Teoria Política

Tempo dos tempos – Doctors

Fichamento sobre o livro: Tempo dos Tempos

Autor do livro: Márcio Doctors (org.)

 

 

1.0 – APRESENTAÇÃO

 

Tempo, aquele que não tem começo e nem fim. Tempo que é relacionado com a matéria, tempo que muda, que imortaliza. O tempo é o universo, é o espaço, é a vida. Tempo que para nós surge com o nascimento e termina com a morte.

O tempo é passagem, é mudança,  é história. Tempo esse que é imortalizado nos museus e nas casas museu, que é imortalizado também nas construções tombadas pelo patrimônio histórico, nas fotografias, nas cartas, nos jornais, nos livros, nas revistas e até nas músicas e poesias.

O tempo através da tecnologia e da informática nos trouxe insegurança, a velocidade do tempo foi aumentada graças aos sistemas de informação e os meios de comunicação  e transporte.

O computador  antes era um sonho, agora se tornou realidade. Atualmente o tempo ficou curto e informatizado, as lembranças são guardadas dentro de um computador, através dele podemos antecipar o tempo, viver o tempo e guardar o tempo.

Isolado, o homem perdeu o tempo, perdeu a sua ligação com a natureza, com a história antiga  e com ele próprio. Isolado, pois atualmente ele esta vivendo a realidade virtual e imaterial do mundo digital, um mundo infinito como o tempo, que deixa o homem cada vez mais perdido e mais confuso com a falta de limites.

Os historiadores ficam preocupados, o que será feito dos museus? Como serão os museus do futuro? Virtual? Como serão sem graça! Cadê a história palpável  dos museus, a visão do antigo, do tempo? Perdidas?

Devido a isto e a estas perguntas a Fundação Eva Klabin Rapaport, deixou de ser apenas um espaço para se tornar um local de estudo e preservação do espírito de uma época, uma casa museu,  com memória que visa instigar a  imaginação e a  fantasia do seu visitante. Atualmente existem várias casas museu como a Casa de Santos Dumont, a Casa de Rui Barbosa, o Museu Imperial, entre outros…

Em 2000 a Fundação Eva Klabin preocupada com a visão do tempo lançou várias conferências, convidando várias pessoas a dar a sua opinião sobre o tempo e o espaço, para que assim todos pudessem refletir a este respeito.

A realidade do tempo por ser completamente filosófica, remete sempre a um estudo, estudo do tempo, a sua concepção, a origem do pensamento, o tempo e o movimento e o que muda e o que permanece.

 

 

2.O – SOBRE TEMPO: CONSIDERAÇÕES INTEMPESTIVAS

 

Quando falamos do tempo pensamos no presente, no passado e no futuro, pensamos no que foi, o que é, e o que será, e não esquecemos também do quando será.

Normalmente marcamos o tempo através dos números.  Podemos datar e cronometrar o tempo. A atualidade é o tempo presente; o tempo presente é o mais curto dos três tempos, sendo o passado e o futuro extensos. É no tempo presente que nos lembramos do passado e antecipamos e sonhamos com o futuro, criando assim uma lógica cronológica temporal.

O tempo é para nós, muitas vezes, confuso e inquietante. Existe o nosso tempo; o tempo para as nossas coisas, que fazemos ou deixamos de fazer justamente pela falta de tempo. Vivemos nesta época aonde o tempo é o nosso senhor e a ele devemos obediência; obediência ora rebelada e necessária.

O tempo atualmente esta ligado com a velocidade, tudo é veloz, é rápido, tudo pode ser substituído, porque existe o virtual, porque existe uma máquina que pode tomar o seu lugar, porém uma máquina nunca saberá mais que um homem; homem este que tentará sempre controlar o tempo, porém esse tempo sempre passará por suas mãos.

Tudo aquilo que não é apresentado a tempo ou no tempo devido é chamado de intempestivo, isto é, fora do tempo estipulado.

Sem o presente o passado não existiria e vice-versa, sem o presente, isto é, a atualidade, não existiria perspectivas de um futuro. Na atualidade o tempo é produtivo, é tecnológico, no passado foi conquista, foi pesquisa para podermos alcançar o que temos hoje. O tempo é o agente do mundo, sem ele não haveria história, não haveria o que se esperar e no que acreditar.

Vivemos atualmente num tempo inquietante e veloz, num tempo de constantes mudanças, não sabemos mais o que é real e o que é virtual.

O moderno agora virou contemporâneo e que já esta se transformando em pós-moderno. Estamos no início de uma nova era, de uma época em que tudo é tecnologia. Esta época teve início a mais ou menos uns cinqüenta anos atrás com a criação da bomba atômica e esta se difundindo até hoje, pois muitos ainda são os avanços tecnológicos que descobrimos e que ainda iremos descobrir.

O tempo é tomado por nós como uma continuação do passado, do presente que passou, pensamos sempre: ainda temos tempo…

 Na pesquisa aplicamos a teoria e a prática que transformamos em verdade, é através deste modo de produção que vivemos no mundo, um mundo de pesquisas que geram transformações principalmente no ramo tecnológico e informatizado. È através da pesquisa que é possível os avanços tecnológicos, que é possível as mudanças que vivemos no dia a dia deste mundo contemporâneo. Uma das vitórias no ramo da pesquisa foi acreditar que o futuro é um tempo longínquo que pode se transformar em próximo, que o futuro é um tempo de verdade, ele existe.

Temos o fator probabilidade, que também é tratado no livro, isto é, o virtual que poderá se transformar em real. Como exemplo temos o relato de uma jovem que através de pesquisas viu que era possível ela desenvolver câncer de mama na faixa dos quarenta anos por ter esta doença grande reincidência nas mulheres da sua família nesta faixa de idade, temos aí o exemplo do virtual que pode se transformar em real, no caso dela se transformou, pois o medo a fez praticar uma mastectomia e ela perdeu os seios para um câncer que ainda nem existia, pelo simples medo de vir a ter a doença e morrer.

Temos também outros fatores probabilidade do que é virtual e que pode se transformar em real como, por exemplo, a bolsa de valores, no presente pode estar em alta e num futuro próximo estar em queda. Temos vinculado ao virtual e ao real neste caso o termo especulação que fará sempre parte do mercado, pois a bolsa é assim completamente virtual mais atinge completamente o mundo real.

No virtual, o futuro esta sempre se precipitando ao presente, como nós vimos nos casos acima, por isso o tecnológico esta interligado ao virtual, que é a manifestação do futuro no presente, agora o passado se torna virtual e o futuro se torna presente, se torna real. O futuro, isto é, o que irá acontecer, é o que determina o presente e não mais o passado, agora quando precisamos do passado recorremos ao virtual.

Os Gregos foram os ¨fundadores do tempo¨, foram através deles e dos seus estudos do tempo e sobre o tempo, que descobrimos os tempos do tempo, o verbo ser, a geométrica, a matemática, os números que regulam o tempo e muitas outras coisas relacionadas ao tempo e ao ser humano. Para o Gregos o homem era o possível e o tempo era o impossível .

 

 

3.0 – IMAGENS DO TEMPO

 

 

3.1 – Introdução

 

            Através da ciência natural o povo do Ocidente compreenderá mais o tempo e a realidade que atua sobre ele.

            Na ciência tudo é provisório, assim como o tempo, tudo na ciência esta sujeito a mudanças, a descobertas. A mudança é quem da a ciência o seu caráter evolutivo, a capacidade de transformar as pessoas e a natureza.

 

 

3.2 – Uma (não tão breve) história do tempo

 

            Para termos uma idéia e acharmos uma resposta a respeito da imagem que formulamos sobre o tempo, voltemos a 65 milhões da anos atrás, na época em que um asteróide, que veio do espaço, se chocou com a terra e acabou com a evolução dos dinossauros e trouxe assim uma chance aos mamíferos que viviam escondidos de se evoluírem naturalmente de uma maneira mais acelerada. A visão dos mamíferos que era mais apurada a noite passou a se desenvolver para o dia permitindo assim a união dos sentidos, que ate então não era desenvolvida, trazendo pro homem noção de espaço e tempo antes jamais imaginadas.

            Outra etapa importante também esta ligada com a mudança climática do mundo, ela aconteceu a mais ou menos quatro milhões de anos atrás, na África, aonde grandes florestas se transformaram em áreas de savana de vegetação baixa , devido a estas mudanças alguns primatas que ali viviam adaptaram-se as novas condições de vida adotando uma posição mais ereta como condição de sobrevivência. Essa mudança tão simples trouxe então grandes habilidades a nossos ancestrais jamais imaginadas, garantindo assim uma maior precisão dos gestos.

            Outras etapas importantes que aconteceram foram a um milhão de anos atrás o descobrimento e o controle do fogo, o desenvolvimento da raça através dos bebes proto-humanos e depois os neotênicos e depois o processo mais importante de todos, o surgimento da fala. Através da fala e do quadro de coletividade que passamos a conhecer a realidade do tempo simbólico e nela atuarmos.

            Podemos perceber que a natureza, junto com o fator tempo, trouxe mudanças essenciais a nossa sobrevivência.

            Os gregos descobriram o círculo e as figuras geométricas que foram fatores essenciais na conjectura do tempo. Platão chamava o tempo de ¨imagem móvel da eternidade¨, já Aristóteles chamou o tempo de ¨medida do movimento¨, todos relacionados com o círculo.

            O profeta Zoroastro verificou que o mundo(o tempo) teve um começo (e terá um fim), esta idéia difundida pela Bíblia  judaico-cristã confirmou que havia acontecimentos singulares que nunca se repetiram e nem se repetirão, que é o caso da crucificação de Jesus, a gênese e o Apocalipse, sendo estes eventos únicos no universo.

            Podemos perceber que as artes também tiveram um papel fundamental na concepção do tempo, através das cores, das estátuas, das escrituras, das figuras.

 

 

3.3 – Tique-taque, tique- taque.

 

            Com a noção do tempo e a criação das grandes cidades podemos dividir o espaço em dias e noites e durante o dia com o movimento do sol de leste a oeste podemos dividir o dia em intervalos de tempo. O Egito por volta de 4000 anos antes da era comum,  o dia foi dividido em doze horas que seriam medidas segundo o comprimento da sombra em relação a uma varinha fincada verticalmente no chão, este é o primeiro relógio solar que temos notícia.

            Outro relógio solar de extrema importância foi o gnomon, feito no ano 700 antes da era comum, que usava a varinha neste caso inclinada dentro de uma vasilha circular.

            Entre 270 antes da era comum, o inventor grego Ctesibius o relógio de água aperfeiçoado, ao qual além de água e uma vareta, possuía uma bóia e uma engrenagem que fazia o ponteiro se movimentar marcando as horas.

            Tanto os relógios de sol como os de água ainda não eram precisos na contagem do tempo, porem naquela época eram de uma tecnologia bastante sofisticada, depois foram se aperfeiçoando, foi criado o vidro e com a criação do vidro a ampulheta, todos estes relógios tinham um sistema de medição do tempo através de um fluxo, seja de sombra, de água, de areia.;depois veio o relógio mecânico que modificou tudo isso.

            O relógio mecânico com escape foi aquele que permitiu que a hora fosse fixada em 24 horas iguais, depois a divisão em minutos e segundos.

            O relógio de pêndulo foi construído pelo holandês Cristiaan Huygens, depois Huygens e Hooke pasaram a disputar a autoria da mola em aspiral, ao qual faria os relógios funcionarem por um tempo maior bastando dar corda e também a sua diminuição.

Portanto podemos perceber que os relógios tiveram uma participação importante na história do tempo e na concepção mecânica do mundo natural, comparando o mundo a uma máquina cujo funcionamento independe de cordas.

 

 

3.4 – O hábito cronal

 

            Atualmente nossas vidas são completamente ligadas ao tempo metrificado, a concepção do uso do relógio, como se eles estivessem presos aos nossos pulsos através de algemas, não vivemos sem o relógio, sem a hora marcada, nossa essência tão fundamental precisa do relógio para marcar as horas.

            A pratica do nosso dia a dia é marcada pelas horas, os nossos compromissos são baseados nas horas, é través dela que marcamos o tempo, o tempo que passa com o avanço das horas e que não volta. O tempo é algo que flui como um rio, que sempre naquele mesmo ritmo passa do presente para o passado e nos da uma perspectiva do futuro que ainda há de vir.

            O tempo é único, não volta. Só revivemos o tempo através da história, é através dela que nos lembramos do passado.

 

 

3.5 – Labirintos, bibliotecas e paradoxos

 

            No século XX a natureza deixou de ser previsível, chata, monótona e se tornou interessante através da ciência.

            A revolução cientifica motivou uma nova compreensão do mundo. O modo de organização se exprime através da temporalidade e da complexidade, assim como o mundo natural, temos como exemplo as mudanças naturais das partículas elementares para núcleons, aos núcleos, aos átomos, às moléculas, às substâncias, às estrelas, às galáxias, aos aglomerados, ao cosmo. Estamos em constante transformação, pois o tempo é transformado, é passado, é futuro, é o fluir agora.

            Temos muitas noções de tempo, mas a vida só funciona pelo desequilíbrio entre o organizado e o desorganizado, o passado vivo, o presente vivo e o futuro vivo.

            A Relatividade Espacial é uma nova teoria que se baseia na relação de quem observa. Através desta teoria as medidas de distância, que definem o espaço e as medidas de duração que definem o tempo não são mais absolutas e sim se baseiam no ¨ponto de vista ¨ de cada observador. Assim eventos que são coincidentes para um observador não serão para outros.

            Com relação a imagem quântica do tempo, sabemos que andamos a beira de um abismo. O movimento de um átomo por exemplo nos revela que átomos individuais não gozam a assimetria do tempo, deste modo confirma-se que a assimetria do tempo é uma propriedade que esta emergindo .

 

 

3.6 – Conclusão (temporária)

 

            A aceleração e a velocidade são tributos da nossa época. O século que se encerra testemunhou o surgimento e a difusão de vários objetos técnicos dotados de larga capacidade de processamento de informação, assim como o complexo mundial do termo globalização, que são redes telemáticas operando no tempo real e instantâneo.

             A aceleração nada mais é que uma operação temporal, isto é, a intensificação de ritmos culturais, indivíduos e organismos orgânicos como indivíduos, comunidades, massas. Antes havia o limite entre o natural  e o artificial, atualmente com a inovação econômica, a tecnociência controla a produção de bens e artefatos, temos como exemplo o corpo vivo que esta em vias de fato de se tornar matéria-prima para a biotecnologia.

 

 

4.0 – TEMPO E TECNOLOGIA

 

 

4.1 – Por uma história do futuro

 

            O futuro imaginado mudou muito desde o aparecimento de novas tecnologias da informação, que incluem o computador, o cabo de fibra óptica, o satélite e a internet, mudou também na concepção cientifica com a genética, a neurologia e a imunologia.

            A medicina evoluiu muito, antigamente o diagnóstico vinha com a manifestação da doença, nos últimos cinqüenta anos a ciência vem aumentando a distância entre o diagnóstico e a doença, dando inclusive mais tempo e condição de vida aos doentes.

             A engenharia genética prometeu e agora esta começando a cumprir uma promessa feita a tempos atrás sobre a causa dos nossos sofrimentos os desarranjos genéticos.

            Com o estudo dos hábitos e a relação deles com doenças, a medicina pôde responsabilizar o indivíduo por tudo aquilo que lhe poderá acontecer. Vida sedentária, excesso de bebida, comida, sexo, fumo, podem causar doenças e a mudança de hábitos pode evitar que elas apareçam, mas tudo depende do indivíduo, pois a mudança de hábitos muitas vezes não precisa de diagnósticos e nem de intervenções médicas. Adquirir uma vida saudável, é qualidade de vida, é evitar doenças e consequentemente uma morte rápida, prolongando por muito tempo a vida, que seria curta, caso o indivíduo não tomasse providencias para evitá-lo.

            Sabemos que existe ligação entre doença, herança genética, hábito de vida e probabilidade, sabemos que se evitarmos certas práticas ou fizermos certas práticas, a probabilidade de doenças, isto é, o risco pode aumentar ou diminuir, tudo depende de nós, porém não e descartado o acompanhamento médico e a prevenção evitando assim uma morte muitas vezes prematura.

            O hoje cria a história do futuro, presumir a história ética do futuro é estipular desafios, crer na transformação, ponderar as oportunidades, pois o futuro é um futuro do presente atual , é uma espera do que pode existir baseado no que se tem hoje.

            A história do futuro é impossível de se contar, ela pode ser estimada, mas concreta nunca, pois ela pode trazer mudanças súbitas, pois o tempo passa veloz e desenfreado, é imprevisível assim o futuro.

 

 

4.2 – Antecipação, ontem e hoje

 

            O viver o hoje nos permite questionamentos sobre o futuro, nos permite mudanças e expectativas do que pode ou não acontecer.

Antecipar o que pode acontecer é ampliar o futuro, é pensar: pode ser assim ou não, depende da atitude que vou tomar hoje, depende da minha liberdade de escolha ou não, se for num contexto mundial.

O futuro pode trazer esperança e tranqüilidade, mas também pode trazer temor e violência. o tempo futuro é imprevisível, e a nossa vida é passageira, tudo no futuro é circunstância do presente que pode ser transformado em ganhos ou perdas.

Atualmente o que nos preocupa no futuro é sermos assediados por inúmeras informações, sem termos tempo de vivenciá-las, o tempo passará tão rápido e as mudanças tão constantes que não saberemos qual informação é real e qual é relevante.

 

 

4.3 – Excurso: do horror à ficção científica

 

            Antigamente buscava-se provar que não existia Deus, hoje isto não tem importância, basta-se acreditar ou não, ter uma crença ou não, é livre a escolha, mas no passado esta escolha não era livre e sim imposta pelo Estado que assumia o papel de representante de Deus na terra, fatos que foram mudando com o tempo e com a criação das grandes cidades.

            Nesta relação entre pensamento e cultura, fato natural ou não, diz respeito as crenças, valores e comportamentos. Por que existem homens de culturas e pensamentos distintos? Por que somos frutos do meio em que vivemos?

            Estas e várias outras questões dizem respeito à evolução da ciência humana e da cultura, da passagem do natural ao cultural. A reflexão sobre a cultura consiste na apreciação de um lugar privilegiado aonde se possa questionar a liberdade do indivíduo dentro da sua cultura, a transformação, pois cultura é um modo de submeter os nossos desejos a exigências sociais  para se criar um padrão.

O que inquieta o ser humano agora é a construção de máquinas de simulem o pensamento humano. Embora ainda modestamente o computador pode reproduzir alguns gestos como memória, solução de problemas, escolhas e previsões,  que para nós eram somente frutos da cultura humana. Através de estudos o homem coloca cada vez mais a máquina a sua imagem e a faz ter pensamentos antes só imaginados por outros seres humanos iguais a nós.

Os humanos descobrem cada vez mais com o estudo da genética que existem programas no nosso corpo a serem seguidos, assim como as máquinas são programadas descobrimos através da genética que os homens também são.

Atualmente já existem programas de computador capazes de simular o pensamento humano, nos mostrando assim que não é preciso consciência  para realizar comportamentos, que ao serem praticados por homens são considerados inteligentes.

Numa sociedade que valoriza o indivíduo, na década de 80, já com o desenvolvimento da ficção científica, a máquina substitui o homem na elaboração de efeitos especiais de filmes científicos e de terror, causando medo e terror a respeito do futuro, do que poderíamos esperar, como ficariam os trabalhos humanos com o crescimento cada vez mais rápido da informática, já que ela podia reproduzir efeitos e pensamentos humanos?

 

 

4.4 – Existência, Ocidente e cosmo

 

            A história do futuro é a expansão da mudança do presente. Atualmente só queremos que o tempo passe e não volte, quando acontecem coisas que não queremos que aconteçam. Se tivermos uma lembrança feliz pensamos: ¨Que pena que o tempo não volta, queria tanto que aquilo que aconteceu se repetisse de novo¨, porém se é alguma situação triste pensamos: ¨Ainda bem que acabou, tomara que isto não aconteça nunca mais.¨ ou então queríamos a chance de poder mudar aquilo de ruim que nos aconteceu.

            Agora o que nos assombra é o cosmo, o espaço.  Pois através de estudos vimos o surgimento e o desaparecimento de espécies, algumas por condição natural , outras pelo acaso, que é o caso dos dinossauros, que se tornaram os grandes dominantes da terra e depois desapareceram. Às vezes, o que aconteceu aos dinossauros nos perturba, pois temos medo também de sermos extintos pelo acaso, como aconteceu com eles, ao serem extintos com o impacto de um meteoro, temos medo do mesmo fim.

Através de estudos, aprendemos cada vez mais sobre o cosmos e sabemos que ele não tem fim, que embora construíssemos uma nave capaz de viajar a velocidade da luz, mesmo assim, a vida de um indivíduo acabaria antes de termos qualquer contato com outra galáxia. Através destes estudos vimos que os limites são insuperáveis e que temos muito ainda a descobrir para então tentarmos dominá-la, coisa praticamente impossível.

 

 

5.0 – ACONCEPÇÃO DO TEMPO: OS PRENÚNCIOS

 

            O tempo esta relacionado com o espaço e num dos espaços do tempo existe a vida de vários indivíduos em sociedade que se comportam conforme o cotidiano e a cultura transmitida a eles

Sabemos que o tempo e o espaço estão longe de exibir uma consistência eterna e durável, que ambos sofrem constantes modificações ligadas aos ramos da ciência e da filosofia.

O início que conhecemos não traz uma concepção lógica do que seria o espaço e o tempo, ambos estão longe de oferecer uma delimitação dentro da qual caberia observar o desenvolvimento mítico e cultural da vida humana.

O tempo de Homero é algo vazio, é alguma coisa que não existe, o vazio, o nada puro e simples. Em Homero não existem tempo e espaço constituídos.

Heráclito foi o primeiro grande pensador do movimento e da medida, constituídos dentro de uma concepção trágica. Para Heráclito se não existisse a injustiça a justiça jamais seria criada, outra importante descoberta foi a mutação das coisas através do movimento, depois, mais tarde, veio Bérgson que pos o movimento no ser.

 

 

6.0 – NIETZSCHE: O TEMPO E A TÊMPERA

 

            Nietzsche é um filósofo ainda muito utilizado na nossa época, esta sempre ligado a discussões sobre hackers, sobre software e comunidades que criam programas gratuitos que visam a troca de arquivos. Nietzsche repeliu o moralismo e criticou a ciência moderna, para ele, os cientistas eram sacerdotes  que crucificavam a vida em seus laboratórios.

            A estupidez estará sempre presente em nossas vidas, seja no passado, no presente ou no futuro. A estupidez é a causadora das mudanças e dos acontecimentos. No mundo globalizado atual, a violência e as diferenças são visíveis, somente no virtual há a fuga da realidade.

            Nietzsche nos faz olhar a nossa atualidade sobre um novo prisma, pois ficamos entre a realidade, a violência e a correria do dia a dia de hoje ou então a imersão de nossas vidas no virtual, do que poderá ser.

            A vontade  e o pensamento são velozes, mas a nossa existência é lenta. A contrapartida é a juventude, com seus sonhos e impulsos atrás de uma realização.

            Atualmente temos esperanças de mudar o mundo através da genética, o projeto genoma promete uma vida de 250 anos para as gerações do século XXI, mas será que os 80 anos atuais não são sufucientes?

Nietzsche lançou obras famosas como Genealogia da Moral, O anticristo e O crepúsculo dos ídolos, Nascimento da tragédia, todas baseadas na intempestividade dos tempos.

 

 

6.1 – Dialética e transcendentalidade

 

            A filosofia sempre oscilou entre o diálogo, que é o conflito entre opiniões e a dialética. Seja na filosofia ou na democracia, é difícil diferenciar um discurso falso de um verdadeiro, pois ambos sempre estiveram ligados a dialética e ao diálogo.

            A alma que é o lugar de se guardar os valores e os pensamentos, esta sempre em constante transformação, pois ao mesmo tempo em que se torna o lugar de movimento do pensamento, torna-se o lugar de transformação de valores e realização de metas que estão em curso, de nossos objetivos e aspirações.

 

 

6.2 – Polêmica e imanência

 

            Junto com Zaratustra Nietzsche vai colocar em destaque a visão e a intuição, abrindo um portal que nos leva ao passado e ao futuro, ao qual só aqueles que caminham por si só e fazem acontecer podem transportá-lo.

            Nietzsche, sempre destacou que deveríamos ter o domínio do eterno retorno, ele faz antes o tempo chocar-se e reunir-se  todo dentro do portal do instante, onde tudo se faz visão, intuição e enigma, pois esta reunião não pode acontecer fora do portal. A inquietação é um característica do portal para quem encara o presente, de quem o afronta, resistindo os apelos da atualidade, criando assim um novo presente inatural emergido através de uma ruptura com a tradição dando lugar a inquietação do intempestivo presente onde irá se formar uma tempestade que fará desabar a precipitação do tempo presente atual, deixando nele suspenso um portal ou um abismo.

            Para Nietzsche Zaratustra é alguém novo que pode suportar o viver sem velhas e novas imagens, portanto pode enfrentar a prova do portal do eterno retorno sem afundar-se em seu abismo, sem a necessidade de ter um refúgio moral, para assim não ser esmagado pelo seu peso. Nietzsche só possui a juventude através de Zaratustra, pois Zaratustra tudo vê, tudo pode, pois ele é o além-homem, para além das medidas e do medir do tempo, para além do bem e do mal. Para Nietzsche Zaratustra é um dom, o maior já feito até então para o seu próprio tempo, pois por ser o além-homem ele esta além dos intermináveis tempos humanos, pois só ele pode trazer o eterno retorno.

 

 

6.3 – Tempo e genealogia

 

            Em Além do bem e do mal, Nietzsche quer acabar com a modernidade ao mesmo tempo em que antevê o seu porvir, ele quer fazer o inatural habitar o presente.

            Nietzsche que era genealogista, queria indicar as origens dos preconceitos e da moral, querendo indicar a moral como princípio de individualização do homem, seja humano ou visto como humanidade.

            A genealogia trata do presente, e é do presente que ela procura extrair a verdade, mas é do presente real e não do antecipado, almejado ou imaginário. Ela que percorrer a moral do que realmente houve, do que realmente se viveu.

 

 

6.4 – A cartografia do presente

 

            Para os genealogiastas nada é mais importante que a moral, o presente que se extrai da genealogia é inquietante e cheio de hesitações. A genealogia é o instrumento que leva o presente a ganhar profundidade.

            A arqueologia surge como continuação da genealogia, como investigação de constituir o presente das várias camadas do tempo que ele se compõe, sem nos remeter a origem ou a meta alguma que não o próprio sítio onde elas se apresentam.

            Como pode distinguir o genealogiasta a moral da cultura se ambas se fundem em seu próprio tempo? Para o moderno a moral é tão sutil que ao escrevê-la em uma folha de papel não se encontra nada escrito nela. Para o homem moderno a cultura é a manifestação da moral.

Para a genealogia o importante afinal  é responder a seguinte questão: ¨Sob que condições o homem inventou  para si os juízos de valor ¨bom¨ e ¨mau¨? E que valor têm eles?

Se alguém se questiona sobre o valor dos valores do seu juízo, se o genealogista indaga sobra a sua utilidade, se ele interroga os seus indícios frente a vida, frente a sua vitalidade, ele quer respostas. Para eles o valor dos valores do juízo é a completa realização da vida que se indaga em cada instante de seu questionamento.

 

 

6.5 – O combate pela presença

 

            O genealogista pratica a leitura como arte. Para ele manter o silêncio por algum tempo, significa afastar o ódio e o rancor ressentidos. Desse modo ele consegue se alimentar dos efeitos da cultura moral sem se expor as suas causas.

            Para o genealogista a palavra valor  indica a presença de um gosto pelo presente, mas um gosto incerto, um gosto por aquilo que ele quer viver ainda mais uma vez e eternamente.

A genealogia traz o presente a sua própria presença porque ele esta ausente da sua própria atualidade, ela é o combate feroz que a vida trava para escrever a sua própria autobiografia vivendo assim por seu próprio crédito.

 

 

7.0 – BERGSON: A METAFÍSICA DO TEMPO

 

            Para Bérgson o simples e o imediato se fundem criando o embaraçoso. Bérgson esta completamente ligado a metafísica e a dimensão do tempo.  Para ele a dimensão temporal do pensamento e da vida são completamente hostis a filosofia.

            A filosofia de Bérgson se fundamenta na tentativa de inverter a marcha habitual do trabalho do pensamento e subverter as disposições adquiridas pela repetição freqüente de nossas formas de agir e pensar.

            A metafísica bergsoniana esta diretamente ligada a dimensão do tempo, ela liberta um pensamento-tempo para além da inteligência.

            Os livros de metafísica feitos por Aristóteles são utilizados até os dias atuais, eles nos mostram um conteúdo completamente diversificado de questões que indicam uma disciplina constituída de problemas relativos a uma ¨ciência do ente enquanto ente¨.

            A metafísica é uma pesquisa complementar aos estudos da realidade física dos seres que estão em movimento. A metafísica aristotélica aborda cada ser isoladamente considerando apenas os seus aspectos essenciais em sua realidade movente. A metafísica estuda a forma e a matéria, o ser e o estar. Devemos apenas estudar o ser na sua totalidade, por todo o movimento que vindo de fora os agita e os transforma.

            Para Aristóteles os seres são e estão, pois para ele ao lado da essência fixa, imóvel e eterna ele reconhece que os seres que existem, são, sofrem modificações e se encontram sempre submetidos a alternância dos estados sucessivos. Para Aristóteles os seres estão na condição de sujeitos do movimento, portanto suscetíveis a modificações, a acidentes, a mudanças, a alterações.

 

 

8.0 – O TEMPO E A ORIGINALIDADE DA FOTOGRAFIA MODERNA

 

            Neste capítulo, trataremos do instante no tempo e a originalidade da fotografia moderna, a sua origem, mas não historicista.

            A origem da fotografia e da pintura vem do desejo de uma sociedade que já participa na produção de imagens de um novo tipo.

            Aqui não estamos preocupados com quem inventou a fotografia, mas sim com o momento na história em que o desejo de fotografar surgiu e começou a manifestar-se, em que momento a fotografia passou de fantasia para a realidade.

O tempo, no início da fotografia, se fazia presente apenas como mais um ingrediente, era impossível fotografar corpos móveis. Somente da década de 1870 a fotografia tornou-se instantânea, e o acesso a velocidade tornou-se possível.

            Entre o surgimento da fotografia instantânea e a fotografia moderna passaram-se quarenta anos.

            Para muitos filósofos o instante não é real, é artificial, secundário, resultado de uma operação que da espaço ao tempo. O instante é transcendente, ele se abate sobre o contínuo da duração, vindo do exterior. O instante é a marca de uma filosofia e de uma ciência instantânea fruto de uma inteligência limitada à ação.

             A origem da fotografia só se destaca com a fotografia moderna, pois é com a manifestação do tempo, através de toda imagem fixa, e por meio da espera, que o fotógrafo procura imprimir na imagem o tempo que se ausenta. A espera é própria da fotografia e da espera advém o instante.

 

 

9.0 – TEMPO E HISTÓRIA

 

 

9.1 – Tempo humano e tempo cósmico

 

            Santo Agostinho dizia que sabia o que era o tempo mas que era incapaz de explicá-lo, porque o tempo é circular. Assim como o tempo as definições de espaço estão sujeitas a circularidade. Sabemos que o tempo é irreversível, não tem volta, porque são sucessões de momentos  e os momentos são unidades de tempo. Santo Agostinho declarava que a memória  era a presença de coisas passadas, que a visão é a presença de coisas presentes e que a expectativa era a presença de coisas futuras.

            O tempo pode ser observado de duas formas, a primeira como objeto da vida humana e a segunda como objeto da ciência física. O tempo como vivência humana se apresenta como o marcador do ritmo biológico do homem e  o ritmo de seus estados de convivência. O tempo da ciência física é entendido como um processo de irreversíveis sucessividades, existe um tempo absoluto  que transcorre irrevogável  por vários instantes que se sucedem.

 

 

9.2 – História do tempo

 

 

Civilizações cosmológicas

 

            O tempo é visto na história sob uma forma circular ou linear. Nietzsche , a civilização helênica e cosmológica viam o tempo através de uma concepção circular. Já as civilizações persa, judaica, escatalógicas e a cristã tiveram uma concepção linear, sendo o tempo entendido como algo que teve começo com a criação do mundo e terá um fim com o seu fim.

            Para as civilizações cosmológicas tudo o que existe faz parte  do cosmo e é regulado por uma eterna circularidade, como ocorre com os astros e planetas.

 

 

Grécia

 

            A Grécia absorveu a concepção circular do tempo. Para Platão e Aristóteles o tempo era coexistente com o mundo. O tempo nesta época era a imagem móvel da eternidade aonde se movia o mundo. Para Aristóteles o tempo segue uma tragetória circular que não tem início nem fim.

 

 

Concepção linear do tempo

 

             O mundo assim como o tempo, foram criados por Deus, ambos seguiriam o seu curso normal e terminariam com o fim do mundo e do tempo.

            As civilizações judaica e cristã foram caracterizadas pela concepção linear do tempo. Deus deu ao homem a liberdade e a opção de escolha, optando pelo pecado o homem perdeu a sua inocência. Na civilização cristã uma segunda chance foi dada ao homem com a encarnação de Jesus Cristo. Aqueles homens que seguissem os seus ensinamentos estariam salvos. O homem e o tempo terminariam no fim da história com a consumação do mundo  e o julgamento final, depois viria a ressurreição dos mortos, a eterna salvação dos homens bons e os maus não se salvariam.

 

 

9.3 – O tempo da história

 

 

História como processo e como disciplina

 

A palavra história, em todos os idiomas ocidentais tem duplo significado. Uma diz respeito ao processo histórico res gesta e a outra dia respeito à disciplina que estuda este processo, historia rerum gestorum.

A história como processo começou com o inicio da cultura, isto é, quando o homem se tornou capaz de transmitir modos de comportamento que não eram herdados biológicamente. O passado que o historiador procura interpretar é a res gesta.

 

A aceleração da história

 

            A aceleração é um dos mais interessantes fenômenos da história. O período paleolítico durou mais de um milhão de anos, já o período neolítico durou dez mil anos, enquanto que para o curso das civilizações durou cinco mil anos. Essa aceleração continua a se fazer sentir na história das civilizações.A aceleração de história é baseada no processo científico –tecnológico.

 

 

9.4 – O colapso do futuro

 

            A aceleração da história através do processo tecnológico nos leva a uma tecnologização da vida. A relação do homem com a natureza se transformou na relação homem com a tecnologia, com a máquina. As coisas mudam para permanecerem como estão, e relevante é tudo aquilo que nos afeta de uma forma positiva ou negativa.

            Dadas as condições tecnológicas atuais, será decrescente a utilidade de quase todas as inovações técnicas. A sociedade de hoje em dia tem pouco a ganhar  com inovações espaço-temporais. A sociedade atual esta mais preocupada com inovações  sociais e filosóficas que terminem com a grande desigualdade social que existe no mundo.  O que o homem contemporâneo espera é recuperar o sentido de sua vida, salva-la de se transformar em mera função, podendo ser substituída por outra igual, nos tornando descartáveis.

O homem descartável irá nos levar a um colapso no futuro, pois vimos que o último animal a aparecer na terra, isto é, o homem, será o primeiro a se extinguir no futuro. O homem acabará com a própria civilização humana muito antes da extinção cósmica do planeta. A história como res gesta continuará enquanto o homem existir e terminará quando tudo for descartável.

 

 

10.0 – CONSIDERAÇÕES FINAIS E CRITICAS AO LIVRO

 

            O livro abordou de uma maneira direta a origem, a concepção histórica e a evolução do tempo, as suas passagens temporais, o passado, o presente e o futuro.

            Ele abordou alguns temas relacionados ao tempo como o espaço, o cosmos, a fotografia, a imagem, o ser humano, o virtual, a informática, a natureza, o momento, o instante, a invenção do relógio, a ciência, a filosofia, a física e a metafísica.

            Conheci histórias sobre a concepção do tempo que jamais passaram pelo meu pensamento, aprendi a fazer uma maior relação e ligação entre passado, presente e futuro.

            Aprendi um pouco sobre o mundo virtual, ao qual tive muito pouco acesso até agora, a sua origem e o que esperar dele.

            O livro me fez pensar no passado, redefinir o presente e aguardar o futuro com uma visão diferente do que imaginava, me fez repensar em valores e pensar na evolução da raça humana e o que nos espera no futuro.

            A leitura de um modo geral foi interessante, apesar de em alguns momentos a leitura do livro e a visão de alguns autores se tornarem cansativas e repetitivas. De um modo geral a leitura foi boa e o aprendizado foi inteiramente construtivo.

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Como citar e referenciar este artigo:
CAMACHO, Samanta. Tempo dos tempos – Doctors. Florianópolis: Portal Jurídico Investidura, 2008. Disponível em: https://investidura.com.br/resumos/teoriapolitica/tempo-dos-tempos/ Acesso em: 25 abr. 2024