Ao avaliar as informações do Banco Central de que os depósitos na poupança ultrapassaram os saques em mais de R$ 5 bilhões, melhor resultado desde o início da serie histórica do BC, em 1995, o economista João Rogério Sanson comemora. Segundo ele, a redução no rendimento da caderneta de poupança neste ano, resultado da mudança das regras e dos cortes da Selic, não tem afugentado os investidores. ?Um dos influenciadores do fenômeno foi a queda da taxa de juros básica que serve para remunerar todas as demais taxas?, frisou.
De acordo com o especialista, no último mês os depósitos na caderneta somaram R$ 93,74 bilhões, enquanto as retiradas foram de R$ 87,79 bilhões. Com o ingresso de R$ 5,95 bilhões na poupança em setembro, o volume total de recursos na caderneta alcançou R$ 473 bilhões, contra R$ 465 bilhões em agosto. ?Mesmo apresentando rendimentos baixos, a poupança tornou-se a preferida da população por ser um dos investimentos mais seguros. É a melhor opção para pequeno investidor?, explica.
O economista destaca que a maior parte do dinheiro entrou na caderneta somente após as alterações nas regras de remuneração da poupança, anunciadas pelo governo federal em maio. Do total de R$ 33,18 bilhões de ingresso do primeiro semestre, R$ 27,93 bilhões foram registrados após a mudança. ?Com as novas regras definidas pelo governo federal, a poupança passou a ser atrelada aos juros básicos da economia, rendendo 70% da aplicação, mais a Taxa Referencial (TR)?, informa.
Segundo Sanson, pela regra anterior, que vigorava desde 1991, a poupança não podia render menos de 6,17% ao ano, mais TR. Com a nova regra que vale somente para depósitos feitos a partir de maio em diante, a modalidade continua isenta do Imposto de Renda e sem a cobrança de taxa de administração. ?Atualmente, após nove cortes sucessivos por parte do BC, os juros básicos da economia estão em 7,5% ao ano, menor valor da série histórica, fazendo o rendimento da caderneta de poupança ficar em 5,25% ao ano mais TR?, ressalta.
Para o economista, a mudança no cálculo da rentabilidade da caderneta de poupança abriu caminho para a redução geral dos juros, o que realçou as características do tipo de investimento, como liquidez (possibilidade de sacar os recursos a qualquer momento) e a não cobrança de Imposto de Renda. ?Em um primeiro momento, a poupança mostrou-se mais vantajosa, pois a nova regra só passou a valer quando a taxa básica de juros, a Selic, chegou a 8,5%. Mesmo com rendimentos menores, a poupança com as novas regras é um investimento bom para aqueles que desejam aplicar até R$ 60 mil?. Já para aqueles que pretendem aplicar valores mais altos existem alternativas como tesouro direto e outros fundos que também são bastantes conservadores e com menos riscos. ?É uma questão de pesquisar, uma vez que bem aplicado o dinheiro pode apresentar melhores rendimentos?, lembrou. (Tatiani Magalhães)
Rentabilidade da poupança antiga e das novas aplicações
Estudo da Associação Nacional de Executivo de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac) informa que, com estas alterações feitas nas regras da poupança, as contas antigas (depósitos feitos até 3 de maio) passarão, com a provável queda dos juros nos próximos meses, a ter um “retorno financeiro maior”, seja sobre a nova poupança ou sobre os fundos de investimentos que cobram imposto de renda e taxa de administração, e esta vantagem será maior quando maior for a queda da taxa básica de juros.No caso das aplicações feitas a partir de 4 de maio, já abrangidas pelas novas regras da poupança, a Anefac avaliou que, mesmo com a alteração das normas, que baixará o rendimento da poupança em caso de queda na taxa Selic, a modalidade continuará se destacando frente aos fundos de renda fixa por não ser taxada com Imposto de Renda e não ter taxa de administração. Para a Anefac, este fato deverá provocar reduções nos custos das taxas de administração dos bancos para não perderem seus clientes. Estudo realizado pelo Instituto de Pesquisas Fractal mostra que a “falta de conhecimento financeiro” do brasileiro gera “insegurança ao fazer aplicações”. Dessa forma, acrescenta o estudo, a tradicional caderneta de poupança lidera a escolha no momento de investir. Aplicações em fundos de renda fixa e ações na bolsa de valores, de acordo com o documento, não são “tão atraentes” para quase metade dos investidores.
Fonte: AL/SC