Enquanto o PT fica se pavoneando com suas grandes conquistas sociais e Dilma chega ao ponto de, para milhões de expectadores, mentir descaradamente no Jornal da TV Globo em 10/8/2010, dizendo que Lula resolveu o problema da inflação!!!, o PND (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) divulga relatório colocando o Brasil no terceiro pior nível de desigualdade de renda no mundo empatado tristemente com o Equador do sequaz de Hugorila Chávez: o demagogo Rafael Correa.
Mais do que isso: dos 15 países com maior concentração de renda, 10 são da América do Sul. Efeitos do cruel sistema capitalista? Não, um sinal muito claro de bolsões de pobreza e de desenvolvimento regional extremamente desigual.
E no que diz respeito ao IDEB (Índice de Educação Básica) o Brasil ganhou a nota anual de 4,6, sendo previsto que somente em 2021 conseguirá ser aprovado com a medíocre nota 6. Isto para “passar raspando”, pois o mínimo para estar num grupo de excelência é nota 7. Não é de causar espanto num país que despreza abertamente a meritocracia, a começar por um semiletrado bem sucedido: seu presidente, legítimo representante do povo sem nenhuma dúvida!
E enquanto nossos candidatos passam por uma esmerada maquiagem, que consegue melhorar até as feiúras de Dilma, Marina e Serra, proferem expressões doces e amenidades ao gosto de milhões de parvos, energúmenos e pascácios, capricham na impostação de voz e obedecem cegamente a todas as recomendações de seus sofistas pós-modernos, isto é: marqueteiros políticos, enquanto isso somos informados de que 8 milhões de eleitores são analfabetos e 19 milhões sabem apenas ler e escrever, malgrado nunca terem entrado numa escola. Coisa que é um dado estranho, pois muitos dos que entraram numa saíram da mesma sem saber ler nem escrever.
Essa informação foi fornecida pelo STE e é preciso acrescentar que a pesquisa não levou em consideração um número muito maior de analfabetos funcionais, quer dizer: os que sabem ler, mas são incapazes de mostrar que entenderam o que leram.
Conforme definido acima, o analfabetismo funcional deve ser estendido a muitos estudantes universitários que sofregamente compreendem o que lêem, isto quando lêem alguma coisa que não seja livro de autoajuda e seção de esportes dos jornais. E que dizer daqueles que, ao receber seu diploma de bacharel, nunca mais na vida abrem sequer um livro?! Preferem andar de bicicleta, praticar musculação, levantamento de copo ou mesmo coisas muito piores…
Ao desenvolvimento regional desigual, deve ser acrescentado um dado específico: o maior número de analfabetos stricto sensu se encontra justamente na região Nordeste e o menor número se encontra na Sudeste. Por mera coincidência, é na primeira que Dilma – entenda-se: Lula de saia – tem sua mais expressiva votação e na segunda que Serra tem a sua.
A grande precariedade da educação e da cultura no Brasil explica a igual precariedade de seus governantes. Lula e o lulismo são os efeitos mais palpáveis de muitos anos de grande desprezo pela educação e pela cultura.
Chafurda Brasil! Chafurda no pântano da ignorância e da corrupção generalizadas. E em marcha acelerada para o pior dos mundos possíveis: a Alemívia, impostos da Alemanha e serviços da Bolívia. E ainda com fortes tendências ditatoriais de esquerda.
Dolorosamente, este autor se situa na ínfima minoria dos 5% que consideram o governo Lula ruim ou péssimo. Na melhor das hipóteses, uma ave rara voando contra ventos fedorentos e peçonhentos. Arre égua! Onde é que eu fui amarrar meu cavalinho?!
Que podem fazer 5% de brasileiros bem formados e informados, moral e intelectualmente, contra os apedeutas, parvos e oportunistas componentes dos 95%? Por respeito à democracia, temos a obrigação de acatar a opinião da maioria, mas acatamento não implica concordância nem ausência de crítica.
Como diria o grande compositor popular, Adoniran Barbosa: “Paciência, Iracema, paciência!” Mas adaptando à nossa circunstância o pensador romano Cícero,
* Mário Antônio de Lacerda Guerreiro, Doutor em Filosofia pela UFRJ. Professor Adjunto IV do Depto. de Filosofia da UFRJ. Ex-Pesquisador do CNPq. Ex-Membro do ILTC [Instituto de Lógica, Filosofia e Teoria da Ciência], da SBEC [Sociedade Brasileira de Estudos Clássicos]. Membro Fundador da Sociedade Brasileira de Análise Filosófica. Autor de Problemas de Filosofia da Linguagem (EDUFF, Niterói, 1985); O Dizível e O Indizível (Papirus, Campinas, 1989); Ética Mínima Para Homens Práticos (Instituto Liberal, Rio de Janeiro, 1995). O Problema da Ficção na Filosofia Analítica (Editora UEL, Londrina, 1999). Ceticismo ou Senso Comum? (EDIPUCRS, Porto Alegre, 1999). Deus Existe? Uma Investigação Filosófica. (Editora UEL, Londrina, 2000) . Liberdade ou Igualdade? ( EDIPUCRS, Porto Alegre, 2002). Co-autor de Significado, Verdade e Ação (EDUF, Niterói, 1985); Paradigmas Filosóficos da Atualidade (Papirus, Campinas, 1989); O Século XX: O Nascimento da Ciência Contemporânea (Ed. CLE-UNICAMP, 1994); Saber, Verdade e Impasse (Nau, Rio de Janeiro, 1995; A Filosofia Analítica no Brasil (Papirus, 1995); Pré-Socráticos: A Invenção da Filosofia (Papirus, 2000) Já apresentou 71 comunicações em encontros acadêmicos e publicou 46 artigos. Atualmente tem escrito regularmente artigos para www.parlata.com.br,www.rplib.com.br , www.avozdocidadao.com.br e para www.cieep.org.br , do qual é membro do conselho editorial.