Quando MOHANDAS GANDHI conseguiu convencer os indianos de que a melhor forma de livrar-se do domínio inglês seria ninguém comprar os produtos ingleses, tinha acabado de encontrar a fórmula mágica que possibilitou a libertação da Índia sem o velho recurso à violência.
Depois de algum tempo daquela oposição pacífica, a Coroa Britânica começou a achar que estava ficando complicado o domínio sobre pessoas conscientes e determinadas, que até então, tinham-se mantido submissas às imposições inglesas.
E assim, através da resistência não-violenta, aquele país pobre mas valoroso por sua cultura milenar, libertou-se do jugo escravizante de uma das mais poderosas nações do planeta.
A libertação não se deu por iniciativa de uma pessoa ou grupo de pessoas, mas sim pela soma das vontades firmes e persistentes dos milhões de indianos. Sem essa conscientização e atitude da quase unanimidade do povo, os ingleses estariam lá até hoje…
Transpondo essa experiência para o Brasil atual, podemos realizar a Reforma Política começando pela conscientização dos eleitores. São os eleitores que devem determinar os rumos do país. Os governantes muitas vezes impõem, põem e dispõem simplesmente por que o povo se omite, se encolhe e se contenta em fazer piadas sobre os políticos…
A verdade é que a insatisfação popular com os políticos é muito grande. Pesquisa recente, realizada por encomenda da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), demonstra essa realidade.
Então, vêem agora as eleições de 2008.
O que o povo, insatisfeito, pode fazer? Simplesmente votar nos candidatos que se apresentam, muitos deles que são os mesmos de uns 30 anos para cá?
Se GANDHI fosse brasileiro e estivesse vivo neste momento talvez propusesse o voto em branco em massa. Conseguindo convencer os eleitores, talvez houvesse um índice de votos em branco por volta de 80% ou 90%…
O que resultaria disso, senão a Reforma Política imediata?
A verdade é que não adianta mudar-se um ou outro texto legislativo sem mudar-se a essência das instituições e das pessoas.
A Política deve visar o bem coletivo e só devem ser admitidos nessa área os homens e mulheres vocacionados para servir o público. Essa a razão do serviço público: o espírito de servir ao público, à coletividade, e não servir-se do público…
Pena que não tenhamos, no momento do nosso país, nenhum GANDHI, mas sua idéia é universal e não tem as limitações de tempo nem lugar. Pode ser aplicada sempre e em qualquer parte do mundo.
Passemos, então, nosso país a limpo!
* Luiz Guilherme Marques, Juiz de Direito da 2ª Vara Cível de Juiz de Fora (MG).