Constituições

Constituição Brasileira da 1946 – Arts. 1º – 128

Constituição Brasileira da 1946 – Arts. 1º – 128

 

 

CONSTITUIÇÃO DOS ESTADOS UNIDOS DO BRASIL (DE 18 DE SETEMBRO DE 1946)

 

        A Mesa da Assembléia Constituinte promulga a Constituição dos Estados Unidos do Brasil e o Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, nos termos dos seus arts. 218 e 36, respectivamente, e manda a todas as autoridades, às quais couber o conhecimento e a execução desses atos, que os executem e façam executar e observar fiel e inteiramente como neles se contêm.

 

        Publique-se e cumpra-se em todo o território nacional.

 

        Rio de Janeiro, 18 de setembro de 1946; 125º da Independência e 58º da República.

 

FERNANDO DE MELLO VIANNA

Presidente

Georgino Avelino

1º Secretário

Lauro Lopes

2º Secretário

Lauro Montenegro

3º Secretário

Ruy Almeida

4º Secretário.

 

Este texto não substitui o publicado no D.O.U. de 19.9.1946 e Repúblicado no D.O.U. de 25.9.1946

 

        Nós, os representantes do povo brasileiro, reunidos, sob a proteção de Deus, em Assembléia Constituinte para organizar um regime democrático, decretamos e promulgamos a seguinte

 

CONSTITUIÇÃO DOS ESTADOS UNIDOS DO BRASIL

 

TÍTULO I

 

Da Organização Federal

 

CAPÍTULO I

 

Disposições Preliminares

 

        Art 1º – Os Estados Unidos do Brasil mantêm, sob o regime representativo, a Federação e a República.

 

        Todo poder emana do povo e em seu nome será exercido.

 

        § 1º – A União compreende, além dos Estados, o Distrito Federal e os Territórios.

 

        § 2º – O Distrito Federal é a Capital da União.

 

        Art 2º – Os Estados podem incorporar-se entre si, subdividir-se ou desmembrar-se para se anexarem a outros ou formarem novos Estados, mediante voto das respectivas Assembléias Legislativas, plebiscito das populações diretamente interessadas e aprovação do Congresso Nacional.

 

        Art 3º – Os Territórios poderão, mediante lei especial, constituir-se em Estados, subdividir-se em novos Territórios ou volver a participar dos Estados de que tenham sido desmembrados.

 

        Art 4º – O Brasil só recorrerá à guerra, se não couber ou se malograr o recurso ao arbitramento ou aos meios pacíficos de solução do conflito, regulados por órgão internacional de segurança, de que participe; e em caso nenhum se empenhará em guerra de conquista, direta ou indiretamente, por si ou em aliança com outro Estado.

 

        Art 5º – Compete à União:

 

        I – manter relações com os Estados estrangeiros e com eles celebrar tratados e convenções;

 

        II – declarar guerra e fazer a paz;

 

        III – decretar, prorrogar e suspender o estado de sítio;

 

        IV – organizar as forças armadas, a segurança das fronteiras e a defesa externa;

 

        V – permitir que forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou, por motivo de guerra, nele e permaneçam temporariamente;

 

        VI – autorizar a produção e fiscalizar o comércio de material bélico;

 

        VII – superintender, em todo o território nacional, os serviços de polícia marítima, aérea e de fronteiras;

 

        VIII – cunhar e emitir moeda e instituir bancos de emissão;

 

        IX – fiscalizar as operações de estabelecimentos de crédito, de capitalização e de seguro;

 

        X – estabelecer o plano nacional de viação;

 

        XI – manter o serviço postal e o Correio Aéreo Nacional;

 

        XII – explorar, diretamente ou mediante autorização ou concessão, os serviços de telégrafos, de radiocomunicação, de radiodifusão, de telefones interestaduais e internacionais, de navegação aérea e de vias férreas que liguem portos marítimos a fronteiras nacionais ou transponham os limites de um Estado;

 

        XIII – organizar defesa permanente contra os efeitos da seca, das endemias rurais e das inundações;

 

        XIV – conceder anistia;

 

        XV – legislar sobre:

 

        a) direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, aeronáutico e do trabalho;

 

        b) normas gerais de direito financeiro; de seguro e previdência social; de defesa e proteção da saúde; e de regime penitenciário;

 

        c) produção e consumo;

 

        d) diretrizes e bases da educação nacional;

 

        e) registros públicos e juntas comerciais;

 

        f) organização, instrução, justiça e garantias das policias militares e condições gerais da sua utilização pelo Governo federal nos casos de mobilização ou de guerra;

 

        g) desapropriação;

 

        h) requisições civis e militares em tempo de guerra;

  

 

        i) regime dos portos e da navegação de cabotagem;

 

        j) tráfego interestadual;

 

        k) comércio exterior e interestadual; instituições de crédito, câmbio e transferência de valores para fora do País;

 

        l) riquezas do subsolo, mineração, metalurgia, águas, energia elétrica, floresta, caça e pesca;

 

        m) sistema monetário e de medidas; título e garantia dos metais;

 

        n) naturalização, entrada, extradição e expulsão de estrangeiros;

 

        o) emigração e imigração;

 

        p) condições de capacidade para o exercício das profissões técnico-científicas e liberais;

 

        q) uso dos símbolos nacionais;

 

        r) incorporação dos silvícolas à comunhão nacional.

 

        Art 6º – A competência federal para legislar sobre as matérias do art. 5º, nº XV, letras b , e , d , f , h , j , l , o e r , não exclui a legislação estadual supletiva ou complementar.

 

        Art 7º – O Governo federal não intervirá nos Estados salvo para:

 

        I – manter a integridade nacional;

 

        II – repelir invasão estrangeira ou a de um Estado em outro;

 

        III – pôr termo a guerra civil;

 

        IV – garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes estaduais;

  

 

        V – assegurar a execução de ordem ou decisão judiciária;

 

        VI – reorganizar as finanças do Estado que, sem motivo de força maior, suspender, por mais de dois anos consecutivos, o serviço da sua dívida externa fundada;

 

        VII – assegurar a observância dos seguintes princípios:

 

        a) forma republicana representativa;

 

        b) independência e harmonia dos Poderes;

  

 

        c) temporariedade das funções eletivas, limitada a duração destas à das funções federais correspondentes;

 

        d) proibição da reeleição de Governadores e Prefeitos, para o período imediato;’

 

        e) autonomia municipal;

 

        f) prestação de contas da Administração;

 

        g) garantias do Poder Judiciário.

 

        Art 8º – A intervenção será decretada por lei federal nos casos dos nº s VI e VII do artigo anterior.

 

        Parágrafo único – No caso do nº VII, o ato argüido de inconstitucionalidade será submetido pelo Procurador-Geral da República ao exame do Supremo Tribunal Federal, e, se este a declarar, será decretada a intervenção.

 

        Art 9º – Compete ao Presidente da República decretar a intervenção nos casos dos nº s I a V do art. 7º.

 

        § 1º – A decretação dependerá:

 

        I – no caso do nº V, de requisição do Supremo Tribunal Federal ou, se a ordem ou decisão for da Justiça Eleitoral, de requisição do Tribunal Superior Eleitoral;

 

        II – no caso do nº IV, de solicitação do Poder Legislativo ou do Executivo, coacto ou impedido, ou de requisição do Supremo Tribunal Federal, se a coação for exercida contra o Poder Judiciário.

 

        § 2º – No segundo caso previsto pelo art. 7º, nº II, só no Estado invasor será decretada a intervenção.

 

        Art 10 – A não ser nos casos de requisição do Supremo Tribunal Federal ou do Tribunal Superior Eleitoral, o Presidente da República decretará a intervenção e submetê-la-á, sem prejuízo da sua imediata execução, à aprovação do Congresso Nacional, que, se não estiver funcionando, será convocado extraordinariamente para esse fim.

 

        Art 11 – A lei ou o decreto de intervenção fixar-lhe-á a amplitude, a duração e as condições em que deverá ser executada.

 

        Art 12 – Compete ao Presidente da República tornar efetiva a intervenção e, sendo necessário, nomear o Interventor.

 

        Art 13 – Nos casos do art. 7º, nº VII, observado o disposto no art. 8º, parágrafo único, o Congresso Nacional se limitará a suspender a execução do ato argüido de inconstitucionalidade, se essa medida bastar para o restabelecimento da normalidade no Estado.

 

        Art 14 – Cessados os motivos que houverem determinado a intervenção, tornarão ao exercício dos seus cargos as autoridades estaduais afastadas em conseqüência, dela.

 

        Art 15 – Compete à União decretar impostos sobre:

 

        I – importação de mercadorias de procedência estrangeira;

 

        II – consumo de mercadorias;

 

        III – produção, comércio, distribuição e consumo, e bem assim importação e exportação de lubrificantes e de combustíveis líquidos ou gasosos de qualquer origem ou natureza, estendendo-se esse regime, no que for aplicável, aos minerais do País e à energia elétrica;

 

        IV – renda e proventos de qualquer natureza;

 

        V – transferência de fundos para o exterior;

 

        VI – negócios de sua economia, atos e instrumentos regulados por lei federal.

 

        § 1º – São isentos do imposto de consumo os artigos que a lei classificar como o mínimo indispensável à habitação, vestuário, alimentação e tratamento médico das pessoas de restrita capacidade econômica.

 

        § 2º – A tributação de que trata o nº III terá a forma de imposto único, que incidirá sobre cada espécie de produto. Da renda resultante, sessenta por cento no mínimo serão entregues aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, proporcionalmente à sua superfície, população, consumo e produção, nos termos e para os fins estabelecidos em lei federal.

 

        § 3º – A União poderá tributar a renda das obrigações da dívida pública estadual ou municipal e os proventos dos agentes dos Estados e dos Municípios; mas não poderá fazê-lo em limites superiores aos que fixar para as suas próprias obrigações e para os proventos dos seus próprios agentes.

 

        § 4º – A União entregará aos Municípios, excluídos os das Capitais, dez por cento do total que arrecadar do imposto de que trata o nº IV, feita a distribuição em partes iguais e aplicando-se, pelo menos, metade da importância em benefícios de ordem rural.

 

        § 5º – Não se compreendem nas disposições do nº VI, os atos jurídicos ou os seus instrumentos, quando forem partes a União, os Estados ou os Municípios, ou quando incluídos na competência tributária estabelecida, nos arts., 19 e 29.

 

        § 6º – Na iminência, ou no caso de guerra externa, é facultado à União decretar impostos extraordinários, que não serão partilhados na forma do art. 21 e que deverão suprimir-se gradualmente, dentro em cinco anos, contados da data da assinatura da paz.

 

        Art 16 – Compete ainda à União decretar os impostos previstos no art. 19, que devam ser cobrados pelos Territórios.

 

        Art 17 – A União é vedado decretar tributos que não sejam uniformes em todo o território nacional, ou que importem distinção ou preferência para este ou aquele porto, em detrimento de outro de qualquer Estado.

 

        Art 18 – Cada Estado se regerá pela Constituição e pelas leis que adotar, observados os princípios estabelecidos nesta, Constituição.

 

        § 1º – Aos Estados se reservam todos os poderes que, implícita ou explicitamente, não lhes sejam vedados por esta Constituição.

 

        § 2º – Os Estados proverão às necessidades do seu Governo e da sua Administração, cabendo à União prestar-lhes socorro, em caso de calamidade pública.

 

        § 3º – Mediante acordo com a União, os Estados poderão encarregar funcionários federais da execução de leis e serviços estaduais ou de atos e decisões das suas autoridades; e, reciprocamente, a União poderá, em matéria da sua competência, cometer a funcionários estaduais encargos análogos., provendo às necessárias despesas.

 

        Art 19 – Compete aos Estados decretar impostos sobre:

 

        I – propriedade territorial, exceto a urbana;

 

        II – transmissão de propriedade causa mortis ;

 

        III – transmissão de propriedade imobiliária inter vivos e sua incorporação ao capital de sociedades;

 

        IV – vendas e consignações efetuadas por comerciantes e produtores, inclusive industriais, isenta, porém, a primeira operação do pequeno produtor, conforme o definir a lei estadual;

 

        V – exportação de mercadorias de sua produção para o estrangeiro, até o máximo de cinco por cento ad valorem , vedados quaisquer adicionais;

 

        VI – os atos regulados por lei estadual, os do serviço de sua Justiça e os negócios de sua economia.

 

        § 1º – O imposto territorial não incidirá sobre sítios de área não excedente a vinte hectares, quando os cultive, só ou com sua família, o proprietário que não possua outro imóvel.

 

        § 2º – Os impostos sobre transmissão de bens corpóreos (nºs iI e iII) cabem ao Estado em cujo território estes se achem situados.

 

        § 3º – O imposto sobre transmissão causa mortis de bens incorpóreos, inclusive títulos e créditos, pertence, ainda quando a sucessão se tenha aberto no estrangeiro, ao Estado em cujo território os valores da herança forem liquidados ou transferidos aos herdeiros.

 

        § 4º – Os Estados não poderão tributar títulos da dívida pública emitidas por outras pessoas jurídicas de direito público interno, em limite superior ao estabelecido para as suas próprias obrigações.

 

        § 5º – O imposto sobre vendas e consignações será uniforme, sem distinção de procedência ou destino.

 

        § 6º – Em casos excepcionais, o Senado Federal poderá autorizar o aumento, por determinado tempo, do imposto de exportação até o máximo de dez por cento ad valorem.

 

        Art 20 – Quando a arrecadação estadual de impostos, salvo a do imposto de exportação, exceder, em Município que não seja o da Capital, o total das rendas locais de qualquer natureza, o Estado dar-lhe-á anualmente trinta por cento do excesso arrecadado.

 

        Art 21 – A União e os Estados poderão decretar outros tributos além dos que lhe são atribuídos por esta Constituição, mas o imposto federal excluirá o estadual idêntico. Os Estados farão a arrecadação de tais impostos e, à medida que ela se efetuar, entregarão vinte por cento do produto à União e quarenta por cento aos Municípios onde se tiver realizado a cobrança.

 

        Art 22 – A administração financeira, especialmente a execução do orçamento, será fiscalizada na União pelo Congresso Nacional, com o auxílio do Tribunal de Contas, e nos Estados e Municípios pela forma que for estabelecida nas Constituições estaduais.

 

        Parágrafo único – Na elaboração orçamentária se observará o disposto nos arts. 73 a 75.

 

        Art 23 – Os Estados não intervirão nos Municípios, senão para lhes. regularizar as finanças, quando:

 

        I – se verificar impontualidade no serviço de empréstimo garantido pelo Estado;

 

        II – deixarem de pagar, por dois anos consecutivos, a sua dívida fundada.

 

        Art 24 – É permitida ao Estado a criação de órgão de assistência técnica aos Municípios.

 

        Art 25 – A organização administrativa e a judiciária do Distrito Federal e dos Territórios regular-se-ão por lei federal, observado o disposto no art. 124.

 

        Art 26 – O Distrito Federal será administrado por Prefeito de nomeação do Presidente da República, e terá Câmara eleita pelo povo, com funções legislativas.

 

        § 1º – Far-se-á a nomeação depois que o Senado Federal houver dado assentimento ao nome proposto pelo Presidente da República.

 

        § 2º – O Prefeito será demissível ad nutum .

 

       § 3º – Os Desembargadores do Tribunal de Justiça terão vencimentos não inferiores à mais alta remuneração dos magistrados de igual categoria nos Estados.

 

        § 4º – Ao Distrito Federal cabem os mesmos impostos atribuídos por esta Constituição aos Estados e aos Municípios.

 

        Art 27 – É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios estabelecer limitações ao tráfego de qualquer natureza por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais, ressalvada a cobrança de taxas, inclusive pedágio, destinada exclusivamente à indenização das despesas de construção, conservação e melhoramento de estradas.

 

        Art 28 – A autonomia dos Municípios será assegurada:

 

        I – pela eleição do Prefeito e dos Vereadores;

 

        II – pela administração própria, no que concerne ao seu peculiar interesse e, especialmente,

 

        a) à decretação e arrecadação dos tributos de sua competência e à aplicação das suas rendas;

 

        b) à organização dos serviços públicos locais.

 

        § 1º – Poderão ser nomeados pelos Governadores dos Estados ou dos Territórios os Prefeitos das Capitais, bem como os dos Municípios onde houver estâncias hidrominerais naturais, quando beneficiadas pelo Estado ou pela União.

 

        § 2º – Serão nomeados pelos Governadores dos Estados ou dos Territórios os Prefeitos dos Municípios que a lei federal, mediante parecer do Conselho de Segurança Nacional, declarar bases ou portos militares de excepcional importância para a defesa externa do País.

 

        Art 29 – Além da renda que lhes é atribuída por força dos §§ 2.O e 4.11 do art. 15, e dos impostos que, no todo ou em parte, lhes forem transferidos pelo Estado, pertencem aos Municípios os impostos:

 

        I – predial e territorial, urbano;

 

        II – de licença;

 

        III – de indústrias e profissões;

 

        IV – sobre diversões públicas;

 

        V – sobre atos de sua economia ou assuntos de sua competência.

 

        Art 30 – Compete à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios cobrar:

 

        I – contribuição de melhoria, quando se verificar valorização do imóvel, em conseqüência de obras públicas;

 

        II – taxas;

 

        III – quaisquer outras rendas que possam provir do exercício de suas atribuições e da utilização de seus bens e serviços.

 

        Parágrafo único – A contribuição de melhoria não poderá ser exigida em limites superiores à despesa realizada, nem ao acréscimo de valor que da obra decorrer para o imóvel beneficiado.

 

        Art 31 – A União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios é vedado:

 

        I – criar distinções entre brasileiros ou preferências em favor de uns contra outros Estados ou Municípios;

 

        II – estabelecer ou subvencionar cultos religiosos, ou embaraçar-lhes o exercício;

 

        III – ter relação de aliança ou dependência com qualquer culto ou igreja, sem prejuízo da colaboração recíproca em prol do interesse coletivo;

 

        IV – recusar fé aos documentos públicos;

 

        V – lançar impostos sobre:

 

        a) bens, rendas e serviços uns dos outros, sem prejuízo da tributação dos serviços públicos concedidos, observado o disposto no parágrafo único deste artigo;

 

        b) templos de qualquer culto bens e serviços de Partidos Políticos, instituições de educação e de assistência social, desde que as suas rendas sejam aplicadas integralmente no País para os respectivos fins;

 

        c) papel destinado exclusivamente à impressão de jornais, periódicos e livros.

 

        Parágrafo único – Os serviços, públicos concedidos, não gozam de isenção tributária, salvo quando estabelecida pelo Poder competente ou quando a União a instituir, em lei especial, relativamente aos próprios serviços, tendo em vista o interesse comum.

 

        Art 32 – os Estados, o Distrito Federal e os Municípios não poderão estabelecer diferença tributária, em razão da procedência, entre bens de qualquer natureza.

 

        Art 33 – É defeso aos Estados e aos Municípios contrair empréstimo externo sem prévia autorização do Senado Federal.

 

        Art 34 – incluem-se entre os bens da União:

 

        I – os lagos e quaisquer correntes de água em terrenos do seu domínio ou que banhem mais de um Estado, sirvam de limite com outros países ou se estendam a território estrangeiro, e bem assim as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros países;

 

        II – a porção de terras devolutas indispensável à defesa das fronteiras, às fortificações, construções militares e estradas de ferro.

 

        Art 35 – incluem-se este os bens do Estado os lagos e rios em terrenos do seu domínio e os que têm nascente e fez no território estadual.

 

        Art 36 – São Poderes da União o Legislativo, o Executivo e o Judiciário, independentes e harmônicos entre si.

 

        § 1º – O cidadão investido na função de um deles não poderá exercer a de outro, salvo as exceções previstas nesta Constituição.

 

        § 2º – É vedado a qualquer dos Poderes delegar atribuições.

 

CAPÍTULO II

 

Do Poder Legislativo

 

SEÇÃO I

 

Disposições Preliminares

 

        Art 37 – O Poder Legislativo é exercício pelo Congresso Nacional, que se compõe da Câmara dos Deputados e do Senado Federal.

 

        Art 38 – A eleição para Deputados e Senadores far-se-á simultaneamente em todo o País.

 

        Parágrafo único – São condições de elegibilidade para o Congresso Nacional:

 

        I – ser brasileiro (art. 129, nºs i e iI);

 

        II – estar no exercício dos direitos políticos;

 

        III – ser maior de vinte e um anos para a Câmara dos Deputados e de trinta e cinco para o Senado Federal.

 

        Art 39 – O Congresso Nacional reunir-se-á na Capital da República, a 15 de março de cada ano, e funcionará até 15 de dezembro.

  

 

        Parágrafo único – O Congresso Nacional só poderá ser convocado extraordinariamente pelo Presidente da República ou por iniciativa do terço de unia das Câmaras.

 

        Art 40 – A cada uma das Câmaras compete dispor, em Regimento interno, sobre sua organização, polícia, criação e provimento de cargos.

 

        Parágrafo único – Na constituição das Comissões, assegurar-se-á, tanto quanto possível, a representação proporcional dos Partidos nacionais que participem da respectiva Câmara.

 

        Art 41 – A Câmara dos Deputados e. o Senado Federal, sob a direção da Mesa deste, reunir-se-ão em sessão conjunta para:

 

        I – inaugurar a sessão legislativa;

 

        II – elaborar o Regimento Comum;

 

        III – receber o compromisso do Presidente e o do Vice-Presidente da República;

 

        IV – deliberar sobre o veto.

 

        Art 42 – Em cada uma das Câmaras, salvo disposição constitucional em contrário, as deliberações serão tomadas por maioria de votos, presente a maioria dos seus membros.

 

        Art 43 O voto será secreto nas eleições e nos casos estabelecidos nos arts. 45, § 2º, 63, nº i, 66, nº VIII, 70, § 3, 211 e 213.

 

        Art 44 – Os Deputados e os Senadores são invioláveis no exercício do mandato, por suas opiniões, palavras e votos.

 

        Art 45 – Desde a expedição do diploma até a inauguração da legislatura seguinte, os membros do Congresso Nacional não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável, nem processados criminalmente, sem prévia licença de sua Câmara.

 

        § 1º – No caso de flagrante de crime inafiançável, os autos serão remetidos, dentro de quarenta e oito horas, à Câmara respectiva, para que resolva sobre a prisão e autorize, ou não, a formação da culpa.

 

        § 2º A Câmara interessada deliberará sempre pelo voto da maioria dos seus membros.

 

        Art 46 – Os Deputados e Senadores, quer civis, quer militares não poderão ser incorporados às forças armadas senão em tempo de guerra e mediante licença de sua Câmara, ficando então sujeitos à legislação militar.

 

        Art 47 – Os Deputados e Senadores vencerão anualmente subsídio igual e terão igual ajuda de custo.

 

        § 1º – O subsídio será dividido em duas partes: uma fixa, que se pagará no decurso do ano, e outra variável, correspondente ao comparecimento.

 

        § 2º – A ajuda de custo e o subsídio serão fixados no fim de cada Legislatura.

 

        Art 48 – Os Deputados e Senadores não poderão:

 

        I – desde a expedição do diploma:

 

        a) celebrar contrato com pessoa jurídica de direito público, entidade autárquica ou sociedade de economia mista, salvo quando o contrato obedecer a normas uniformes;

 

        b) aceitar nem exercer comissão ou emprego remunerado de pessoa jurídica de direito público, entidade autárquica, sociedade de economia mista ou empresa concessionária de serviço público;

 

        II – desde a posse:

 

        a) ser proprietário ou diretor de empresa que goze de favor decorrente de contrato com pessoa jurídica de direito público, ou nela exercer função remunerada;

 

        b) ocupar cargo público do qual possa ser demitido ad nutum ;

 

        c) exercer outro mandato legislativo, seja federal, estadual ou municipal;

 

        d) patrocinar causa contra pessoa jurídica de direito público.’

 

        § 1º – A infração do disposto neste artigo, ou a falta, sem licença, às sessões, por mais de seis meses consecutivos, importa perda do mandato, declarada pela Câmara a que pertença o Deputado ou Senador, mediante provocação de qualquer dos seus membros ou representação documentada de Partido Político ou do Procurador-Geral da República.

 

        § 2º – Perderá, igualmente, o mandato o Deputado ou Senador cujo procedimento seja reputado, pelo voto de dois terços dos membros de sua Câmara, incompatível com o decoro parlamentar.

 

        Art 49 – É permitido ao Deputado ou Senador, com prévia licença da sua Câmara, desempenhar missão diplomática de caráter transitório, ou participar, no estrangeiro, de congressos, conferências e missões culturais.

 

        Art 50 – Enquanto durar o mandato, o funcionário público ficará afastado do exercício do cargo, contando-se-lhe tempo de serviço apenas para promoção por antiguidade e aposentadoria.

 

        Art 51 – O Deputado ou Senador investido na função de Ministro de Estado, interventor federal ou Secretário de Estado não perde o mandato.

 

        Art 52 – No caso do artigo antecedente e no de licença, conforme estabelecer o Regimento interno, ou de vaga de Deputado ou Senador, será convocado o respectivo suplente.

 

        Parágrafo único – Não havendo suplente para preencher a vaga, o Presidente da Câmara interessada comunicará o fato ao Tribunal Superior Eleitoral para providenciar a eleição, salvo se faltarem menos de nove meses para o termo do período. O Deputado ou Senador eleito para a vaga exercerá o mandato pelo tempo restante.

 

        Art 53 – A Câmara dos Deputados e o Senado Federal criarão Comissões de inquérito sobre fato determinado, sempre que o requerer um terço dos seus membros.

 

        Parágrafo único – Na organização dessas Comissões se observará o critério estabelecido no parágrafo único do art. 40.

 

        Art 54 – Os Ministros de Estado são obrigados a comparecer perante a Câmara dos Deputados, o Senado Federal ou qualquer das suas Comissões, quando uma ou outra Câmara os convocar para, pessoalmente, prestar informações acerca de assunto previamente determinado.

 

        Parágrafo único – A falta do comparecimento, sem justificação, importa crime de responsabilidade.

 

        Art 55 – A Câmara dos Deputados e o Senado Federal, assim como as suas Comissões, designarão dia e hora para ouvir o Ministro de Estado que lhes, queira prestar esclarecimentos ou solicitar providências legislativas.

 

SEÇÃO II

 

Da Câmara dos Deputados

 

        Art 56 – A Câmara dos Deputados compõe-se de representantes do povo, eleitos, segundo o sistema de representação proporcional, pelos Estados, pelo Distrito Federal e pelos Territórios.

 

        Art 57 – Cada Legislatura durará quatro anos.

 

        Art 58 – O número de Deputados será fixado por lei, em proporção que não exceda um para cada cento e cinqüenta mil habitantes até vinte Deputados, e, além desse limite, um para cada duzentos e cinqüenta mil habitantes.

 

        § 1º – Cada Território terá um Deputado, e será de sete Deputados o número mínimo por Estado e pelo Distrito Federal.

 

        § 2º – Não poderá ser reduzida a representação já fixada.

 

        Art 59 – Compete privativamente à Câmara dos Deputados:

 

        I – a declaração, pelo voto da maioria absoluta dos seus membros, da procedência ou improcedência da acusação, contra o Presidente da República, nos termos do art. 88, e contra os Ministros de Estado, nos crimes conexos com os do Presidente da República;

 

        II – a iniciativa da tomada de contas do Presidente da República, mediante designação de Comissão Especial, quando não forem apresentadas ao Congresso Nacional dentro de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa.

 

SEÇÃO III

 

Do Senado Federal

 

        Art 60 – O Senado Federal, compõe-se de representantes dos Estados e do Distrito Federal, eleitos segundo o princípio majoritário.

 

        § 1º – Cada Estado, e bem assim o Distrito Federal, elegerá três Senadores,

 

        § 2º – o mandato de Senador será de oito anos.

 

        § 3º – A representação de cada Estado e a do Distrito. Federal renovar-se-ão de quatro em quatro anos, alternadamente, por um e por dois terços.

 

        § 4º – Substituirá o Senador, ou suceder-lhe-á nos termos do art. 52, o suplente com ele eleito.

 

        Art 61 – o Vice-Presidente da República exercerá as funções de Presidente do Senado Federal, onde só terá voto de qualidade.

 

        Art 62 – Compete privativamente ao Senado Federal:

 

        I – julgar o Presidente da República nos crimes de responsabilidade e os Ministros de Estado nos crimes da mesma natureza conexos com os daquele;

 

        II – processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal Federal e o Procurador-Geral da República, nos crimes de responsabilidade.

 

        § 1º – Nos casos deste artigo, funcionará como Presidente do Senado o do Supremo Tribunal Federal.

 

        § 2º – O Senado Federal só proferirá sentença condenatória pelo voto de dois terços dos seus membros.

 

        § 3º – Não poderá o Senado Federal impor outra pena que não seja a da perda do cargo com inabilitação, até cinco anos, para o exercício de qualquer função pública, sem prejuízo da ação da Justiça ordinária.

 

        Art 63 – Também compete privativamente ao Senado Federal:

 

        I – aprovar, mediante voto secreto, a escolha de magistrados, nos casos estabelecidos por esta Constituição, do Procurador-Geral da República, dos Ministros do Tribunal de Contas, do Prefeito do Distrito Federal, dos membros do Conselho Nacional de Economia e dos chefes de missão diplomática de caráter permanente;

 

        II – autorizar os empréstimos externos dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.

 

        Art 64 – incumbe ao Senado Federal suspender a execução, no todo ou em parte, de lei ou decreto declarados inconstitucionais por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal.

 

SEÇÃO IV

 

Das Atribuições do Poder Legislativo

 

        Art 65 – Compete ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da República:

 

        I – votar o orçamento;

 

        II – votar os tributos próprios da União e regular a, arrecadação e a distribuição das suas rendas;

 

        III – dispor sobre a dívida pública federal e os meios de solvê-la;

 

        IV – criar e extinguir cargos públicos e fixar-lhes os vencimentos, sempre por lei especial;

 

        V – votar a lei de fixação das forças armadas para o tempo de paz;

 

        VI – autorizar abertura e operações de crédito e emissões de curso forçado;

 

        VII – transferir temporariamente a sede do Governo federal;

 

        VIII – resolver sobre limites do território nacional;

 

        IX – legislar sobre bens do domínio federal e sobre todas as matérias da competência da União, ressalvado o disposto no artigo seguinte.

 

        Art 66 – É da competência exclusiva do Congresso Nacional:

 

        I – resolver definitivamente sobre os tratados e convenções celebradas com os Estados estrangeiros pelo Presidente da República;

 

        II – autorizar o Presidente da República a declarar guerra e a fazer a paz;

 

        III – autorizar o Presidente da República a permitir que forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou, por motivo de guerra, nele permaneçam temporariamente;

 

        IV – aprovar ou suspender a intervenção federal, quando decretada pelo Presidente da República;

 

        V – conceder anistia;

 

        VI – aprovar as resoluções das Assembléias Legislativas estaduais sobre incorporação, subdivisão ou desmembramento de Estados;

 

        VII – autorizar o Presidente e o Vice-Presidente da República a se ausentarem do País;

 

        VIII – julgar as contas do Presidente da República;

 

        IX – fixar a ajuda de custo dos membros do Congresso Nacional, bem como o subsídio destes e os do Presidente e do Vice-Presidente da República;

 

        X – mudar temporariamente a sua sede.

 

SEÇÃO V

 

Das Leis

 

        Art 67 – A iniciativa das leis, ressalvados os casos de competência exclusiva, cabe ao Presidente da República e a qualquer membro ou Comissão da Câmara dos Deputados e do Senado Federal.

 

        § 1º – Cabe à Câmara dos Deputados e ao Presidente da República a iniciativa da lei de fixação das forças armadas e a de todas as leis sobre matéria financeira.

 

        § 2º – Ressalvada a competência da Câmara dos Deputados, do Senado e dos Tribunais Federais, no que concerne aos respectivos serviços administrativos, compete exclusivamente ao Presidente da República a iniciativa das leis que criem empregos em serviços existentes, aumentem vencimentos ou modifiquem, no decurso de cada Legislatura, a lei de fixação das forças armadas.

 

        § 3º – A discussão dos projetos de lei de iniciativa do Presidente da República começará na Câmara dos Deputados.

 

        Art 68 – O projeto de lei adotado numa das Câmaras será revisto pela outra, que, aprovando-o, enviará à sanção ou à promulgação (arts. 70 e 71).

 

        Parágrafo único – A revisão será discutida e votada num só turno.

 

        Art 69 – Se o projeto de uma Câmara for emendado na outra, volverá à primeira para que se pronuncie acerca da modificação, aprovando-a ou não.

  

 

        Parágrafo único – Nos termos da votação final, será o projeto enviado à sanção.

 

        Art 70 – Nos casos do art. 65, a Câmara onde se concluir a votação de um projeto enviá-lo-á ao Presidente da República, que, aquiescendo, a sancionará.

 

        § 1º – Se o Presidente da República julgar o projeto, no todo ou, em parte, inconstitucional ou contrário aos interesses nacionais, vetá-lo-á, total ou parcialmente, dentro de dez dias úteis, contados daquele em que o receber, e comunicará no mesmo prazo, ao Presidente do Senado Federal, os motivos do veto. Se a sanção for negada quando estiver finda a sessão legislativa, o Presidente da República publicará o veto.

 

        § 2º – Decorrido o decêndio, o silêncio, do Presidente da República importará sanção.

 

        § 3º – Comunicado o veto ao Presidente do Senado Federal, este convocará as duas Câmaras para, em sessão conjunta, dele conhecerem, considerando-se aprovado o projeto que obtiver o voto de dois terços dos Deputados e Senadores presentes. Nesse caso, será o projeto enviado para promulgação ao Presidente da República.

 

        § 4º – Se a lei não for promulgada dentro de 48 horas pelo Presidente da República, nos casos dos §§ 2º e 3º, o Presidente do Senado a promulgará; e, se este o não fizer em igual prazo, fá-lo-á o Vice-Presidente do Senado.

 

        Art 71 – Nos casos do art. 66, considerar-se-á com a votação final encerrada a elaboração da lei, que será promulgada pelo Presidente do, Senado.

 

        Art 72 – Os projetos de lei rejeitados ou não sancionados só se poderão renovar na mesma sessão legislativa mediante proposta da maioria absoluta dos membros de qualquer das Câmaras.

 

SEÇÃO VI

 

Do Orçamento

 

        Art 73 – O orçamento será uno, incorporando-se à receita, obrigatoriamente, todas as rendas e suprimentos de fundos, e incluindo-se discriminadamente na despesa as dotações necessárias ao custeio de todos os serviços públicos.

 

        § 1º – A lei de orçamenta não conterá dispositivo estranho à previsão da receita e à fixação da despesa para os serviços anteriormente criados. Não se incluem nessa proibição:

 

        I – a autorização para abertura de créditos suplementares e operações de crédito por antecipação da receita;

 

        II – a aplicação do saldo e o modo de cobrir o déficit .

 

        § 2º – O orçamento da despesa dividir-se-á em duas partes: uma fixa, que não poderá ser alterada senão em virtude de lei anterior; outra variável, que obedecerá a rigorosa especialização.

 

        Art 74 – Se o orçamento não tiver sido enviado à sanção até 30 de novembro, prorrogar-se-á para o exercício seguinte o que estiver em vigor.

 

        Art 75 – São vedados o estorno de verbas, a concessão de créditos ilimitados e a abertura, sem autorização legislativa, de crédito especial.

 

        Parágrafo único – A abertura de crédito extraordinário só será admitida por necessidade urgente ou imprevista, em caso de guerra, comoção intestina ou calamidade pública.

 

        Art 76 – O Tribunal de Contas tem a sua sede na Capital da República e jurisdição em todo o território nacional.

 

        § 1º – Os Ministros do Tribunal de Contas serão nomeados pelo Presidente da República, depois de aprovada a escolha pelo Senado Federal, e terão os mesmos direitos, garantias, prerrogativas e vencimentos dos Juízes do Tribunal Federal de Recursos.

 

        § 2º – O Tribunal de Contas exercerá, no que lhe diz respeito, as atribuições constantes do art. 97, e terá quadro próprio para o seu pessoal.

 

        Art 77 – Compete ao Tribunal de Contas:

 

        I – acompanhar e fiscalizar diretamente, ou por delegações criadas em lei, a execução do orçamento;

 

        II – julgar as contas dos responsáveis por dinheiros e outros bens públicos, e as dos administradores das entidades autárquicas;

 

        III – julgar da legalidade dos contratos e das aposentadorias, reformas e pensões.

 

        § 1º – Os contratos que, por qualquer modo, interessarem à receita ou à despesa só se reputarão perfeitos depois de registrados pelo Tribunal de Contas. A recusa do registro suspenderá a execução do contrato até que se pronuncie o Congresso Nacional.

  

 

        § 2º – Será sujeito a registro no Tribunal de Contas, prévio ou posterior, conforme a lei o estabelecer, qualquer ato de Administração Pública de que resulte obrigação de pagamento pelo Tesouro nacional ou por conta deste.

 

        § 3º – Em qualquer caso, a recusa do registro por falta de saldo no crédito ou por imputação a crédito impróprio terá caráter proibitivo. Quando a recusa tiver outro fundamento, a despesa poderá efetuar-se, após despacho do Presidente da República, registro sob reserva do Tribunal de Contas e recurso ex officio para o Congresso Nacional.

 

        § 4º – O Tribunal de Contas dará parecer prévio, no prazo de sessenta dias, sobre as contas que o Presidente da República deverá prestar anualmente ao Congresso Nacional. Se elas não lhe forem enviadas no prazo da lei, comunicará o fato ao Congresso Nacional para os fins de direito, apresentando-lhe, num e noutro caso, minucioso relatório de exercício financeiro encerrado.

 

CAPíTULO III

 

Do Poder Executivo

 

SEÇÃO I

 

Do Presidente e do Vice-Presidente da República

 

        Art 78 – O Poder Executivo é exercido pelo Presidente da República.

 

        Art 79 – Substitui o Presidente, em caso de impedimento, e sucede-lhe, no de vaga, o Vice-Presidente da República.

 

        § 1º – Em caso de impedimento ou vaga do Presidente e do Vice-Presidente da República, serão sucessivamente chamados ao exercício da Presidência o Presidente da Câmara dos Deputados, o Vice-Presidente do Senado Federal e o Presidente do Supremo Tribunal Federal.

 

        § 2º – Vagando os cargos de Presidente e Vice-Presidente da República, far-se-á eleição sessenta dias depois de aberta a última vaga. Se as vagas ocorrerem na segunda metade do período presidencial, a eleição para ambos os cargos será feita, trinta dias depois da última vaga, pelo Congresso Nacional, na forma estabelecida em lei. Em qualquer dos casos, os eleitos deverão completar o período dos seus antecessores.

 

        Art 80 – São condições de elegibilidade para Presidente e Vice-Presidente da República:

 

        I – ser brasileiro (art. 129, nº s I e II);

 

        II – estar no exercício dos direitos políticos;

 

        III – ser maior de trinta e cinco anos.

 

        Art 81 – O Presidente e o Vice-Presidente da República serão eleitos simultaneamente, em todo o País, cento e vinte dias antes do termo do período presidencial.

 

        Art 82 – O Presidente e o Vice-Presidente da República exercerão o cargo por cinco anos.

 

        Art 83 – O Presidente e o Vice-Presidente da República tomarão posse em sessão do Congresso Nacional ou, se este não estiver reunido, perante o Supremo Tribunal Federal.

 

        Parágrafo único – O Presidente da República prestará, no ato da posse, este compromisso: “Prometo manter, defender e cumprir a Constituição da República, observar as suas leis, promover o bem geral do Brasil, sustentar-lhe a união, a integridade e a independência”.

 

        Art 84 – Se, decorridos trinta dias da data fixada para a posse, o Presidente ou o Vice-Presidente da República não tiver, salvo por motivo de doença, assumido o cargo, este será declarado vago pelo Tribunal Superior Eleitoral.

 

        Art 85 – O Presidente e o Vice-Presidente da República não poderão ausentar-se do País sem permissão do Congresso Nacional, sob pena de perda do cargo.

 

        Art 86 – No último ano da Legislatura anterior à eleição para Presidente e Vice-Presidente da República, serão fixados os seus subsídios pelo Congresso Nacional.

 

SEÇÃO II

 

Das Atribuições do Presidente da República

 

        Art 87 – Compete privativamente ao Presidente da República:

 

        I – sancionar, promulgar e fazer publicar as leis e expedir decretos e regulamentos para a sua fiel execução;

 

        II – vetar, nos termos do art. 70, § 1º, os projetos de lei;

 

        III – nomear e demitir os Ministros de Estado;

 

        IV – nomear e demitir o Prefeito do Distrito Federal (art. 26, §§ 1º e 2º) e os membros do Conselho Nacional de Economia (art. 2O5, § 1º);

 

        V – prover, na forma da lei e com as ressalvas estatuídas por esta Constituição, os cargos públicos federais;

 

        VI – manter relações com Estados estrangeiros;

 

        VII – celebrar tratados e convenções internacionais ad referendum do Congresso Nacional;

 

        VIII – declarar guerra, depois de autorizado pelo Congresso Nacional, ou sem essa autorização no caso de agressão estrangeira, quando verificada no intervalo das sessões legislativas;

 

        IX – fazer a paz, com autorização e ad referendum do Congresso Nacional;

 

        X – permitir, depois de autorizado pelo Congresso Nacional, ou sem essa autorização no intervalo das sessões legislativas, que forças estrangeiras transitem pelo território do País ou, por motivo de guerra, nele permaneçam temporariamente;

 

        XI – exercer o comando supremo das forças armadas, administrando-as por intermédio dos órgãos competentes;

 

        XII – decretar a mobilização total ou parcial das forças armadas;

 

        XIII – decretar o estado de sítio nos termos desta Constituição;

 

        XIV – decretar e executar a intervenção federal nos termos dos arts. 7º a 14;

  

 

        XV – autorizar brasileiros a aceitarem pensão, emprego ou comissão de governo estrangeiro;

 

        XVI – enviar à Câmara dos Deputados, dentro dos primeiros dois meses da sessão legislativa, a proposta de orçamento;

 

        XVII – prestar anualmente ao Congresso Nacional, dentro de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa, as contas relativas ao exercício anterior;

 

        XVIII – remeter mensagem ao Congresso Nacional por ocasião da abertura da sessão legislativa, dando conta da situação do País e solicitando as providências que julgar necessárias;

 

        XIX – conceder indulto e comutar penas, com audiência dos órgãos instituídos em lei.

 

SEÇÃO III

 

Da Responsabilidade do Presidente da República

 

        Art 88 – O Presidente da República, depois que a Câmara dos Deputados, pelo voto da maioria absoluta dos seus membros, declarar procedente a acusação, será submetido a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal nos crimes comuns, ou perante o Senado Federal nos de responsabilidade.

 

        Parágrafo único – Declarada a procedência da acusação, ficará o Presidente da República suspenso das suas funções.

 

        Art 89 – São crimes de responsabilidade os atos do Presidente da República que atentarem contra a Constituição federal e, especialmente, contra:

 

        I – a existência da União;

 

        II – o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciário e dos Poderes constitucionais dos Estados;

 

        III – o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais;

 

        IV – a segurança interna do País;

 

        V – a probidade na administração;

 

        VI – a lei orçamentária;

 

        VII – a guarda e o legal emprego dos dinheiros públicos;

 

        VIII – o cumprimento das decisões judiciárias.

 

        Parágrafo único – Esses crimes serão definidos em lei especial, que estabelecerá as normas de processo e julgamento.

 

SEÇÃO IV

 

Dos Ministros de Estado

 

        Art 90 – O Presidente da República é auxiliado pelos Ministros de Estado.

 

        Parágrafo único – São condições essenciais para a investidura no cargo de Ministro de Estado:

 

        I – ser brasileiro (art. 129, nº s I e II);

 

        II – estar no exercício dos direitos políticos;

 

        III – ser maior de vinte e cinco anos.

 

        Art 91 – Além das atribuições que a lei fixar, compete aos Ministros de Estado:

 

        I – referendar os atos assinados pelo Presidente da República;

 

        II – expedir instruções para a boa execução das leis, decretos e regulamentos;

 

        III – apresentar ao Presidente da República relatório dos serviços de cada ano realizados no Ministério;

 

        IV – comparecer à Câmara dos Deputados e ao Senado Federal nos casos e para os fins indicados nesta Constituição.

 

        Art 92 – Os Ministros de Estado serão, nos crimes comuns e nos de responsabilidade, processados e julgados pelo Supremo Tribunal Federal, e, nos conexos com os do Presidente da República, pelos órgãos competentes para o processo e julgamento deste.

 

        Art 93 – São crimes de responsabilidade, além do previsto no art. 54, parágrafo único, os atos definidos em lei (art. 89), quando praticados ou ordenados pelos Ministros de Estado.

 

        Parágrafo único – Os Ministros de Estado são responsáveis pelos atos que assinarem, ainda que juntamente com o Presidente da Republica, ou que praticarem por ordem deste.

 

CAPÍTULO IV

 

Do Poder Judiciário

 

SEÇÃO I

 

Disposições Preliminares

 

        Art 94 – O Poder Judiciário é exercido pelos seguintes órgãos:

 

        I – Supremo Tribunal Federal;

 

        II – Tribunal Federal de Recursos;

 

        III – Juízes e Tribunais militares;

 

        IV – Juízes e Tribunais eleitorais;

 

        V – Juízes e Tribunais do trabalho.

 

        Art 95 – Salvo as restrições expressas nesta Constituição, os Juízes gozarão das garantias seguintes:

 

        I – vitaliciedade, não podendo perder o cargo senão por sentença judiciária;

 

        II – inamovibilidade, salvo quando ocorrer motivo de interesse público, reconhecido pelo voto de dois terços dos membros efetivos do Tribunal superior competente;

 

        III – irredutibilidade dos vencimentos, que, todavia, ficarão sujeitos aos impostos gerais.

 

        § 1º – A aposentadoria será compulsória aos setenta anos de idade ou por invalidez comprovada, e facultativa após trinta anos de serviço público, contados na forma da lei.

 

        § 2º – A aposentadoria, em qualquer desses casos, será decretada com vencimentos integrais.

 

        § 3º – A vitaliciedade não se estenderá obrigatoriamente aos Juízes com atribuições limitadas ao preparo dos processos e à substituição de Juízes julgadores, salvo após, dez anos de contínuo exercício no cargo.

 

        Art 96 – É vedado ao Juiz:

 

        I – exercer, ainda que em disponibilidade, qualquer outra função pública, salvo o magistério secundário, e superior e os casos previstos nesta Constituição, sob pena de perda do cargo judiciário;

 

        II – receber, sob qualquer pretexto, percentagens, nas causas sujeitas a seu despacho e julgamento;

 

        III – exercer atividade político partidária.

 

        Art 97 – Compete aos Tribunais:

 

        I – eleger seus presidentes e demais órgãos de direção;

  

 

        II – elaborar seus Regimentos Internos e organizar os serviços auxiliares, provendo-lhes os cargos na forma da lei; e bem assim propor ao Poder Legislativo competente a criação ou a extinção de cargos e a fixação dos respectivos vencimentos;

 

        III – conceder licença e férias, nos termos, da lei, aos seus membros e aos Juízes e serventuários que lhes forem imediatamente subordinados.

 

SEÇãO II

 

Do Supremo Tribunal Federal

 

        Art 98 – O Supremo Tribunal Federal, com sede na Capital da República e jurisdição em todo o território nacional, compor-se-á de onze Ministros. Esse número, mediante proposta do próprio Tribunal, poderá ser elevado por lei.

 

        Art 99 – Os Ministros do Supremo Tribunal Federal serão nomeados pelo Presidente da República, depois de aprovada a escolha pelo Senado Federal, dentre brasileiros (art. 129, nº s I e II), maiores de trinta e cinco anos, de notável saber jurídico e reputação ilibada.

 

        Art 100 – Os Ministros do Supremo Tribunal Federal serão, nos crimes de responsabilidade, processados e julgados pelo Senado Federal.

 

        Art 101 – Ao Supremo Tribunal Federal compete:

 

        I – processar e julgar originariamente:

 

        a) o Presidente da República nos crimes comuns;

 

        b) os seus próprios Ministros e o Procurador-Geral da República nos crimes comuns;

 

        c) os Ministros de Estado, os Juízes dos Tribunais Superiores Federais, os Desembargadores dos Tribunais de Justiça dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios, os Ministros do Tribunal de Contas e os Chefes de Missão Diplomática em caráter permanente, assim nos crimes comuns como nos de responsabilidade, ressalvado, quanto aos Ministros de Estado, o disposto no final do art. 92;

 

        d) os litígios entre Estados estrangeiros e a União, os Estados, o Distrito Federal ou os Municípios;

 

        e) as causas e conflitos entre a União e os Estados ou entre estes;

 

        f) os conflitos de jurisdição entre Juízes ou Tribunais Federais de Justiças diversas, entre quaisquer Juízes ou Tribunais Federais e os dos Estados, e entre Juízes ou Tribunais de Estados diferentes, inclusive os do Distrito Federal e os dos Territórios;

 

        g) a extradição dos criminosos, requisitada por Estados estrangeiros e a homologação das sentenças estrangeiras;

 

        h) o habeas corpus , quando o coator ou paciente for Tribunal, funcionário ou autoridade cujos atos estejam diretamente sujeitos à jurisdição do Supremo Tribunal Federal; quando se tratar de crime sujeito a essa mesma jurisdição em única instância; e quando houver perigo de se consumar a violência, antes que outro Juiz ou Tribunal possa conhecer do pedido;

 

        i) os Mandados de segurança contra ato do Presidente da República, da Mesa da Câmara ou do Senado e do Presidente do próprio Supremo Tribunal Federal;

 

        j) a execução das sentenças, nas causas da sua competência originária, sendo facultada a delegação de atos processuais a Juiz inferior ou a outro, Tribunal;

 

        k) as ações rescisórias dê seus acórdãos;

 

        II – julgar em recurso ordinário:

 

        a) os mandados de segurança e os habeas corpus decididos em última instância pelos Tribunais locais ou federais, quando denegatória a decisão;

 

        b) as causas decididas por Juízes locais, fundadas em, tratado ou contrato da União com Estado estrangeiro, assim como as em que forem partes um Estado estrangeiro e pessoa domiciliada no País;

 

        c) os crimes políticos;

 

        III – julgar em recurso extraordinário as causas decididas em única ou última instância por outros Tribunais ou Juízes:

 

        a) quando a decisão for contrária a dispositivo desta Constituição ou à letra de tratado ou lei federal;

 

        b) quando se questionar sobre a validade de lei federal em face desta Constituição, e a decisão recorrida negar aplicação à lei impugnada;

 

        c) quando se contestar a validade de lei ou ato de governo local em face desta Constituição ou de lei federal, e a decisão recorrida julgar válida a lei ou o ato;

 

        d) quando na decisão recorrida a interpretação da lei federal invocada for diversa da que lhe haja dado qualquer dos outros Tribunais ou o próprio Supremo Tribunal Federal.

 

        IV – rever, em benefício dos condenados, as suas decisões criminais em processos findos.

 

        Art 102 – Com recurso voluntário para o Supremo Tribunal Federal, é da competência do seu Presidente conceder exequatur a cartas rogatórias de Tribunais estrangeiros.

 

SEÇãO III

 

Do Tribunal Federal de Recursos

 

        Art 103 – O Tribunal Federal de Recursos, com sede na Capital federal compor-se-á de nove Juízes, nomeados pelo Presidente da República, depois de aprovada a escolha pelo Senado Federal, sendo dois terços entre magistrados e um terço entre advogados e membros do Ministério Público, com os requisitos do art. 99.

 

        Parágrafo único – O Tribunal poderá dividir-se em Câmaras ou Turmas.

 

        Art 104 – Compete ao Tribunal Federal de Recursos:

 

        I – processar e julgar originariamente:

 

        a) as ações rescisórias de seus acórdãos;

 

        b) os mandados de segurança, quando a autoridade coatora for Ministro de Estado, o próprio Tribunal ou o seu Presidente;

 

        II – julgar em grau de recurso:

 

        a) as causas decididas em primeira instância, quando a União for interessada como autora, ré, assistente ou opoente, exceto as de falência; ou quando se tratar de crimes praticados em detrimento de bens, serviços ou interesses da União, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral e a da Justiça Militar;

 

        b) as decisões de Juízes locais, denegatórias de habeas corpus , e as proferidas em mandados de segurança, se federal a autoridade apontada como coatora;

 

        III – rever, em beneficio dos condenados, as suas decisões criminais em processos findos.

 

        Art 105 – A lei poderá criar, em diferentes regiões do País, outros Tribunais Federais de Recursos, mediante proposta do próprio Tribunal e aprovação do Supremo Tribunal Federal, fixando-lhes, sede e jurisdição territorial e observados os preceitos dos arts. 103 e 104.

 

SEÇãO IV

 

Dos Juízes e Tribunais Militares

 

        Art 106 – São órgãos da Justiça Militar o Superior Tribunal Militar e os Tribunais e Juízes inferiores que a lei instituir.

 

        Parágrafo único – A lei disporá sobre o número e a forma de escolha dos Juízes militares e togados do Superior Tribunal Militar, os quais terão vencimentos iguais aos dos Juízes do Tribunal Federal de Recursos, e estabelecerá as condições de acesso dos Auditores.

  

 

        Art 107 – A inamovibilidade, assegurada aos membros da Justiça Militar não os exime da obrigação de acompanhar as forças junto às quais tenham de servir.

 

        Art 108 – A Justiça Militar compete processar e julgar, nos crimes militares definidos em lei, os militares e as pessoas que lhes são, assemelhadas.

 

        § 1º – Esse foro especial poderá estender-se aos civis, nos casos, expressos em lei, para a repressão de crimes contra a segurança externa do País ou as instituições militares.

 

        § 2º – A lei regulará a aplicação das penas da legislação militar em tempo de guerra.

 

SEÇÃO V

 

Dos Juízes e Tribunais Eleitorais

 

        Art 109 – Os órgãos da Justiça Eleitoral são os seguintes:

 

        I – Tribunal Superior Eleitoral;

 

        II – Tribunais Regionais Eleitorais;

 

        III – Juntas Eleitorais;

 

        IV – Juízes Eleitorais;

 

        Art 110 – O Tribunal Superior Eleitoral com sede na Capital da República, compor-se-á:

 

        I – mediante eleição em escrutínio secreto:

 

        a) de dois Juízes escolhidos pelo Supremo Tribunal Federal dentre os seus Ministros;

 

        b) de dois Juízes escolhidos pelo Tribunal Federal de Recursos dentre os seus Juízes;

 

        c) de um Juiz escolhido pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal dentre os seus Desembargadores;

 

        II – por nomeação, do Presidente da República, de dois dentre seis cidadãos de notável saber jurídico e reputação ilibada, que não sejam incompatíveis por lei, indicados pelo Supremo Tribunal Federal.

 

        Parágrafo único – O Tribunal Superior Eleitoral elegerá para seu Presidente um dos dois Ministros do Supremo Tribunal Federal, cabendo ao outro a Vice-Presidência.

 

        Art 111 – Haverá um Tribunal Regional Eleitoral na Capital de cada Estado, e no Distrito Federal.

 

        Parágrafo único – Mediante proposta do Tribunal Superior Eleitoral, poderá criar-se por lei um Tribunal Regional Eleitoral na Capital de qualquer Território.

 

        Art 112 – Os Tribunais Regionais Eleitorais compor-se-ão:

 

        I – mediante eleição em escrutínio secreto:

 

        a) de três Juízes escolhidos pelo Tribunal de Justiça dentre os seus membros;

 

        b) de dois Juízes escolhidos pelo Tribunal de Justiça dentre os Juízes de Direito;

 

        II – por nomeação do Presidente da República, de dois dentre seis cidadãos de notável saber jurídico e reputação ilibada, que não sejam incompatíveis por lei, indicados pelo Tribunal de Justiça.

 

        Parágrafo único – O Presidente e o Vice-Presidente do Tribunal Regional Eleitoral serão escolhidos dentre os três Desembargadores do Tribunal de Justiça.

      

 

        Art 113 – O número dos Juízes dos Tribunais Eleitorais não será reduzido, mas poderá ser elevado, até nove, mediante proposta do Tribunal Superior Eleitoral e na forma por ele sugerida.

 

        Art 114 – Os Juízes dos Tribunais Eleitorais, salvo motivo justificado, servirão obrigatoriamente por dois anos, e nunca por mais de dois biênios consecutivos.

 

        Art 115 – Os substitutos dos membros efetivos dos Tribunais Eleitorais serão escolhidos, na mesma ocasião e pelo mesmo processo, em número igual para cada categoria.

 

        Art 116 – Será regulada por lei a organização das Juntas Eleitorais, a que presidirá um Juiz de Direito, e os seus membros serão nomeados, depois de aprovação do Tribunal Regional Eleitoral pelo Presidente deste.

 

        Art 117 – Compete aos Juízes de Direito exercer, com jurisdição, plena e na forma da lei, as funções de Juízes Eleitorais.

 

        Parágrafo único – A lei poderá outorgar a outros Juízes competência para funções não decisórias.

 

        Art 118 – Enquanto servirem, os magistrados eleitorais gozarão, no que lhes for aplicável, das garantias estabelecidas no art. 95, nº s I e II, e, como tais, não terão outras incompatibilidades senão as declaradas por lei.

 

        Art 119 – A lei regulará a competência dos Juízes e Tribunais Eleitorais. Entre as atribuições da Justiça Eleitoral, inclui-se:

 

        I – o registro e a cassação de registro dos Partidos Políticos;

 

        II – a divisão eleitoral do País;

 

        III – o alistamento eleitoral;

 

        IV – a fixação da data das eleições, quando não determinada por disposição constitucional ou legal;

 

        V – o processo eleitoral, a apuração das eleições e a expedição de diploma aos eleitos;

 

        VI – o conhecimento e a decisão das argüições de inelegibilidade;

 

        VII – o processo e julgamento dos crimes eleitorais e dos comuns que lhes forem conexos, e bem assim o de habeas corpus e mandado de segurança em matéria eleitoral;

 

        VIII – o conhecimento de reclamações relativas a obrigações impostas por lei aos Partidos Políticos, quanto à sua contabilidade e à apuração da origem dos seus recursos.

 

        Art 120 – São irrecorríveis as decisões do Tribunal Superior Eleitoral, salvo as que declararem a invalidade de lei ou ato contrários a esta Constituição e as denegatórias de habeas corpus ou mandado de segurança, das quais caberá recurso para o Supremo Tribunal Federal.

 

        Art 121 – Das decisões dos Tribunais Regionais Eleitorais somente caberá recurso para o Tribunal Superior Eleitoral quando:

 

        I – forem proferidas contra expressa disposição de lei;

 

        II – ocorrer divergência na interpretação de lei entre dois ou mais Tribunais Eleitorais;

 

        III – versarem sobre expedição de diploma nas eleições federais e estaduais;

 

        IV – denegarem habeas corpus ou mandado de segurança.

 

SEÇÃO VI

 

Dos Juízes e Tribunais do Trabalho

 

        Art 122 – Os órgãos da Justiça do Trabalho são os seguintes:

 

        I – Tribunal Superior do Trabalho;

 

        II – Tribunais Regionais do Trabalho;

 

        III – Juntas ou Juízes de Conciliação e Julgamento.

 

        § 1º – O Tribunal Superior do Trabalho tem sede na Capital federal.

 

        § 2º – A lei fixará o número dos Tribunais Regionais do Trabalho e respectivas sedes.

 

        § 3º – A lei instituirá as Juntas de Conciliação e Julgamento podendo, nas Comarcas onde elas não forem instituídas, atribuir as suas funções aos Juízes de Direito.

 

        § 4º – Poderão ser criados por lei outros órgãos da Justiça do Trabalho.

 

        § 5º – A constituição, investidura, jurisdição, competência, garantias e condições de exercício dos órgãos da Justiça do Trabalho serão reguladas por lei, ficando assegurada a paridade de representação de empregados e empregadores.

 

        Art 123 – Compete à Justiça do Trabalho conciliar e julgar os dissídios individuais e coletivos entre empregados e empregadores, e, as demais controvérsias oriundas de relações, do trabalho regidas por legislação especial.

 

        § 1º – Os dissídios relativos a acidentes do trabalho são da competência da Justiça ordinária.

 

        § 2º – A lei especificará os casos em que as decisões, nos dissídios coletivos, poderão estabelecer normas e condições de trabalho.

 

TÍTULO II

 

Da Justiça dos Estados

 

        Art 124 – Os Estados organizarão a sua Justiça, com observância dos arts. 95 a 97 e também dos seguintes princípios:

 

        I – serão inalteráveis a divisão e a organização judiciárias, dentro de cinco anos da data da lei que as estabelecer, salvo proposta motivada do Tribunal de Justiça;

 

        II – poderão ser criados Tribunais de Alçada inferior à dos Tribunais de Justiça;

 

        III – o ingresso na magistratura vitalícia, dependerá de concurso de provas, organizado pelo Tribunal de Justiça com a colaboração do Conselho Secional da Ordem dos Advogados; do Brasil, e far-se-á a indicação dos candidatos, sempre que for possível, em lista tríplice;

 

        IV – a promoção dos Juízes far-se-á de entrância para entrância, por antigüidade e por merecimento, alternadamente, e, no segundo caso, dependerá de lista tríplice organizada pelo Tribunal de Justiça. Igual proporção se observará no acesso ao Tribunal, ressalvado o disposto no nº V deste artigo. Para isso, nos casos de merecimento, a lista tríplice se comporá de nomes escolhidos dentre os dos Juízes de qualquer entrância. Em se tratando de antigüidade, que se apurará na última entrância, o Tribunal resolverá preliminarmente se deve ser indicado o Juiz mais antigo; e, se este for recusado por três quartos dos Desembargadores, repetirá a votação em relação ao imediato, e assim, por diante, até se fixar a indicação. Somente após dois anos de efetivo exercício na respectiva entrância poderá o Juiz ser promovido;

 

        V – na composição de qualquer Tribunal, um quinto dos lugares será preenchido por advogados e membros do Ministério Público, de notório merecimento e reputação ilibada, com dez anos, pelo menos, de prática forense. Para cada vaga, o Tribunal, em sessão e escrutínio secretos, votará lista tríplice. Escolhido um membro do Ministério Público, a vaga seguinte será preenchida por advogado;

 

        VI – os vencimentos dos Desembargadores serão fixados em quantia não inferior à que recebem, a qualquer título, os Secretários de Estado; e os dos demais Juízes vitalícios, com diferença não excedente a trinta por cento de uma para outra entrância, atribuindo-se aos de entrância mais elevada não menos de dois terços dos vencimentos dos Desembargadores;

 

        VII – em caso de mudança de sede do Juízo, é facultado ao Juiz remover-se para a nova sede, ou para Comarca de igual entrância, ou pedir disponibilidade com vencimentos integrais;

 

        VIII – só por proposta do Tribunal de Justiça poderá ser alterado o número dos seus membros e dos de qualquer outro Tribunal;

 

        IX – é da competência privativa do Tribunal de Justiça processar e julgar os Juízes de inferior instância nos crimes comuns e nos de responsabilidade;

 

        X – poderá ser instituída a Justiça de Paz temporária, com atribuição judiciária de substituição, exceto para julgamentos finais ou recorríveis, e competência para a habilitação e celebração de casamentos o outros atos previstos em lei;

 

        XI – poderão ser criados cargos de Juízes togados com investidura limitada a certo tempo, e competência para julgamento das causas de pequeno valor. Esses Juízes poderão substituir os Juízes vitalícios;

 

        XII – a Justiça Militar estadual, organizada com observância dos preceitos gerais da lei federal (art. 5º, nº XV, letra f ), terá como órgãos de primeira instância os Conselhos de Justiça e como órgão de segunda instância um Tribunal especial ou o Tribunal de Justiça.

 

TÍTULO III

 

Do Ministério Público

 

        Art 125 – A lei organizará o Ministério Público da União, junto a Justiça Comum, a Militar, a Eleitoral e a do Trabalho.

 

        Art 126 – O Ministério Público federal tem por Chefe o Procurador-Geral da República. O Procurador, nomeado pelo Presidente da República, depois de aprovada a escolha pelo Senado Federal, dentre cidadãos com os requisitos indicados no artigo 99, é demissível ad nutum .

 

        Parágrafo único – A União será representada em Juízo pelos Procuradores da República, podendo a lei cometer esse encargo, nas Comarcas do interior, ao Ministério Público local.

 

        Art 127 – Os membros do Ministério Público da União, do Distrito Federal e dos Territórios ingressarão nos cargos iniciais da carreira mediante concurso. Após dois anos de exercício, não poderão ser demitidos senão por sentença judiciária ou mediante processo administrativo em que se lhes faculte ampla defesa; nem removidos a não ser mediante representação motivada do Chefe do Ministério Público, com fundamento em conveniência do serviço.

 

        Art 128 – Nos Estados, a Ministério Público será também organizado em carreira, observados os preceitos do artigo anterior e mais o principio de promoção de entrância a entrância.

 

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Como citar e referenciar este artigo:
BRASIL,. Constituição Brasileira da 1946 – Arts. 1º – 128. Florianópolis: Portal Jurídico Investidura, 2008. Disponível em: https://investidura.com.br/legislacao/constituicoes/constituicao-brasileira-da-1946-arts-1o-128/ Acesso em: 28 mar. 2024