O fortalecimento da presença brasileira no Caribe foi defendido pelos futuros embaixadores junto a São Cristóvão e Névis e Trinidad e Tobago, respectivamente Miguel Júnior França Chaves de Magalhães e Haroldo Teixeira Valladão Filho, cujas indicações receberam nesta quinta-feira (5) parecer favorável da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE). As mensagens serão ainda submetidas ao Plenário.
Indicado para ser o primeiro embaixador brasileiro junto à Federação de São Cristóvão e Névis, o ministro de segunda classe Miguel Magalhães lembrou que, entre os chamados Bric – Brasil, Rússia, Índia e China -, o Brasil é o único país que não conta com poderosas Forças Armadas. A atuação do país, portanto, deveria ser baseada, a seu ver, no chamado soft power, ou poder de influência por meios pacíficos. E, para isto, o Brasil precisaria inicialmente marcar presença com a abertura de novas embaixadas.
– A visão geoestratégica do Brasil não pode ser a mesma de um país pequeno. Somos um país grande, uma potência regional. Este conceito que temos de uma potência pacífica é importante para nós e para a América Latina. E uma nova embaixada pode ser vista como um porta-aviões, a partir de onde podem ser desenvolvidas várias iniciativas – disse, em resposta a pergunta sobre a abertura da embaixada feita pelo senador Roberto Cavalcanti (PRB-PB). A indicação de Magalhães teve como relator ad hoc o senador Cristovam Buarque (PDT-DF).
Em São Cristóvão e Névis, arquipélago de apenas 40 mil habitantes, cuja economia tem como principais destaques o turismo e a construção civil, a produção de cana-de-açúcar já foi o principal produto e agora responde por apenas 20% de seu Produto Interno Bruto (PIB). Atualmente, é um dos quatro países selecionados para cooperação na produção de biocombustíveis pelo memorando de entendimento sobre o tema, firmado por Brasil e Estados Unidos.
Dirigida agora menos para o açúcar e mais para a produção de etanol, afirmou Magalhães ao responder a uma indagação de Cristovam a respeito do risco do aumento do tráfico de drogas na região, a produção de cana-de-açúcar poderá ajudar a reduzir o risco de aumento da produção ali de drogas como a maconha.
Petróleo e gás
A mensagem de indicação do ministro de segunda classe Haroldo Valladão para o cargo de embaixador em Trinidad e Tobago teve como relator o senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), presidente da comissão, que elogiou o trabalho de Valladão à frente da embaixada brasileira na Croácia, onde atualmente se encontra. O embaixador ressaltou o grande potencial de Trinidad e Tobago para a produção de petróleo e gás, que tem atraído o interesse de empresas brasileiras. Mencionou ainda a possibilidade de a Vale instalar naquele país uma usina siderúrgica.
Ao final da reunião, a comissão aprovou parecer favorável ao Projeto de Decreto Legislativo 656/09, que aprova acordo básico de cooperação técnica entre o Brasil e Burquina Faso. O relator do projeto foi o senador Paulo Duque (PMDB-RJ). Ao apresentar seu voto favorável, o senador pediu que o Ministério das Relações Exteriores apresente com freqüência os resultados de acordos de cooperação aprovados pelo Senado.
Fonte: Senado