Pesquisa Industrial Anual – Produto – Ano de 2007
Ricardo Bergamini*
Pesquisa do IBGE sobre produtos industriais mostra que óleo diesel, minérios de ferro e automóveis se destacam em valor de vendas
Em 2007, as 34.216 empresas industriais que fizeram parte da Pesquisa Industrial Anual – Produto tiveram valor de vendas de R$ 1,2 trilhão, o que representou 82,5% das vendas de toda a indústria brasileira. Foram coletadas informações de 43 mil plantas industriais de empresas com 30 ou mais pessoas ocupadas e o valor de venda de cerca de 3.200 itens. As vendas dos 100 principais produtos atingiram R$ 633 bilhões, o que representou 50,9% do total das vendas. A indústria de São Paulo continuou na liderança, respondendo por 41,2% das vendas das empresas com 30 ou mais pessoas ocupadas. Em seguida vieram: Minas Gerais (11,0%), Rio Grande do Sul (8,3%), Paraná (7,5%) e Rio de Janeiro (7,0%). O óleo diesel continuou registrando o maior valor de vendas (R$ 44,0 bi), vindo depois minérios de ferro beneficiados (R$ 27,9 bi) e automóveis de passageiros de cilindrada maior que 1.500 cm3 e menor ou igual a 3.000 cm3 (R$ 27,0 bi).
A maior parte das vendas de óleo diesel (cerca de 64%) foram efetuadas nos estados de São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul; cerca de 80% das vendas de minérios de ferro, em Minas Gerais e no Espírito Santo; e cerca de 85% das vendas de automóveis de passageiros de cilindrada maior que 1.500 cm3 e menor ou igual a 3.000 cm3, em São Paulo e no Paraná.
Bens intermediários detiveram 58,5% das vendas dos produtos por categoria de uso
As vendas dos 100 principais produtos atingiram, em 2007, R$ 633 bilhões, o que representou 50,9% do total das vendas industriais das empresas com 30 ou mais empregados (em 2005 representavam 50,2%). A agregação destes produtos segundo categorias de uso confirmou, mais uma vez, a liderança de bens intermediários, que detiveram 58,5% das vendas deste grupamento. Esses bens compreendem a produção de itens que são transformados ou agregados na produção de outros bens e que são consumidos totalmente no processo produtivo (matérias primas, insumos, componentes).
Em 2007, considerando as informações de toda a pesquisa, bens intermediários também se mantiveram na liderança do ranking das categorias de uso, respondendo por mais da metade do total das vendas industriais brasileiras (56,9%). No entanto, foi registrada perda de participação em relação a 2005, quando as vendas alcançaram 58,1% do total.
A maior parte das vendas do segmento de bens intermediários se concentrou no estado de São Paulo (38,4%), seguido por Minas Gerais (12,7%), Rio Grande do Sul (8,4%) e Rio de Janeiro (7,7%). No corte por produto, destacaram-se nesta categoria óleo diesel, com 3,5% das vendas totais da indústria; minérios de ferro beneficiados (2,2%); e óleos brutos de petróleo (1,5%).
A indústria de bens de consumo semi e não duráveis, com participação de 20,9% das vendas, ficou no segundo lugar do ranking. Esse grupo é composto, basicamente, pelos produtos destinados às famílias e cujo consumo é imediato, tais como, alimentos, produtos de limpeza, vestuário e medicamentos. Regionalmente, as vendas mais expressivas foram em São Paulo (43,4%), Rio Grande do Sul (8,8%), Paraná (7,4%) e Minas Gerais (7,3%). Em bens de consumo semiduráveis, destacaram-se os itens: calçados de couro femininos, tênis e colchões e, em bens de consumo não duráveis, carburantes (gasolina e álcool) e cerveja ou chope.
A área de bens de capital foi a única que ganhou espaço entre 2005 (7,7%) e 2007 (9,0%) nas vendas industriais entre as categorias de uso. Nesse grupo, estão as máquinas e equipamentos, cuja dinâmica de produção está relacionada aos investimentos realizados pelos vários setores da economia. O principal destaque nas vendas de bens de capital continuou sendo São Paulo, que respondeu por 53,5% das vendas do segmento, muito embora tenha exibido a maior perda de participação em nível regional entre os dois anos (em 2005 participava com 56,8% das vendas). Em seguida, vieram o Rio Grande do Sul (11,0%) e Minas Gerais (9,9%), estado que mais ampliou a participação no total das vendas de um ano para o outro (3,6 pontos percentuais), e que teve como principal item, nesta categoria, veículos para transporte de mercadorias. No corte por produtos, em nível nacional, os principais destaques foram: caminhões pesados, aviões e caminhão-trator.
O setor de bens de consumo duráveis manteve estável a sua participação nas vendas industriais brasileiras (8,8% nos dois anos em análise). Esses bens são destinados predominantemente às famílias e seu consumo se dá em prazos mais longos, como nos casos de automóveis, eletrodomésticos e celulares. A indústria de São Paulo, além de ter se mantido na liderança deste segmento, ampliou a sua participação entre 2005 (37,5%) e 2007 (40,3%). Amazonas figurou com a segunda maior participação (21,4%) e Minas Gerais com a terceira (11,0%). Em nível de produtos, respondendo por 64% das vendas deste setor, estavam o total de automóveis para passageiros e telefones celulares.
Arquivos oficiais do governo estão disponíveis aos leitores.
* Pesquisas Trimestrais do Abate de Animais, do Leite, do Couro e da Produção de Ovos de Galinha – Primeiro Trimestre de 2009
Ricardo Bergamini*
Abate de bovinos cai 11,1% no primeiro trimestre de 2009
Segundo a estatística da Produção Pecuária do IBGE, no primeiro trimestre de 2009, foi registrada queda de 11,1% no abate de bovinos, em relação ao mesmo período de 2008. Também apresentou redução no primeiro trimestre o abate de frangos (-5,8%), enquanto o abate de suínos cresceu 7,1%, ambos comparados ao primeiro trimestre do ano passado. A aquisição de leite pelos estabelecimentos industriais permaneceu praticamente estável (-0,6%) nessa comparação, mas houve queda de 20% na aquisição de couro. Foi registrado crescimento de 3,6% na produção de ovos de galinha. Mato Grosso (13,6%), São Paulo (13,3%) e Mato Grosso do Sul (12,2%) apresentaram os maiores percentuais no abate de bovinos. A região Sul concentrou 60,6% do abate de frangos, com destaque para o Paraná (26,5%). O Sul também se destacou no abate de suínos, com 68,3%. Minas Gerais liderou a captação de leite (26,8%) no país.
O 1º trimestre de 2009 registrou o abate de 6,446 milhões de cabeças de bovinos. Tal volume quando comparado ao número informado no 1° trimestre de 2008 indica nova redução no número de animais abatidos (-11,1%). Com relação ao 4º trimestre de
Segundo a Secex (Secretaria do Comércio Exterior), a comercialização externa de carne bovina no 1º trimestre de 2009 teve redução de 19,0% em volume e de 34,1% em faturamento quando comparado ao mesmo trimestre de 2008.
Frangos
No 1º trimestre de 2009, foram abatidas 1,122 bilhão de unidades de frangos, segundo a Pesquisa Trimestral do Abate de Animais. Tal volume indica quedas no abate de 5,8% e 10,8%, com relação ao 1º e ao 4º trimestres de 2008, respectivamente. O peso total das carcaças ficou em torno de 2,327 milhões de toneladas, repercutindo em quedas de 6,7% e 9,5%, com relação ao 1º e ao 4º trimestres de 2008. O abate de frangos concentra-se na região Sul do país (60,6%) seguida pelo Sudeste (22,9%). Em termos estaduais, o Paraná respondeu pelo maior volume de abate (26,5%), seguido por Santa Catarina (18,8%) e Rio Grande do Sul (15,3%).
As exportações de carne de frango, no 1º trimestre de 2009, tiveram queda de 3,9%, em volume, e de 21,9%, em faturamento, quando comparado com o 1º trimestre de 2008 (Secex). Sob o impacto da crise financeira mundial, alguns importantes compradores do produto brasileiro reduziram o ritmo de compras como é o caso da União Européia, Estados Unidos e Rússia. Isto tem feito com que os produtores brasileiros busquem novos mercados para colocarem seus produtos ou ampliem suas vendas para locais como Hong Kong e Oriente Médio, por exemplo.
Suínos
No 1º trimestre de 2009, foram abatidas 7,322 milhões de unidades de suínos pelos estabelecimentos industriais que trabalham sob algum tipo de inspeção (seja ela federal, estadual ou municipal). Comparativamente ao 1º trimestre de 2008, registrou-se aumento de 7,1% no abate, enquanto com relação ao 4º trimestre de 2008 houve queda de 1,2%. O peso total de carcaças alcançou 696,819 mil toneladas, no 1º trimestre de 2009. Este volume representa variações positivas de 13,6% e 1,3%, relativamente ao 1º e ao 4º trimestres de 2008. O estado de Santa Catarina concentra 28,3% do abate total de suínos, enquanto a região Sul, 68,3%, sendo os principais expoentes nacionais.
As notícias de alerta da propagação da gripe suína (posteriormente denominada gripe A) marcaram o 1º trimestre de 2009. Acreditava-se que a disseminação da doença poderia restringir o consumo de carne suína tanto interna como externamente, tendo impactos significativos sobre a produção. Os dados da Pesquisa Trimestral do Abate para o período, por sua vez, não confirmaram isso, indicando até mesmo certo crescimento do abate comparativamente ao mesmo período do ano anterior.
Segundo a Secex, no 1º trimestre de
Captação e Industrialização do leite
No 1º trimestre de 2009, foram adquiridos 4,954 bilhões de litros de leite pelos estabelecimentos industriais que atuam sob algum tipo de inspeção e são investigados pela pesquisa. Comparativamente, tanto ao mesmo período de 2008 quanto ao 4º trimestre do mesmo ano, observou-se certa estabilidade da aquisição (-0,6%) e (0,5%), respectivamente. Minas Gerais é o principal Estado em aquisição de leite, com 26,8% do total.
No âmbito externo, foram comercializadas quantidades menores de leite in natura no 1º trimestre de 2009, comparativamente ao mesmo período de 2008 (Secex). A queda acumulada no trimestre comparativamente ao 1º trimestre de 2008 foi de 56,1%, embora deva-se enfatizar a participação ainda pequena do Brasil na comercialização deste tipo de produto no exterior. Quanto ao leite em pó, cuja participação é um pouco maior, observou-se queda mas em proporção um pouco menor do que a registrada no leite in natura. A queda acumulada no 1º trimestre de 2009 foi de 11,1%, em volume, e de 35,6%, em faturamento, quando comparado com o 1º trimestre de 2008. Entre os principais importadores dos produtos lácteos brasileiros destacam-se Venezuela e Angola.
Aquisição de couro
A aquisição de couro cru bovino foi de 7,702 milhões de unidades, no 1º trimestre de 2009, representando uma queda de 20,5% e de 4,1% em relação ao 1º e 4º trimestres de 2008, respectivamente. São Paulo é o principal comprador de couro no território nacional, ficando com 18,5% do total. Em seguida vem o Rio Grande do Sul com 15,6%. A principal origem do couro cru adquirido são os matadouros frigoríficos (63,5%).
Ao se observar os dados trimestrais do couro e compará-los com os obtidos para o abate verifica-se a aproximação destas estatísticas. No 1º trimestre de
Produção de ovos de galinhas
No 1º trimestre de 2009, foram produzidas 580,305 milhões de dúzias de ovos de galinha, indicando aumento de 3,6% com relação ao 1º trimestre e certa estabilidade (-1,0%) com relação ao 4º trimestre ambos do ano de 2008. Comparando os meses dos 1º trimestres dos anos de 2009 e 2008 verificou-se aumento da produção de ovos durante todos eles no ano corrente, com incrementos acima de 2,4%. São Paulo é o principal estado produtor de ovos de galinha, participando com 31,0% do total nacional. Comparando o 1º trimestre dos anos de 2008 e 2009 observa-se incrementos significativos de produção no Rio de Janeiro, Mato Grosso, Amazonas e Mato Grosso do Sul. Por outro lado quedas significativas de produção foram verificadas no Distrito Federal, Acre, Rio Grande do Norte e Rondônia.
Arquivos oficiais do governo estão disponíveis aos leitores.
* Economista, formado em 1974 pela Faculdade Candido Mendes no Rio de Janeiro, com cursos de extensão em Engenharia Econômica pela UFRJ, no período de 1974/1976, e MBA Executivo em Finanças pelo IBMEC/RJ, no período de1988/1989. Membro da área internacional do Lloyds Bank (Rio de Janeiro e Citibank (Nova York e Rio de Janeiro). Exerceu diversos cargos executivos, na área financeira em empresas como Cosigua – Nuclebrás – Multifrabril – IESA Desde de 1996 reside em Florianópolis onde atua como consultor de empresas e palestrante, assessorando empresas da região sul.. Site: http://paginas.terra.com.br/noticias/ricardobergamini