Economia Política

Aristóteles – A arte de enriquecer

Aristóteles – A arte de enriquecer

 

 

Questionemos, primeiramente, se a arte de enriquecer é a mesma que a economia doméstica, ou uma parte dela, ou subordinada a ela? Não é a mesma pelo fato de que a primeira visa proporcionar, enquanto que a segunda visa usar.

 

Dentro do reino animal e da própria espécie humana existem estilos e maneiras diferentes de se viver, que dependem da forma como obtém o seu alimento. Dessa forma existem tanto animais herbívoros, carnívoros ou ainda onívoros, que mesmo partilhando paladares similares não necessariamente se alimentam dos mesmos alimentos. No caso do homem existem profissões diferentes que vão da caça à agricultura. E o homem, dependendo da sua profissão ou combinação de profissões, subiste de acordo com as suas necessidades básicas. Ou seja, diferentemente da arte de enriquecer, existe uma arte de aquisição necessária para a manutenção da vida e que faz parte da economia doméstica, já que ela provém uma quantidade de bens necessários para uma vida agradável, e ao contrário do que sólon diz:

“Não foi fixado para o homem um limite de riquezas”

 

Existe sim um limite, e da mesma maneira como não existe nenhum instrumento pertencente a qualquer arte que seja infinito, as riquezas (que são instrumentos para o chefe de família ou estadista prover a sua comunidade) possuem sim um limite.

 

Existem dois tipos de arte de aquisição, o primeiro é que foi citado acima e que é natural e inerente para a sobrevivência, o outro depende da forma como utilizamos um bem, por exemplo, podemos utilizar um sapato no seu propósito original ou permuta-lo.

 

       A permuta pode ser estendida a todos os bens e é na sua origem natural, porque os homens possuem bens em excesso e não. Logo, em uma comunidade primitiva a permuta seria sim uma arte de aquisição e parte da economia doméstica. Diferentemente, surge a partir do crescimento da comunidade uma arte diferente, que caracteriza a arte de enriquecer, já que visa apenas permutar o maior quantidade possível de produtos. Para facilitar essas permutas instituiu-se o uso do dinheiro, através dessa instituição criam-se novas formas permutas que visavam proporcionar maiores lucros. Então emerge a idéia de que a arte de enriquecer está especialmente vinculada ao dinheiro e que sua função consiste em proporcionar formas de acumular mais e mais dinheiro, pois é com o dinheiro que se realizam os negócios e o comércio. Contudo, deve-se avaliar o real valor do dinheiro, visto que mesmo que um homem possua dinheiro em excesso, pode carecer de bens básicos necessários à sua sobrevivência, da mesma forma que o famoso Midas da lenda. Por isso procura-se uma diferente para riquezas e para a arte de enriquecer. Quem o faz está certo, já que existe uma arte de enriquecer natural e ligada a economia doméstica, e outra relacionada com o dinheiro e pertencente ao comércio. Quanto a riqueza existem duas da mesma forma, uma necessária a subsistência e outra com uma finalidade mais satisfatória a desejos e prazeres.

 

       As pessoas que buscam uma vida agradável; o fazem através dos prazeres do corpo, estes por sua vez são relacionados à posse de bens, por conseguinte as pessoas buscam uma forma de adquirir bens visando atingir a sua vida agradável. Entretanto, essa é a parte da arte de enriquecer que trata do supérfluo, logo, não faz parte da economia domestica. Contudo o ramo da arte de enriquecer que visa assegurar a subsistência, esse sim faz parte da economia doméstica além de não ser ilimitado.

 

Conclui-se que esta arte se desdobra em duas, um de seus ramos é de natureza comercial, enquanto que o outro pertence à economia doméstica.

 

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Como citar e referenciar este artigo:
2008/2, Direito UFSC. Aristóteles – A arte de enriquecer. Florianópolis: Portal Jurídico Investidura, 2008. Disponível em: https://investidura.com.br/resumos/economia-politica/aristoteles-a-arte-de-enriquecer/ Acesso em: 18 abr. 2024