A imortalidade de Soljenítsin
Gilberto Barros Lima*
No alvorecer de uma outra realidade, a História é reconhecida por diversos exemplos que imortalizam fatos e pessoas, embora os acontecimentos sejam descritos de várias maneiras, alguns personagens merecem destaques e o reconhecimento pelas atitudes em prol de um mundo mais civilizado.
A Rússia perdeu no dia 4 de agosto de 2008 um de seus maiores ícones históricos. Infelizmente a imprensa brasileira apenas notificou rapidamente a morte de um símbolo de resistência da ex-União Soviética contra o sistema stalinista.
Considerado como o maior escritor russo vivo, Alexander Soljenítsin morreu aos 89 anos, de insuficiência cardíaca aguda
Soljenítsin nasceu em 1918, formado em Matemática, teve como sua maior paixão a Literatura. Durante a Segunda Guerra (1945) serviu no Exército soviético quando posteriormente veio a ser preso por criticar duramente o ditador Josef Stalin. Deste modo, Soljenítsin foi condenado por 10 anos de prisão e também aos campos de trabalhos forçados localizados na Sibéria.
Segundo Golovnina (Reuters, 2008), “muitos russos lamentaram a morte do escritor russo Alexander Soljenítsin, cujas críticas à tirania do comando soviético o tornaram uma das figuras mais corajosas do século XX”. Merecidamente a coragem de Soljenítsin está representada em qualquer uma de suas obras que descrevem os horrores dos quais ele experimentou no cárcere.
No transcurso da rebeldia de Soljenítsin herda-se provas concludentes e sublinhadas das fissuras de um sistema irracional vivenciado pela sociedade russa naquela terrível época. O reconhecimento da literatura de Soljenítsin lhe rendeu o Prêmio Nobel em 1970, pois sem dúvida alguma, ele foi o símbolo de resistência intelectual ao regime comunista de Stalin.
Seria um exagero reconhecer a imortalidade de Alexander Soljenítsin?
A imortalidade de Soljenítsin descrita no título deste artigo merece credibilidade, principalmente pela respeitosa condolência de um estadista russo que também participou da reestruturação da Rússia perante a conjuntura internacional. Nas palavras de Mikhail Gorbatchev, considerado o ultimo líder soviético, ele descreveu que “Soljenítsin como um homem de destino único cujo nome vai permanecer na história da Rússia”.
Gorbatchev (que devolveu a cidadania soviética ao escritor) acrescenta que “Soljenítsin foi uma das primeiras pessoas a falar abertamente dos aspectos desumanos do regime de Stalin e das pessoas que viviam sob isso, mas não foram corrompidas”.
Qualificar a sabedoria de Soljenítsin exigirá o emprego de muitos superlativos; adjetivar a coragem do escritor russo elevará a plenitude de seu espírito; meditar a literatura nascida do sofrimento invocará àqueles que buscam justiça e liberdade à inconformidade com as velhas amarras de ideologias falsas e julgar a dimensão histórica da ex-União Soviética, tal exercício exigirá um árduo esforço na busca de um entendimento racional.
Por todas essas razões, sob profundo respeito e para homenageá-lo, finalizo com tristonho pesar a um escritor que persuade o ser humano com a verdade de sua literatura, porém, nada mais justo que citar uma de suas sábias palavras:
“No fim de minha vida, me atrevo a esperar que o material histórico que recolhi entre na consciência e na memória de meus compatriotas”.
* Gilberto Barros Lima – Bacharel
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