A Ideologia Alemã – Karl Marx e Friedrich Engels
1. A ideologia alemã; em especial, a filosofia alemã.
A primeira condição de história humana é a existência de seres humanos vivos. O primeiro Estado real é constituído pela complexidade desses indivíduos e as relações com a natureza. A distinção entre homens e animais começa a existir quando os homens iniciam a produção e ao produzirem os seus meios de existência, os homens produzem indiretamente a sua própria vida material. A forma como os indivíduos manifestam a sua vida reflete aquilo que são e depende das condições materiais da sua produção. Esta produção só aparece com o aumento da população e com as relações entre os indivíduos. As relações entre as diferentes nações e de toda a instrutura interna de uma nação dependem do estádio de desenvolvimento das forças produtivas, da divisão de trabalho e das relações internas em cada uma delas. A divisão do trabalho obriga a separação entre cidade e o campo e a oposição dos seus interesses. Os vários estádios de desenvolvimento da divisão do trabalho representam outras formas diferentes de propriedade.
A primeira propriedade é a propriedade da tribo, corresponde ao tipo rudimentar de produção: caça, pesca, criação de gado, agricultura incipiente e terras incultas. A estrutura social é uma extensão da estrutura familia.
A segunda forma de propriedade é a propriedade comunitária e a propriedade estatal, que provém da reunião de várias tribos numa única cidade, onde subsiste a escravatura. A par da propriedade comunitária desenvolve-se a propriedade privada mobiliária e mais tarde a imobiliária, ambas subordinadas à propriedade comunitária. A divisão de trabalho está mais evoluída, já existe oposição entre cidade e campo, e entre comércio marítmo e indústria. É quando as relações de classe entre cidadãos e escravos atingem o seu maior desenvolvimento.
Com a evolução da propriedade privada surge a propriedade privada moderna; a concentração da propriedade privada que começou em Roma, com a lei agrária de Licinius; a transformação dos pequenos camponeses plebeus em proletariado.
A terceira forma é a propriedade feudal ou propriedade por ordens. O desenvolvimento feudal inicia-se numa extensão territorial grande, preparada pelas conquistas romanas e pelo desenvolvimento do cultivo da terra. Com os últimos séculos do Império Romano em declínio e as conquistas dos bárbaros foi destruída uma grande massa das forças produtivas, ou seja, houve uma diminuição da população. Esta situação e o modo de organização a que deu origem desenvolveu a propriedade feudal. Paralelamente ao processo de desenvolvimento do feudalismo surge a oposição às cidades. A estrutura hierárquica da propriedade fundiária confiriu à nobreza um poder total sobre os servos.
A estrutura feudal correspondia, nas cidades, a propriedade corporativa, a organização feudal do artesanato. No campo, consistia no trabalho de cada indivíduo, assim teve a necessidade de associação contra a nobreza. A concorrência crescente dos servos que se evadiam em massa para as cidades prósperas e a estrutura feudal de todo o país que levaram à constituição de corporações, nas quais desenvolveram a condição de companheirismo e de aprendiz. A divisão em ordens era muito acentuada, entre príncipes, nobreza, clero e camponeses no campo, e mestres, companheiros e aprendizes, e uma plebe de jornaleiros, nas cidades.
A estrutura social e o Estado resultam portanto da forma como indivíduos determinados atuam partindo de bases, condições e limites materias determinados e independentes da sua vontade.
Contrariamente à filosofia alemã, que desce do céu para a terra, aqui parte-se da terra para atingir o céu. Parte-se dos homens, da sua atividade real. É a partir do seu processo de vida real que se representa o desenvolvimento dos reflexos e das repercurssões ideológicas deste processo vital. Não é a consciência que determina a vida, mas sim a vida que determina a consciência.
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