A Comissão Especial para tratar do Ensino Profissional no RS realizou audiência pública na noite de quarta-feira (3), no Espaço da Convergência Deputado Adão Pretto, para debater o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego no Campo – Pronatec Campo .
O deputado Altemir Tortelli (PT), proponente do debate e coordenador do encontro, agradeceu a presença das diversas representações e salientou a importância de se debater programas de formação profissional voltados para o atendimento de pessoas e comunidades que vivem na zona rural do Rio Grande do Sul e do país. “Que esta audiência pública sirva para fomentar o diálogo nos espaços de governo sobre a necessidade de tornar permanente as políticas públicas direcionadas à educação e à formação profissional no campo. Todos nós temos o desafio e a responsabilidade de trabalhar para que o Pronatec Campo passe a ser um programa de Estado, e não de governo, e ganhe perenidade”, sustentou.
Tortelli conclamou os participantes a trabalharem para uma nova educação, fundada na pedagogia da alternância, capaz de ajudar a melhorar a realidade das pessoas que vivem na zona rural.
Política pública de formação para a zona rural
O professor Antônio Carlos Brodi, representante do Instituto Federal Sul-Riograndense (IFS), sublinhou que os Institutos Federais são oriundos das antigas Escolas Técnicas Federais e que neste novo formato eles oferecem ensino médio técnico e possibilidade de acesso ao ensino superior, sempre voltado para os arranjos produtivos locais (APLs). “O Pronatec Campo, além de sua importância social e quebra de paradigma, ainda traz no seu conteúdo a manutenção da qualidade dos cursos oferecidos com o objetivo de resgatar aqueles que ficaram à margem do ensino formal no país”, assinalou.
Para a professora Viviane Ramos, os processos pedagógicos para atender as necessidades do homem do campo são diferenciados, pois devem levar em conta as peculiaridades próprias daqueles que estão ligados aos ciclos agrícolas. Ela ainda destacou que os objetivos do Pronatec Campo buscam expandir e interiorizar a oferta de ensino técnico na zona rural; a ampliação de oportunidades educacionais para todas as pessoas que trabalham e vivem no campo, além de fazer a articulação da educação profissional tecnológica com as políticas de geração de emprego e renda.
Viviane também sublinhou que o Pronatec Campo tem como público-alvo os pequenos agricultores, comunidades indígenas e quilombolas. Ela também escalerecu que o programa oferece formação em três eixos tecnológicos, quais sejam; recursos naturais, produção alimentícia e gestão e negócios.
Clarice Schusller, representante da Secretaria Estadual da Educação (Seduc), destacou que a primeira experiência com o Pronatec não foi muito exitosa e que em 2012 a Seduc passou a trabalhar somente com o Pronatec Tec, oferecendo mais de 4 mil vagas nos cursos. Em 2012, a Seduc criou 30 comitês regionais de acompanhamento do Pronatec e para este ano estão previstas 6 mil novas vagas.
Para Clarice, é necessário que os alunos do Pronatec, ao terminarem os cursos, ainda sejam acompanhados quando do seu ingresso no mercado de trabalho.
Darcy Bitencourt, representante da pró-reitoria do IF Sul, salientou que no Rio Grande do Sul, diferentemente do que ocorre nos outros estados da federação, as demandas do Pronatec Campo foram repassadas aos movimentos sociais organizados. “É importante destacarmos que este é um dos poucos programas que está ofertando qualificação para o meio rural”, salientou.
Para Bitencourt, uma das dificuldades encontradas refere-se à evasão, provocada pelo calendário agrícola. Ele sustentou que estes cursos devem, além de oferecer formação técnica, resgatar a dignidade e a autoestima daqueles que vivem no campo e que sempre foram esquecidos pelas políticas públicas no Brasil.
Para Armando Ederle, representante da secretaria estadual de Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo, é impossível pensar em qualquer projeto de desenvolvimento rural sem levar em conta a educação.
Élson Senna, representante da Associação Gaúcha de Professores Técnicos de Ensino Agrícola (AGPTEA), destacou a importância do Pronatec Campo para a formação e permanência dos jovens no meio rural. Ele sublinhou que é necessário também investir na qualificação profissional dos formadores.
Sharle Capeletti, representante da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Rio Grande do Sul (Fetag), elogiou a criação do Pronatec e salientou que a proximidade entre os Institutos técnicos e as comunidades possibilitam o diálogo e o atendimento das demandas locais. Ele defendeu a construção de uma educação específica para as crianças e jovens do campo, respeitando as peculiaridades próprias de quem trabalha com o calendário agrícola.
Presenças
Também participaram da audiência pública desta noite Luiz Webber, representante da Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar (Fetraf), Sindicato dos Técnicos Agrícolas do Rio Grande do Sul (Sintargs), além de representantes da Ceasa, entre outros.
Fonte: AL/RS