Relações Internacionais

Fichamento do artigo “Neoliberalism, Neorealism, And World Politics”, de David A. Baldwin


O autor inicia seu artigo introdutório ao livro
relembrando que a proposta neste é continuar a linha de pensamento que já vinha
reformulando o pensamento realista desde o realismo estrutural de Waltz pasando
pelo surgimento, a partir do neorealismo, do movimento neoliberal e dos
movimentos similares como o institucionalismo apresentado por Keohanne.

Assim, o autor inicia seu texto comparativo explicando
as principais diferenças entre os autores institucionalistas, os quais buscam
ser uma ponte ligando preceitos liberais e realistas, e as diferentes formas de
liberalismo (como o comercial que prega o livre comércio; o republicano que
liga preceitos democráticos a paz; e o sociológico que se refere a teorias que
ligam o conceito de transnacionalidade com a integração global).

Após esta breve distinção o autor aponta
sistematicamente os seis principais pontos que caracterizam as causas debate
neorealista e neoliberal sendo estes:

· A natureza e as conseqüências da anarquia. Segundo
Baldwin, apesar de todos concordarem com a natureza anárquica do sistema
internacional existem desacordos quanto ao que realmente significa o sistema
anárquico e como isso influencia os agentes;

· Cooperação internacional. O autor destaca que ambas as
linhas de pensamento concordam ser possível a cooperação, contudo neorealistas
seriam mais céticos quanto a facilidade em chegar-se e manter tal cooperação
além de acreditarem ser esta dependente do poder dos Estados;

· Ganhos absolutos contra ganhos relativos. Neste ponto,
destaca Baldwin que realistas buscam – antes de considerar os ganhos absolutos,
ou seja, os ganhos de ambas as partes – enfatizar quem sairia ganhando mais da
situação, ou seja quem seria relativamente mais favorecido;

· Prioridades na agenda internacional dos Estados. Os
teóricos concordariam quanto a importância tanto da segurança nacional quanto
da saúde economia da nação, porém divergiriam quanto a preponderância de um
desses temas na pauta internacional do governo;

· Intenções contra capacidades. Seguindo o pensamento do
realismo clássico, porém menos extremistas, os seguidores da premissa
neorealista buscam no motivo para uma ação política não a intenção do estado
mas sim qual será o ganho de capacidades a partir deste movimento político. Tal
tópico estaria muito relacionado ao ganhos absolutos e relativos abordados
acima;

· Instituições e regimes. Ambos os lados reconhecem a
importância que vem ganhando esses aspectos dentro da política internacional
desde 1945. Contudo, realistas dizem que é exagerado acreditar que as
instituições são capazes de diminuir as conseqüências dos efeitos da anarquia
dentro da cooperação inter-estatal, como bem crêem os neoliberais.

Na seção seguinte, o autor faz um breve resumo
histórico do campo das relações internacionais e seus debates, partindo de
Tucidites, Maquiavel, Hobbes e Kant, passando pelos ideais de soma zero
presentes no pensamento mercantilista até chegar ao debate atual no qual o
autor resume que dois preceitos são indispensáveis para ambas as teorias tanto
para entender quanto para debater as relações internacionais: Poder e anarquia.

Assim, Baldwin segue falando inicialmente sobre o a
anarquia. Segundo ele, ambos os grupos acreditam que a anarquia é inerente ao
sistema internacional podendo existir, mesmo a partir desta premissa, certa
forma de ordem no sistema. Contudo, o que os autores divergem é quanto a
natureza, as causas e a extensão desta premissa.

Depois, o teórico trata do segundo tema: Poder. No
subtítulo “capacidades e cooperação” ele ressalta que três pontos devem ser
lembrados quando os grupos falam sobre este tema. O domínio e o campo de ação
do poder muda entre os grupos bem como a questão da soma zero que é
interpretada diferentemente entre os teóricos que acreditam ou não na
fungibilidade do poder. É possível aqui fazer uma interconexão entre os três
pontos e relembrar que este tema já foi abordado por muitos teóricos, dentre
eles clássicos como Carr e Morgenthau e mais recentemente Keohanne em sua obra
que analisa as “issue-areas”.

Por fim, Baldwin termina seu artigo levantando diferentes
pontos que ainda carecem de exploração e pesquisa entre os teóricos das duas
correntes: Estratégias de reciprocidade; a relevancia do numero de atores no
âmbito da cooperação, tema brilhantemente tratado por Keohanne e Waltz mas que
ainda pode ser aprofundado; Trabalhos empíricos relatando as expectativas de
futuras interações dos atores; o quanto importantes os regimes são para o
sistema; comunidades epistêmicas que buscam a cooperação e por fim qual área de
cooperação internacional é a fetada pela distribuição de poder entre os atores.

Todas essas análises, a partir do debate “neo x neo”
apenas contribuirão para o desenvolvimento da teoria de relações internacionais
como bem lembrou Reinhold Niebuhr com
sua idéia de “children of light and children of darkness”

Como citar e referenciar este artigo:
ANÔNIMO,. Fichamento do artigo “Neoliberalism, Neorealism, And World Politics”, de David A. Baldwin. Florianópolis: Portal Jurídico Investidura, 2010. Disponível em: https://investidura.com.br/resumos/relacoes-internacionais/fichamento-do-artigo-neoliberalism-neorealism-and-world-politics-de-david-a-baldwin/ Acesso em: 19 abr. 2024