Conselho da Justiça Federal

Professora aborda em palestra como a gestão do conhecimento pode ser usada em prol da instituição

A ex-secretária de Pesquisa e Informação Jurídicas do Centro de Estudos Judiciários (CEJ) do Conselho da Justiça Federal (CJF), professora e mestre em Ciências da Informação, Neide De Sordi, abriu os trabalhos, nesta quinta-feira (21/11), do II Encontro dos Profissionais da Informação da Justiça Federal, evento promovido pelo CEJ/CJF.  Ela ministrou palestra sobre Gestão do Conhecimento Aplicada à Unidade de Informação Jurídica, afirmando que o uso eficaz do conhecimento institucional não prescinde da competência em informação, que pressupõe conhecer onde a informação é necessária e como usa-la em prol da instituição. 

“Quais são os ativos de conhecimento que a organização Justiça precisa?”, indaga a especialista. O acervo de uma biblioteca, para ela, tem de ser definido pela missão da organização e esta missão, por sua vez, deve definir os seus ativos de conhecimento. No caso do Judiciário, portanto, esses ativos principais seriam a jurisprudência, os atos normativos, a memória institucional – constituída por entrevistas concedidas por membros da instituição, relatórios de pesquisas institucionais, monografias, artigos e notícias -, além de estatísticas, boas práticas gerenciais, informações processuais e cadastrais.

“Trabalhem com a pauta da organização e com a informação que ela precisa”, aconselhou Neide De Sordi a uma plateia composta por bibliotecários e profissionais da informação da Justiça Federal. Ela adverte que as bibliotecas, na atualidade, estão enfrentando um enorme desafio, já que as pessoas estão se tornando cada vez mais capacitadas e auto-suficientes para encontrar as informações de que precisam na internet. Daí porque, na sua visão, as bibliotecas devem investir cada vez mais na gestão do conhecimento, e com uma atitude proativa, oferecendo seus préstimos aos usuários, e não esperando pelas suas demandas.

Ela conta que a tendência atual é que a oferta de livros eletrônicos se torne cada vez mais fácil e barata. Já está surgindo, segundo ela, uma espécie de “Netflix dos livros”, pelo qual, mediante o pagamento de uma assinatura mensal, os usuários terão acesso a milhões de obras dos catálogos de diversas editoras.

Para se adaptar a essa realidade e não se tornarem obsoletas, Neide De Sordi recomenda que as bibliotecas invistam na construção de repositórios institucionais, no livre acesso à informação e na diversificação de serviços. “O Brasil é país pioneiro na criação de repositórios institucionais”, acentua a professora. Um exemplo citado por ela é o repositório BDJUR, da biblioteca do Superior Tribunal de Justiça (STJ), quinto maior do país. Outras boas práticas mencionadas por ela são a criação de serviço online “pergunte ao bibliotecário”, serviços online para deficientes visuais ou auditivos e a inclusão da biblioteca nas redes sociais – facebook, twitter, you tube etc. “Bibliotecas ruins mantém coleções.Bibliotecas boas realizam serviços. Bibliotecas excelentes criam comunidades”, assinala Neide De Sordi.

A atividade judiciária, segundo ela, baseia-se no conhecimento e exige o acesso à informação e também a capacidade de usar essas informações para agir ou inovar na emissão de juízos, porque os nossos magistrados são trabalhadores do conhecimento. “Nós somos apoio dos magistrados, então nós somos o apoio do trabalhador do conhecimento. A gestão do conhecimento contribui para uma modernização  da Justiça,  para estabelecer métodos de trabalho  mais eficientes  na função jurisdicional”, revelou. 

Sociedade do conhecimento

De acordo com a professora, a sociedade da informação e do conhecimento tem algumas características, entre elas: a informação como insumo básico, o uso intensivo das tecnologias,  a aceleração da inovação científica e tecnológica, a ruptura com os conceitos de tempo e espaço, e os sistemas digitais, que suportam a interação e a colaboração entre indivíduos e instituições. “A produção, a disseminação, o acesso e a preservação da informação, essenciais para o crescimento e a manutenção da sociedade, também fazem parte dessas características”, explicou Neide De Sordi. 

Ela mostrou ainda as mudanças que a internet sofreu ao longo dos anos e como está dividida atualmente. “A primeira geração foi marcada pela implementação da infraestrutura tecnológica de rede e de serviços, disponibilizada por meio de páginas estáticas. A segunda geração, no entanto, foi construída com aplicações da web com maior interação entre os usuários e com páginas mais dinâmicas. A atual está indo para uma versão ainda mais inteligente, intitulada de web semântica”, apresentou. É neste contexto, ressaltou a especialista, que deve ser pensada a biblioteca 3.0, que além da web semântica, deve incluir a computação nas nuvens, os dispositivos móveis e as tecnologias de pesquisa.

O conhecimento estratégico, de acordo com a professora, gera adaptação estratégica da organização ao ambiente externo para continuar competitiva, ou seja, uma mudança estrutural, cultural, tecnológica e humana para melhorar o desempenho e gerar inovação. “Hoje, a sociedade exige organizações públicas mais eficientes e inovadoras. Além disso, o processo de intercâmbio de informação e conhecimento tem levado as organizações a uma postura estratégica para prover contextos adequados à criação de novos conhecimentos”,  contou. 

Neide De Sordi observou que, no início de sua vida profissional, passou por uma significativa transição quando saiu do Executivo e começou a atuar no Judiciário. “Com a mudança, eu sofri um choque cultural muito grande, pois havia saído de um lugar onde a tecnologia era avançada e acabei indo trabalhar na Justiça, onde ainda havia um entrave tecnológico muito grande. Porém essa realidade não se aplica hoje, pois hoje a Justiça brasileira, do ponto de vista tecnológico, é considerada uma das melhores e mais avançadas do mundo”, disse a especialista. 

Fonte: CJF

Como citar e referenciar este artigo:
NOTÍCIAS,. Professora aborda em palestra como a gestão do conhecimento pode ser usada em prol da instituição. Florianópolis: Portal Jurídico Investidura, 2013. Disponível em: https://investidura.com.br/noticias/conselho-da-justica-federal/professora-aborda-em-palestra-como-a-gestao-do-conhecimento-pode-ser-usada-em-prol-da-instituicao-2/ Acesso em: 29 mar. 2024