Visão Liberal

A motivação dos votos

Os analistas políticos de esquerda debocharam violentamente as falas dos deputados que precederam os votos que admitiram o impeachment de Dilma Rousseff. Palavras como “família”, “terra”, “Deus” foram utilizadas em abundância e com razão muitos viram o lema de 1964 na Marcha da Família com Deus pela Liberdade renascido, agora de forma espontânea. Não apenas debocharam, odiaram, execraram. O artigo de Mário Sérgio Conti (Transe e Violênciaterá sido o mais vigoroso, ideológico e emocionado. Vejam só o primeiro parágrafo:

“Não é mais possível essa festa de medalhas, esse feliz aparato de glórias, esta esperança dourada no Planalto. Não é mais possível essa festa de bandeiras com guerra e Cristo na mesma posição. Não é possível a impotência da fé, a ingenuidade da fé. Até quando suportaremos? Até quando, além da fé e da esperança, suportaremos?” (Citando a frase de Paulo Martins em Terra em Transe)

Respondendo a Conti preliminarmente: vocês da esquerda vão ter que engolir isso por muito tempo, porque os esforços que vocês todos fizeram para moldar o novo homem revolucionário foram debalde. São os mesmos valores de sempre que presidem a ação coletiva e política das pessoas sãs. Terra, pátria e liberdade é o trinômio que vocês tentaram desfazer, com suas ideias internacionalistas corrompidas e maldosas. O comunismo cotidianamente ministrado nas cátedras, igrejas, jornais e livros não funciona mais como propaganda. Foi desmascarado e será irremediavelmente enterrado.

Mário Sérgio Conti referiu-se a supostos “arautos da ditadura” que manifestaram sua opinião na praça pública e no Congresso Nacional como se fosse o tipo de gente que não merece ter liberdade de opinião. Quer calar aqueles que louvam os verdadeiros heróis nacionais e que querem seguir o seu exemplo. Quer calar a maioria do povo. A palavra ditadura aqui é uma forma de paroxismo raivoso, para que o leitor de artigo seja levado ao ápice do repúdio àquela gente boa que tirou a Dilma Rousseff do poder. Essa gente é a grande maioria e, quando se uniu, botou para correr a vanguarda do esquerdismo radical que tomara o poder. O PT está fora junto com Dilma Rousseff.

Eu olhei as cenas da votação extasiado com as falas. Não houve preparo algum, foi puro improviso, isso foi óbvio. Talvez o voto de Tiririca tenha sido o mais singelo e convicto daquela noite: “Pelo Brasil, voto sim!”. Sim pelo Brasil é votar pela pátria e pela terra, pela família. Percebi que os deputados tinham a perfeita ciência da gravidade e da importância do que faziam, por isso invocaram os valores basilares da Nação, em nome dos quais fizeram o que precisavam fazer. A espontaneidade surpreendeu os inimigos ideológicos, que ignoravam que as coisas essenciais ainda estão vivas e brotaram espessas e saudáveis do rizoma imorredouro que constitui a fonte da nacionalidade.

Conti e sua turma estarreceram diante de um ente que julgavam morto e sua reação foi como que diante de um fantasma. Mas o suposto fantasma tem corpo, alma e sangue e tem a força e o poder para varrer os lacaios comunistas para o lixo da história. Essa era a variável surpreendente que se mostrou inteira: os brasileiros são capazes de reação. Eu me perguntava até onde iria o delírio extravagante do PT no poder e se dependeríamos de ação violenta para removê-lo. A via democrática foi suficiente para dar um basta à patota comuna.

A surpresa é ver que alguns dos companheiros ideológicos do PT votaram pelo impeachment. Essa gente revelou ainda um elemento de sanidade e de moralidade, a despeito da ideologia. Não se pode testemunhar essas falcatruas sem tamanho do PT e deixar a coisa como estava. Foram votos de náusea, cuspindo longe a lama podre trazida pelo PT. Melhor assim.

Diante da gravidade do momento só se poderia falar daquilo que é mais sensível e valioso para cada um: da família. Os deputados sabiam que estavam fazendo história e que estava sendo requerida ali toda sua coragem. Coragem e verdade são os ingredientes que têm permitido à Nação sobreviver diante do assalto dos demônios da mentira e da falsificação histórica.

Debochem o quanto queiram. Deviam ler mais Maquiavel, que ensinou que o príncipe, para sobreviver no poder, tinha que respeitar os valores do povo. Lição elementar que os teóricos do comunismo do século XX tentaram mudar. Não conseguiram. Em toda parte, e aqui também, a legitimidade do exercício do poder pressupõe a aceitação dos valores da maioria. Coisas como aborto, gaysismo, internacionalismo e ateísmo não seduzem os nossos patriotas. Os valores cristãos prevalecem. O impeachment abriu a possibilidade de um novo tempo histórico.

Quem viver verá.

www.nivaldocordeiro.net – 21/04/2016

Como citar e referenciar este artigo:
CORDEIRO, Nivaldo. A motivação dos votos. Florianópolis: Portal Jurídico Investidura, 2016. Disponível em: https://investidura.com.br/colunas/visao-liberal/a-motivacao-dos-votos/ Acesso em: 28 mar. 2024