menor que o registrado em 2006 (R$ 68.778 milhões). Parte desse resultado é explicado pela valorização cambial de 10,5% entre 2006 e 2007 e o dinamismo da atividade econômica doméstica.
Em termos reais, as importações de bens e serviços cresceram 19,9%, enquanto as exportações avançaram apenas 6,2%, gerando uma contribuição negativa do setor externo para o PIB (-1,5%).
Nas importações todas as categorias de uso apresentaram forte alta em volume, com destaque para bens de capital que cresceram 43,0%, indicando que o real valorizado favoreceu o nível de investimentos em máquinas e equipamentos das atividades econômicas.
As exportações dos bens de capital também cresceram (8,4%), especialmente pelo resultado da atividade outros equipamentos de transporte – impulsionado pela venda de aeronaves; caminhões e ônibus e material eletrônico e equipamentos de comunicações, respondendo pela metade do total exportado por essa categoria.
Ótica da renda
A expansão de 1,6% do número de ocupações entre 2006 e 2007 correspondeu a 1,5 milhão de novos postos de trabalho. Em termos relativos, a Indústria se destacou com a ampliação de 4,2% no número de vagas.
O crescimento da formalização e o aumento real dos rendimentos dos trabalhadores também têm sido determinantes qualitativos de uma melhora considerável das condições de trabalho. Os resultados do emprego formal em 2007 corroboraram este movimento, com alta de 4,3% das ocupações com vínculo1, bem superior ao observado nas ocupações sem o vínculo formal: autônoma (0,1%) e empregados sem carteira (-1,2%).
Os rendimentos dos trabalhadores já vinham assinalando acréscimos desde 2003. Tanto a remuneração dos empregados quanto a dos ocupados tiveram, em 2007, altas significativas (13,5% e 13,1%, respectivamente).
A repartição da renda gerada entre capital, trabalho e administrações públicas não sofreu alteração significativa em relação a 2006. Entre os componentes do fator trabalho, a remuneração dos empregados representou 41,3% da renda enquanto o rendimento misto, 9,0%. A proporção da remuneração do fator capital, representado no excedente operacional bruto, correspondeu a 34,4% e a relativa às administrações públicas, 15,2%. Contudo, ressalta-se que a parcela da remuneração de empregados vem numa trajetória ascendente nos últimos três anos, refletindo a evolução positiva do mercado de trabalho no período.
Nota:
1 Em 2007, dentre os grupos e atividades divulgadas pelo SCN, a Indústria sobressaiu-se com a maior expansão no total de ocupações formais (6,0%) e neste segmento em particular, a indústria de extrativa mineral, com 9,8% e a Construção, com 7,5%. Em Serviços, onde o emprego com vínculo formal cresceu 4,1%, os destaques foram as atividades imobiliárias e aluguel (18,1%) e os serviços de informação (10,3%).
Arquivos oficiais do governo estão disponíveis aos leitores.
* Ricardo Bergamini, Economista, formado em 1974 pela Faculdade Candido Mendes no Rio de Janeiro, com cursos de extensão em Engenharia Econômica pela UFRJ, no período de 1974/1976, e MBA Executivo em Finanças pelo IBMEC/RJ, no período de1988/1989. Membro da área internacional do Lloyds Bank (Rio de Janeiro e Citibank (Nova York e Rio de Janeiro). Exerceu diversos cargos executivos, na área financeira em empresas como Cosigua – Nuclebrás – Multifrabril – IESA Desde de 1996 reside em Florianópolis onde atua como consultor de empresas e palestrante, assessorando empresas da região sul.. Site: http://paginas.terra.com.br/noticias/ricardobergamini