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Conass defende que diferença de classe no SUS contraria princípios constitucionais

Conass defende que diferença de classe no SUS contraria princípios constitucionais

Ao participar da audiência pública sobre “diferença de classe” em internação pelo SUS, o presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), Wilson Duarte Alecrim, afirmou que a diferenciação é incompatível com a Constituição Federal de 1988. A audiência pública, realizada no Supremo Tribunal Federal (STF), tem o objetivo de auxiliar a Corte com informações necessárias ao julgamento do Recurso Extraordinário (RE) 581488, que discute o tema.

Wilson Alecrim ressaltou que a diferença de classe – também denominada de “co-pagamento” – fere a Constituição porque “não lida somente com o direito individual à hotelaria diferenciada e à fidelidade do médico de preferência, mas lida com a forma estatal de ofertar ações de serviço de saúde e as suas formas de pagamento”.  Para ele, o termo “diferença de classe” já denota exclusão e preconceito social. 

Conforme o presidente do Conass, a diferença de classe, ainda que tenha existido no passado, é uma possibilidade que a Constituição de 1988 não admite mais. “Nem o legislador nem a legislação pátria impuseram à sociedade brasileira a execução de critérios que importem em discriminação e privilégios”, ressaltou, acrescentando que tal sistema configura transgressão aos princípios constitucionais da universalidade, igualdade de acesso, promove a desordem administrativa e confere supremacia ao interesse privado em detrimento do interesse público.

Em sua exposição, ele destacou que a Constituição Federal não permite que a iniciativa privada atue em desconformidade com a lei e nem sobreponha seus interesses aos interesses públicos. Portanto, salientou que “aos profissionais ou estabelecimentos de saúde que queiram oferecer serviços médicos ou de hotelaria diferenciada, que o façam mediante oferta por desembolso direto ou conforme as regras da saúde suplementar, devendo proceder de igual forma os pacientes que queiram adquirir tal diferenciação, e não usar o SUS como caminho para que isso aconteça”.

Segundo Wilson Alecrim, o Conass é contrário ao co-pagamento, “pois o modelo organizativo dos SUS tem na lei de forma expressa e inequívoca a gratuidade das ações e serviços de saúde ofertados à população”. Ele salientou que a entidade reconhece que o SUS não é um sistema pronto e acabado e tem problemas estruturais a serem enfrentados como o subfinanciamento, a estruturação dos recursos humanos, acesso qualificado às ações e serviços “e, mesmo com esses problemas, é a opção constitucional e social do povo brasileiro”. “Para os gestores estaduais de saúde, admitir a diferença de classes seria afrontar o espírito do legislador que concebeu as bases fundamentais do SUS, desconhecer a supremacia do interesse público em face do privado e promover de forma inequívoca o retrocesso ao direito social à saúde do país”, concluiu.

EC/EH
 

Fonte: STF

Como citar e referenciar este artigo:
NOTÍCIAS,. Conass defende que diferença de classe no SUS contraria princípios constitucionais. Florianópolis: Portal Jurídico Investidura, 2014. Disponível em: https://investidura.com.br/noticias/stf-noticias/conass-defende-que-diferenca-de-classe-no-sus-contraria-principios-constitucionais/ Acesso em: 08 set. 2024