Apoiar, incentivar e assistir aos estudos relativos à defesa e saúde dos trabalhadores no Estado são os objetivos da Frente Parlamentar em Defesa da Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora, implantada na manhã desta terça-feira (23), na Assembleia Legislativa, por iniciativa do deputado Neodi Saretta (PT).
De acordo com Saretta, nem sempre o trabalhador possui informações sobre os riscos que vai correr em seu ambiente de trabalho. Dados do Ministério do Trabalho informam que mais de 250 tipos de doenças estão relacionados às condições do ambiente laboral.
Durante a implantação da Frente Parlamentar, ficou decidida, também, a criação de um grupo de trabalho com um representante de cada central sindical, federações, movimentos sociais e representantes governamentais para o auxílio na elaboração de políticas públicas. Um pedido de proposição para implantar essa Frente Parlamentar nas demais Assembleias Legislativas do Brasil foi acatado por Saretta, que afirmou encaminhar a proposição aos colegas dos outros estados.
A Frente buscará a elaboração de propostas para uma política estadual de saúde que tenha como objetivo a melhoria da qualidade de vida do trabalhador. As ações na área serão voltadas à formulação e implementação de políticas de proteção à saúde, visando à redução e eliminação do adoecimento e morte resultantes das condições, dos processos e dos ambientes de trabalho, bem como o aprimoramento da assistência à saúde dos trabalhadores.
Câncer está entre as principais consequências das condições de trabalho
Aproximadamente 20 tipos de neoplasias podem ter como fator de risco o trabalho, segundo Senen Hauff, médica oncologista e coordenadora do setor de epidemiologia do Cepon de Santa Catarina. ?Um em cada 10 tumores de pulmão tem relação com exposições ocupacionais. O cigarro é o vilão nos demais, mas o trabalho não pode ser negligenciado?, declarou.
“Venho aqui tirar o manto da invisibilidade dos cânceres relacionados ao trabalho. Os números de câncer em Santa Catarina, por ano, estão perto de 20 mil casos e 10% estão relacionados a processos produtivos?. Conforme a médica, é necessário implementar, em caráter de urgência, medidas regulatórias para proteger os trabalhadores do estado. São Paulo já possui algumas que protegem trabalhadores de oficinas mecânicas, salões de beleza e postos de gasolina.
Senen fez um alerta e um pedido aos presentes para que notificassem casos de leucemia e linfoma, pois muitos estão associados aos agrotóxicos. ?Agricultores estão expostos e a sociedade que consome os produtos, também.? A oncologista afirmou que o melhor sistema de saúde é o que previne, pois evita doenças que em sua maioria são totalmente preveníveis e que tanto empresas quanto governo são capazes de cumprir este papel.
O papel das empresas
Entre os vários presidentes de sindicatos presentes, a responsabilidade das empresas foi tema unânime. Para Neudi Giachini, presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), o governo federal precisa implantar medidas para contar com o apoio das empresas. ?As empresas têm que arcar com os ônus dos problemas causados aos trabalhadores e parar de deixar isso apenas nas mãos da previdência pública?.
Francisco Alano, presidente da Federação dos Trabalhadores no Comércio de Santa Catarina (Fecesc), tratou as horas de trabalho exigidas aos comerciários e caixas de supermercado uma exploração e mostrou-se satisfeito com a iniciativa de uma Frente Parlamentar que trabalhe em conjunto com órgãos que defendem a saúde.
Estiveram presentes e apresentaram seu apoio à nova Frente Parlamentar os deputados Sandro Silva (PPS), Sargento Amauri Soares (PDT) e Dirceu Dresch (PT), além do procurador do Trabalho, Acir Alfredo Hack, coordenador Geral do Fórum Saúde e Segurança do Trabalhador de Santa Catarina (FSST/SC).
O evento também contou com a presença do gerente de Saúde do Trabalhador da Secretaria de Estado da Saúde, Antônio Sá Pereira; de Mário Sérgio dos Santos, representando o Fundacentro; de Roberto Carlos Ruiz, representante do Sub-sistema Integrado de Saúde do
Servidor Federal (SIAS/INSS); do secretário da Força Sindical de Santa Catarina, Luiz de Bittencourt, e do presidente do Sindicato dos Trabalhadores Químicos de Brusque, Ednaldo Pedro Antônio. (Michelle Dias)
Fonte: AL/SC