Direito Internacional

Obama e a Responsabilidade Fiscal

Finalmente um acordo? Assim os principais jornais de hoje abriram suas manchetes, mais parecendo torcida do que informação. Ninguém saber exatamente ao
certo o que está rolando nos bastidores da Casa Branca. A mídia engajada na causa social-democrata, inclusive aquela do noticiário das TVs, ainda está
incrédula com a capacidade de um bando de caipiras conservadores, organizados em torno do movimento Tea Party, de ter não apenas impedido a alucinação
dos operadores econômicos da social-democracia – nos EUA liderada pelos Partido Democrata – e sua crença de que é possível acabar, ou ignorar, a Lei da
Escassez, a lição elementar de qualquer economista iniciantes.

Os termos do suposto acordo ainda não estão inteiramente claros, mas o ponto essencial é duplo. De um lado, nenhuma menção a qualquer elevação de
tributação, fato econômico novo mais sensacional em pelo menos cem anos. É a vitória esmagadora dos conservadores, que finalmente impuseram aos
democratas a tese mais preciosa de que é preciso acabar com o roubo estatal na forma de impostos. Do outro, a decisão, também imposta, de cortes de
gastos públicos em cifras trilionárias, fato também sem paralelo. Lembremos que há dois anos os chamados bailouts eram alegremente executados e toda
sorte de irresponsabilidade fiscal praticada em nome do combate à crise. Novamente a agenda do Tea Party, integral. Na América o naufrágio completo da
social-democracia alucinada está se dando pelo instrumento da razão e dentro da ordem democrática.

Portanto, estamos aqui diante de dois projetos de Estado, um que fracassou, o social-democracia e sua mentira de que sabe superar a Lei da Escassez, e
o conservador, triunfante, que exige a redução do Estado e o cultivo da economia de mercado. Na Europa acontece a mesma necessidade, mas lá falta o
elemento político organizado capaz de proceder à transição de  forma organizada e negociada. Os casos de quebra técnica dos países estão impondo o
abandono da irresponsabilidade fiscal do projeto social-democrata à força, mas contrariando o desejo e as crenças das elites políticas e econômicas e
das massas mobilizadas em greves alucinadas contra a realidade.

É claro que a derrota política de Obama é espetacular. Todavia, saúdo a sua capacidade de negociar um acordo, o único possível, que enterra suas mais
profundas convicções políticas e que tem sido seu discurso político-eleitoral desde sempre. Ao menos não fez a política de terra arrasada e está
fazendo a retirada organizada. Evidente que toda essa metamorfose econômica terá profundos impactos eleitorais. Os conservadores, ao imporem sua
agenda, dão a largada à frente para as eleições do ano que vem.

Os tempos agora são de disciplina fiscal, de Estado mínimo, de racionalidade na condução da coisa pública, do cultivo dos valores da economia de
mercado. Juro que há seis meses eu nunca imaginaria um cenário desses, tão benigno, tão emblemático, tão paradigmático. O exemplo americano será
certamente imitado pelas demais economias do planeta. A razão prevaleceu. A realidade prevaleceu. A mentira social-democrata está sendo impiedosamente
enterrada, para o bem geral da humanidade.

* José Nivaldo Cordeiro, Executivo, nascido no Ceará. Reside atualmente em São Paulo. Declaradamente liberal, é um respeitado crítico das idéias
coletivistas. É um dos mais relevantes articulistas nacionais do momento, escrevendo artigos diários para diversos jornais e sites nacionais. É Diretor
da ANL – Associação Nacional de Livrarias.

Como citar e referenciar este artigo:
CORDEIRO, José Nivaldo. Obama e a Responsabilidade Fiscal. Florianópolis: Portal Jurídico Investidura, 2011. Disponível em: https://investidura.com.br/artigos/direito-internacional/obama-e-a-responsabilidade-fiscal/ Acesso em: 16 jun. 2025