Fábula das abelhas – Mandeville
A Fábula das abelhas conta, de forma irônica, como os vícios de cada abelha em particular eram vitais para a prosperidade econômica de toda a colméia. A colméia era formada por dois grupos: os canalhas assumidos e os canalhas dissimulados. Existia todo tipo de vícios na colméia como: inveja, orgulho, avareza, ganância, e também existia a lei, a justiça e a idéia divina. Todos os vício individuais traziam algum benefício coletivo. Para sustentar a ganância de uma abelha por exemplo eram necessárias várias outras abelhas trabalhando em diversas áreas e construindo tudo aquilo que os grandes vícios de uma abelha desejava. Não fossem esses vícios, não haveria a justiça (não haveria quem defender, quem acusar ou quem julgar), o avanço tecnológico não faria sentido, não haveria competição, e a economia não circularia.
Mas as próprias abelhinhas viciosas começaram a reclamar da falta de honestidade, pregavam como ideal as virtudes e condenavam os vícios, as abelhinhas acabaram tendo seu pedido atendido, e Júpiter colocou um fim nos vícios. Todas eram virtuosas agora. Mas não foi preciso muito tempo para que o desemprego começasse a surgir em larga escala, e a economia da colméia ficasse totalmente estagnada.
Mandeville pretende mostrar a importância dos vícios, mas deixa claro que, apesar destes serem inseparáveis das grandes sociedades, e que é impossível a riqueza sobreviver sem eles, os pessoas da sociedade que são culpadas de algum vício grave devem ser reprovadas ou mesmo punidas quando esses vícios viram crimes. Ou seja: os vícios são uma força importante para o crescimento econômico, mas nem por isso devemos deixar de combater seus excessos. O alvo de Mandeville é aparentemente os moralistas que viam os homens como anjos. O texto mostra basicamente como seria na prática uma sociedade habitada somente por “santos” que abdicam de seus próprios interesses, de sua ganância, e colocam em prática apenas suas virtudes.
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