Faz de conta que eu sei que você sabe e que nós sabemos. Faz de conta que os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário sabem que nós não sabemos. Um período propício do faz de conta num país é o momento eleitoral. Os candidatos profissionais a político dizem que “tudo está errado, tudo está certo e tudo pode melhorar. Eu fiz, posso fazer melhor e mais. Eu fiz, estou fazendo, quero continuar fazendo”. Em que momento será dito: “não posso fazer, não tem dinheiro, não aumentou a receita, apenas as despesas aumentam”.
Num país do faz de conta em que candidatos profissionais a políticos prometem melhorias, o povo faz de conta que acredita, finge não ter problemas com a saúde, a educação, a segurança e o transporte. Sem falar do meio ambiente, da corrupção, do corporativismo institucional, do mensalão, da era Collor, da era Sarney, da era ACM, da era Petrobras. Era, porque já era mesmo. E o Poder Judiciário? Intocável, “ops”, era “Lalau”.
Caminhamos pela cidade, sinaleiras, rotatórias, qualquer pedaço de espaço onde possa fincar ali uma propaganda política, assim como existe os movimentos dos sem nada: sem teto, sem casa, sem terra, sem carro, sem dinheiro, sem qualquer coisa, mas é sem alguma coisa, isso é o que importa, considero estas propagandas como o MERCA (Movimento dos sem espaço na rua, calçada e acessibilidade).
Enquanto isso, estamos num país do faz de conta. Onde os que têm mais continuam com mais e os que têm menos continuam com nada porque menos não sei se chegaria a algum resultado. Quando será o dia em que teremos melhores serviços públicos em todas as suas formas possíveis com seriedade, saúde, telefonia, segurança, transporte, educação?
Claro que não existe este país do faz de conta, pois se existisse era só fazer de conta e voltar à realidade. Isso porque o país que existe é o país de melhor educação; moradia a todos; saúde onde se espera menos de uma hora para ser atendido; país onde transporte funciona; segurança onde você não tem medo de andar nas ruas.
Pois é, neste país do faz de conta que existe ou não existe, depende de cada um. Uns dirão: “existe”. Outros dirão: “não existe”. Depende da conveniência, da oportunidade e da vantagem pessoal e corporativa de que algo possa vir a trazer de vantagem.
Mas posso dizer, com certeza, que existe algo que jamais deve ser apagada: a esperança. A esperança de um país melhor, de uma população educada, forte e decidida. Decidida a mudar o rumo desse país, decidida a discutir, pressionar e cobrar dos poderes as mudanças necessárias para este país. Esta decisão e mudança começam nas pessoas quererem, efetivamente, estas transformações que se refletem em outubro nas eleições.
Gerson Luís dos Santos
Diretor do Sindispge (Sindicato dos Servidores da Procuradoria-Geral do RS)