Política

A renúncia de Genoíno

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José Genoíno renunciou ao seu mandato de deputado federal. Um gesto pessoal de autoproteção carregado de simbolismos. Os chefes mensaleiros presos tentaram fazer de seu infortúnio um ato de heroísmo – como esquecer a mão erguida, em desafio, na hora da prisão? – incabível. São, de fato, políticos presos, não presos políticos.

A renúncia de Genoíno foi um gesto de reconhecimento de que vige no país o Estado de Direito e ninguém está acima da lei. Foi a formalização de sua desistência de ter algum atalho legal para escapar às consequências de sua sentença. Perdeu o mandato e ficou inelegível, além de ter que cumprir o regime prisional fixado.

Vejo que alguns analistas estão descontentes porque esperavam penas mais severas para a tróica mensaleira apenada e também porque o mandante Lula ficou de fora do processo. Eu não penso assim. A Justiça dos homens é falha mesmo, mas poderia ser bem pior se nem a tróica tivesse sido apenada e se escapassem ao rigores do sistema prisional.

As pessoas se esquecem de que, se Lula tivesse sido denunciado no processo, é provável que tivesse sido cassado. Não sei se o Brasil teria tido ganhos institucionais com o eventual impeachment  de Lula. Talvez tenha sido melhor assim, evitando o tumulto de uma cassação.

Ver José Dirceu, José Genoíno e Delúbio Soares presos é o sinal de que, bem ou mal, a Justiça funcionou. Especialmente o primeiro, José Dirceu, é um caso emblemático: toda gente sabe que é um homem poderoso e é quem, de fato, comanda o PT. Vê-lo cumprindo pena, como agora, em regime fechado, é cena que eu não esperava ver. Melhor para o Brasil.

É interessante a simpatia que a mídia e certas autoridades têm para com Genoíno. Há um lamento geral por sua condenação. Mas a lei é sempre inexorável e quem a infringe e passa por julgamento sofrerá os seus rigores. Genoíno é um criminosos igual aos demais.

Genoíno, preso e com direitos políticos cassados, renunciando ao mandato, é um exemplo dissuasório para os políticos, especialmente os messiânicos da esquerda, que pensam que podem tudo, pois os fins justificam os meios. O julgamento do Mensalão tem um caráter pedagógico profundo. Respeitar a lei é sinal de civilização.

Como citar e referenciar este artigo:
CORDEIRO, Nivaldo. A renúncia de Genoíno. Florianópolis: Portal Jurídico Investidura, 2013. Disponível em: https://investidura.com.br/artigos/politica/a-renuncia-de-genoino/ Acesso em: 28 mar. 2024