Direito Internacional

Análise do filme A Rainha Margot, de Patrice Chéreau

O filme retrata a França em 1572, quando do casamento da católica Marguerite de Valois e o protestante Henri de Navarre, que procurava minimizar as
disputas religiosas, mas acaba servindo de estopim para um violento massacre de protestantes conhecido como a Noite de São Bartolomeu, que teve a
conivência do rei da França Carlos IX, irmão de Margot. O filme, que retrata esse trágico acontecimento, é baseado num romance de Alexandre Dumas.

Catarina de Medici propõe um casamento (de fachada) entre sua filha Margot e o rei de Navarra, feito rei em nome do assassinato de sua mãe, rainha
Joana, aos mandos de Catarina. Enquanto a noite do casamento se transcorre, um banho de sangue lava Paris com os pescoços de milhares e milhares de
protestantes (chamados também de huguenotes). Carlos IX não resiste a uma doença que o fazia transpirar sangue (comparável a Jesus no Monte das
Oliveiras) e Danjou, seu irmão assume o trono da França.

Margot, a princípio, recusa-se a aceitar Henri como seu marido. Ele não a força, não a condena, sabe de sua fama e mesmo assim propõe uma aliança entre
os dois. Depois da morte de quase todos os seus amigos e líderes do movimento protestante, Navarra é condicionado a viver apenas dentro das paredes do
Louvre.

Danjou não governa mais que 14 anos (preconizados por um “vidente” ao meio da trama) e ascende finalmente ao trono Henri IV, o primeiro da dinastia
Bourbon.

Como estudado em aula, Catarina de Medici é a soberana que fez com que O Príncipe de Maquiavel existisse na prática; vivia para a opção de ser
antes temida do que amada e não media astúcia e crueldade para atingir seus objetivos. Depois da Noite de São Bartolomeu, conseguiu guiar soberana sem
objeções civis (até a tomada do trono por Navarra).

Margot apresenta-se misteriosa; fria com uns, transigente com outros, indecisa, mas fiél, triste, confusa, e mesmo assim uma mulher de personalidade
forte como se já tivesse visto e ouvido muita coisa dessa vida vã da corte do Louvre. Apaixona-se por La Môle, um protestante que escolhe na rua,
ampara-o durante o massacre e torna-se seu amante por um consideravel tempo.

As relações incestuosas, a falta de escrúpulos, as cabeças cortadas e as mentiras não consegiram provar-me muito mais daquilo que já me parece tão
evidente depois de quase um semestre de estudos jurídicos: direito é força. Tanto melhor que os mais fortes sejam também os mais justos, já
dizia Bobbio. Infelizmente não é essa a situação da França durante o momento histórico do filme.

Tenho que aproveitar o momento e dizer que as cenas me absorveram toda a atenção, é um filme muito bem conduzido e escolhido e agradeço pela
oportunidade que nos foi dada em assisti-lo.

* Gisele Witte, Acadêmica de Direito da UFSC, Estagiária no Tribunal de Justiça de Santa Catarina, Gabinete Des. João Batista Góes Ulysséa, Segunda
Câmara de Direito Comercial, Organizadora do VI Congresso de Direito da UFSC

Como citar e referenciar este artigo:
WITTE, Gisele. Análise do filme A Rainha Margot, de Patrice Chéreau. Florianópolis: Portal Jurídico Investidura, 2011. Disponível em: https://investidura.com.br/resenhas/direito-internacional-resenhas/analise-do-filme-a-rainha-margot-de-patrice-chereau/ Acesso em: 28 mar. 2024