Foi lançada, na tarde dessa segunda-feira (18), no Plenarinho da Assembleia Legislativa, a Frente Parlamentar em Defesa da Biblioteca Pública, presidida pelo deputado federal José Stédile (PSB/RS). O ato contou com as presenças do professor, escritor e jornalista Ruy Carlos Ostermann, ex-secretário de Educação do Estado, do atual secretário da Cultura do Estado, o escritor Luiz Antônio de Assis Brasil, e do presidente da Frente Parlamentar de Incentivo à Leitura do Rio Grande do Sul, deputado estadual Miki Breier (PSB), entre outros.
Stédile abriu o evento explicando que a frente parlamentar foi lançada no ano passado em Brasília e que agora o lançamento estendia-se também para os estados da Federação. Observou que são alarmantes os dados relativos à leitura no Brasil. Segundo ele, diminuiu em 7 milhões o número de pessoas que leram pelo menos um livro no ano e cresce o número de analfabetos funcionais. “Setenta e cinco por cento da população brasileira lê, mas não entende o que lê”, afirmou.
Conforme Stédile, entre as metas da frente parlamentar está o empenho para que todos os municípios brasileiros tenham bibliotecas públicas, todas as bibliotecas públicas disponham de bibliotecários e haja em cada uma das capitais brasileiras uma biblioteca 24 horas. O deputado federal disse que, no ano que vem, pretende retornar ao Estado para verificar o quanto se avançou nessas metas.
Ruy Carlos Ostermann chamou a atenção para o fato de que 60% dos domicílios brasileiros não possuem um espaço reservado aos livros, isto é, uma biblioteca ou mesmo uma estante. “Nas nossas casas, temos a figura do pai, da mãe, dos filhos, mas não temos a presença inquietante e mobilizadora do livro”, disse o escritor. Ostermann elogiou a iniciativa dos parlamentares observando que as pessoas precisam ser “incentivadas, chamadas” para uma atividade que não é corriqueira. “A criança que encontra uma biblioteca em casa tem um estímulo que outros não têm”, disse. Ainda conforme o escritor, as novas tecnologias, muitas vezes, acabam por estimular experiências sem importância. “Temos que cuidar para não sermos a sociedade do desperdício, temos que criar nas pessoas a insatisfação”, defendeu.
Para o secretário da Cultura, Luiz Antônio de Assis Brasil, a mobilização em curso já é em si um fato relevante. Também ele enalteceu a iniciativa dos parlamentares. O secretário apresentou as principais ações da pasta dentro dos limites do que o Orçamento do Estado lhe permite. Disse ter sido possível o lançamento de um edital no valor de R$ 1 milhão para equipar bibliotecas de 50 municípios. Metade desse montante, segundo o secretário, teria sido destinado à aquisição de livros e a outra metade à aquisição de equipamentos de informática. Disse terem sido atendidas 40 bibliotecas. As dez restantes, segundo ele, não teriam se enquadrado nas condições do edital. Segundo Assis Brasil, a intenção do governo é equipar, até 2014, 225 bibliotecas públicas, abrangendo metade dos municípios do Estado.
O presidente da Frente Parlamentar de Incentivo à Leitura do Rio Grande do Sul, deputado estadual Miki Breier (PSB), disse que o grupo tem procurado incentivar os municípios a promoverem feiras do livro locais. Miki destacou a importância da leitura. Citou a experiência de Passo Fundo, que possui os maiores índices de leitura do país, como exemplo para os demais municípios.
A diretora da Biblioteca Pública do Estado, Morgana Marcon, descreveu a situação atual da instituição, que completa 100 anos em 2012. Disse que, conforme a pesquisa Retratos de Leitura no Brasil, 75% das pessoas não entram nas bibliotecas públicas, e isso ocorre, segundo ela, porque não são espaços atraentes, com acervo atualizado e atendimento especializado. Informou que está para ser assinado um convênio de R$ 2 milhões, mediante contrapartida do Estado, para modernização do prédio. Disse que, na Biblioteca Pública do Estado, há apenas três bibliotecários, incluindo ela própria.
Também participaram do lançamento a presidente da Frente Parlamentar do Incentivo à Leitura de Porto Alegre, vereadora Fernanda Melchiona (PSol), além de representantes da Câmara Rio-grandense do Livro, Osvaldo Santucci Júnior, do Conselho de Cultura e Turismo da Famurs, Júlio César Pannebecker, do Conselho Federal de Biblioteconomia, Lizandra Brasil Estabel, do Conselho Regional de Biblioteconomia 10ª Região, Angélica Dias Miranda, da Associação Rio-grandense de Bibliotecários, Katia Minatto Leal, e da Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação da UFRGS, Ricardo Schneiders.
Fonte: AL/RS
