A intenção da Secretaria de Educação do Rio Grande do Sul de extinguir a Superintendência da Educação Profissional (Suepro) foi tema de audiência pública da Comissão de Educação nesta manhã (27). O encontro foi mediado pelo proponente, o deputado Alceu Barbosa (PDT).
Alceu Barbosa avaliou como muito positivo o encontro e destacou que o diálogo sobre a continuidade ou extinção da Suepro deve ter continuidade. Para o parlamentar, o que surpreendeu a todos foi a forma como chegou a notícia da extinção da Suepro, que é uma entidade histórica. “A solução não seria a extinção da Suepro. A solução seria o saneamento da Suepro e colocá-la naquele lugar para a qual ela foi criada”, sugeriu.
O parlamentar sublinhou que todos defendem o fortalecimento, estímulo e apoio à escola técnica para que ela responda adequadamente às demandas colocadas pela sociedade atual na formação dos seus alunos e na qualidade do ensino ministrado. Ele recebeu das mãos de integrantes de entidades representativas das escolas técnicas um abaixo assinado e prometeu encaminhá-lo ao governador Tarso Genro para que avalie com profundidade a questão que envolve a Suepro.
O deputado Pedro Pereira (PSDB) salientou que é totalmente contra o projeto do atual governo de extinguir a Suepro. O parlamentar tucano destacou que o governo estadual caminha contra aquilo que deseja o governo federal. “O governo federal está instituindo agora o Programa Nacional de Educação no Campo (Pronacampo) e o Estado quer terminar com as Escolas Agrícolas, o que não dá para entender”, avaliou.
O deputado Jeferson Fernandes (PT) ressaltou a importância da formação profissional no RS e no Brasil e citou reportagem de televisão que destacava justamente a falta de profissionais qualificados para suprir a demanda crescente do mercado de trabalho. “O certo é que nós não temos ainda estruturas educacionais à altura dos desafios que o desenvolvimento impõe para a nação. Pelo que foi posto aqui é intuito que a educação profissional se fortaleça e nós temos que avaliar se isso na prática está se efetivando ou não”, ponderou.
O deputado Ernani Polo (PP) sublinhou a importância da contribuição dada pelas escolas técnicas na formação técnica profissionalizante no Rio Grande do Sul. Ele salientou que os resultados e objetivos colocados dependem de uma série de fatores, mas basicamente dos profissionais que estão atuando nas escolas. Para Ernani, nesta questão, governo e professorres de escolas técnicas possuem entendimentos diferentes. “Que nós possamos avançar sim, mas que todos entendam e compreendam o objetivo e que todos abracem a idéia, não desta forma, de cima para baixo, às vezes goela abaixo, pois aí nós não teremos o resultado efetivo que é a melhoria da qualidade do ensino profissionalizante aqui no Estado”, frisou.
O deputado Edson Brum (PMDB) lembrou que diversos países da Europa e Ásia têm baseado sua educação justamente na educação profissionalizante, como também é o caso do governo federal, principalmente com a instituição do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), que está canalizando recursos para o fortalecimento do ensino técnico. “Aí me parece que o Rio Grande do Sul vai caminhar no sentido contrário”, avaliou. O parlamentar alertou que a extinção da Suepro não pode ser dada senão pela Assembleia Legislativa.
Manifestações
O secretário de Estado da Educação, José Clóvis de Azevedo, destacou que precisa ter condições de fazer a gestão do ensino técnico e colocá-lo na centralidade da pauta da Secretaria, tanto no debate, gestão e execução de obras e políticas. “Esta será a nossa ação, a Suepro ficará dentro do gabinete do secretário e haverá uma integração dos demais órgãos da Suepro com os órgãos da secretaria para que o ensino técnico tenha respostas melhores para as suas necessidades”, adiantou.
Para o secretário, os resultados desta integração serão a ampliação do número de vagas nas escolas técnicas e a melhoria na qualidade do ensino, tanto na diminuição da evasão e repetência, quanto na qualidade física das escolas com a recuperação estrutural e da maquinaria.
Méri Terezinha Cichocki, presidente do Conselho dos Diretores das Escolas Agrícolas (CEDEA), disse que a criação da Suepro surgiu de uma longa caminhada, de lutas e discussões de todos os diretores das escolas técnicas do Rio Grande do Sul e veio para suprir as grandes necessidades e o diferencial representado por estas instituições. “Não se admite que as escolas técnicas tenham o mesmo olhar que as outras demais escolas”, sublinhou.
Méri também chamou atenção para o crescimento alcançado pelas escolas técnicas estaduais a partir da criação da Suepro e o nível elevado de formação profissional oferecido. Ela defendeu a manutenção da Suepro e a priorização do ensino técnico com mais investimentos, ao invés da sua extinção.
Presenças
Antes da audiência pública, a Comissão de Educação, presidida pela deputada Juliana Brizola (PDT), realizou reunião ordinária. Também participaram os deputados Gilberto Capoani (PMDB), Alexandre Lindenmeyer (PT), Ana Affonso (PT), Valdeci Oliveira (PT), Aldacir Oliboni (PT) e Carlos Gomes (PRB), além de representantes da Seduc e entidades representativas de diretores e professores de escolas técnicas do RS, entre outros.
Fonte: AL/RS